A derrota de João

O prefeito João Alves Filho (DEM) foi eleito no primeiro turno das eleições 2010 pregando que era a solução para os problemas de Aracaju. Prometeu resolver logo as dificuldades nas áreas de saúde e mobilidade urbana, considerados os mais críticos da capital sergipana.

Passado quase dois anos da sua administração esses dois problemas crônicos permanecem em Aracaju, havendo até um agravamento, somados a outros como os de ruas esburacadas e escuras, o que facilita a ação dos marginais.
Para piorar a situação do prefeito, o resultado das eleições 2014 não o favorece. Além da vitória de Dilma Rousseff, o que mantém o partido fora do Executivo federal, o seu partido não elegeu um governador e sofreu a redução de sua bancada na Câmara (de 28 para 22 deputados).
João Alves também não foi vitorioso em Sergipe. O seu candidato a governador Eduardo Amorim (PSC) perdeu as eleições para Jackson Barreto (PMDB) ainda no primeiro turno, por uma diferença superior a 122 mil votos.

Derrotado na esfera estadual e federal, João Alves terá dificuldades para capitalizar recursos. O próprio governador reeleito já declarou que não será mais seu guia nos ministérios, em Brasília. Disse ainda que fez muito isso, não fará mais e que agora ele que procure outra companhia.
Esse novo cenário político pós-eleições pode comprometer ainda mais o seu governo, frustrando os aracajuanos, e até mesmo o seu projeto político de reeleição em 2016.
Os aracajuanos já deram um recado nas urnas de que não estão satisfeitos com a gestão do prefeito. Nas eleições de 2014, o seu adversário Jackson Barreto foi eleito governador com vitória em Aracaju superior a 40 mil votos, assim como a presidente Dilma, que ganhou para o seu candidato Aécio Neves (PSDB) com mais de 67% dos votos válidos.

Vale ressaltar que o bloco político liderado pelo então governador Marcelo Déda (PT) perdeu as eleições na capital em 2010, quando o petista foi reeleito governador, mas perdeu para o próprio JAF. Assim como em 2012, quando o candidato a prefeito do bloco político liderado pelo governador do PT – o deputado federal Valadares Filho/PSB – também foi derrotado ainda no primeiro turno para o próprio João Alves.
Pelo andar da carruagem, o prefeito de Aracaju, que sonhava ser ministro de Aécio Neves, terá dias difíceis pela frente …   

Fusão
Até o meio de novembro, a cúpula nacional do DEM vai se reunir para analisar que rumo tomar após o resultado negativo nas eleições deste ano. Especula-se que a legenda liderada no Estado pelo prefeito João Alves Filho venha a fazer fusão com o PSDB ou 10 partidos nanicos, que contarão na próxima legislatura com 24 deputados federais.

Nega
O presidente nacional do DEM, José Agripino Maia, tem dito à imprensa que essa fusão não tem sentido, mas que já foi admitida pelo prefeito de Salvador ACM Neto.  Revela que praticamente todos os partidos tiveram perdas este ano e admite que fará uma reunião com a cúpula nacional, com a bancada federal e com senadores para buscar alternativas de crescimento.
Realidade
O DEM só é forte em Sergipe e na Bahia, onde tem os prefeitos da capital e alguns parlamentares. No Estado mesmo, além do prefeito João Alves, o DEM tem um senador reeleito (Maria do Carmo Alves), um deputado federal reeleito (Mendonça Prado) e dois deputados estaduais na próxima legislatura (Augusto Bezerra e Goretti Reis). Nesta legislatura, o partido tem três deputados estaduais.  

Fim do DEM
Ao conceder entrevista ontem no programa de Gilmar Carvalho, o prefeito João Alves disse que não acredita na fusão do seu partido com o PSDB, como está sendo especulado na mídia nacional.
Indiferente
Apesar da insatisfação da população, o prefeito declarou que sua administração está bem, tem muitos projetos para a cidade e tudo vai continuar bem, mesmo os seus candidatos a governador e presidente da República tendo perdido as eleições. Lembrou que quando governador sofreu perseguição do Governo Lula e que precisou usar criatividade para superar as dificuldades.

Conformado
Confessou que havia "perspectiva maravilhosa" com a vitória de Aécio Neves, porque até agora não recebeu nada do Governo Federal e nem de Jackson Barreto. "As coisas vão continuar assim", disse, enfatizando que costuma dormir tarde pensando e garante que o mundo não vai se acabar, não cabendo agora ficar chorando.

Nega
João Alves não admitiu que Jackson o tenha levado a Brasília em busca de recursos nos ministérios. "Nunca me levou e vai continuar sem levar", afirmou, ressaltando que o governador precisa pagar as dívidas com a Prefeitura de Aracaju relacionadas à saúde.

Aposentadoria
De JAF sobre as declarações de JB de que após a conclusão dos seus mandatos, ele, junto com o senador Valadares e a senadora Maria do Carmo devem se aposentar da política – como ele fará daqui a quatro anos, quando concluir o seu governo – e que o ex-governador Albano Franco deve permanecer em casa: "A melhor resposta a Jackson é dizer que espero publicação do decreto imperial me aposentando da vida pública". A resposta foi semelhante à de Valadares.

Sem rancor
Em tom conciliador, o senador Valadares (PSB) declarou ontem em entrevista ao programa de George Magalhães que não vai "guardar mágoas" de Jackson Barreto com relação às colocações feitas contra ele por conta do seu apoio a Aécio Neves no segundo turno das eleições. Todavia, disse que não irá procurá-lo por ter a consciência que não fez nada demais e que, por isso, a iniciativa não deve partir dele.

A disposição
Declarou ainda o senador que vai ter um "tratamento respeitoso" com o governador, que ajudou a ser eleito, e não o tratará como adversário. Ressaltou que estará sempre à disposição, no Senado, para ajudar o Estado de Sergipe.

Queixa
Em conversa com a coluna, um prefeito do PSB lamentou esses desentendimentos políticos entre Valadares e Jackson Barreto. Lamentou ainda o fato do senador "escutar muito Paulo Viana e Edson Caetano" e, consequentemente, tomar posições "equivocadas". Esse prefeito, como a grande maioria dos gestores municipais do PSB em Sergipe, apoiou Dilma Rousseff no segundo turno.

Apoio
Após as eleições, o deputado federal Mendonça Prado (DEM) entrou em contato com o governador eleito Jackson Barreto (PMDB) se colocando à disposição no que for necessário para capitalização de recursos para Sergipe. Mendonça, que é genro de João Alves, foi importante na reeleição de JB por ter feito oposição ao candidato derrotado ao governo Eduardo Amorim (PSC). Ele, inclusive, subiu em seu palanque durante a campanha eleitoral.

Alfinetada
Jackson tem dito aos quatro cantos do Estado que o prefeito João Alves fez tudo para prejudicar o genro nas eleições, só porque não o acompanhou no apoio a Eduardo Amorim. À coluna, chegou a citar que em Propriá, por exemplo, aliados como o ex-prefeito Luciano de Menininha votaram em outro candidato a deputado federal. Ele questiona se a consciência de JAF está pesando por ter trabalhado contra o marido da filha.

Estratégia
Vereadores do Município de São Cristovão esvaziaram anteontem a sessão plenária para evitar quorum na votação da moção de repúdio contra o "ódio e a discriminação" por parte do filho do ex-prefeito Armando Batalha, o advogado Armando Batalha Júnior, por conta da reeleição da presidente Dilma Rousseff. Nas redes sociais, ele teria comparado os eleitores de Dilma a porcos.

A postagem
Postou Armando Batalha Júnior: "Se os porcos pudessem votar, o homem com o balde de comida seria eleito sempre, não importa quantos porcos ele já tenha abatido no seu recinto ao lado". Ele reproduziu o comentário de Orson Scott Card.

Veja essa…
Do prefeito João Alves sobre as alfinetadas de Jackson Barreto contra aliados e adversários: "A pior coisa na política é a arrogância. Jackson não poderá governar sozinho, precisará dos senadores de Sergipe. Ele ainda está no palanque e palanques de madeira quebram logo".

Curtas
João Alves comemorou ontem o fato de contar com o apoio de três senadores: Valadares, Eduardo Amorim e Maria do Carmo.

Na tarde de ontem a Comissão de Esporte da Câmara aprovou parecer do deputado Valadares Filho (PSB) pela aprovação do Projeto de Lei que propõe a criação do Projeto Nacional de Prática de Esportes e Desenvolvimento de Atletas. A autoria é do ex-deputado Jonas Donizette.  

O deputado Márcio Macêdo (PT) rebateu ontem, com dureza, durante reunião da Comissão de Agricultura, as tentativas da oposição de inserir a questão eleitoral nos debates internos da Câmara.  Defendeu que os políticos "serenem os ânimos" e convivam democraticamente com o resultado das urnas, que reelegeu Dilma Rousseff.

De autoria do líder do PSC, deputado André Moura, tramita na Câmara Projeto de Lei (PL) 7194/2014 que dispõe sobre o reajuste periódico da tabela progressiva do Imposto de Renda (IR) das pessoas físicas com base no reajuste do salário mínimo.

Acontecerá amanhã, às 9h, na Câmara de Aracaju, sessão especial sobre a Reforma Protestante, que completará 497 anos. A sessão, de autoria do vereador Pastor Roberto Morais (SDD), visa promover uma discussão sobre o movimento de caráter religioso que marcou a passagem do mundo medieval para o moderno.