A eleição do 2º turno acabou, mas a contaminação do ódio ficou
Publicado em 31 de outubro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
* Rômulo Rodrigues
Por mais que o Partido Midiático tente esconder, o ódio da gente que saiu do fundo do poço e espalhado Brasil afora há uma década, a partir do discurso de Aécio Neves ao saber do resultado de sua derrota para presidente da República em 2014, vingou e faz estragos até o momento.
A recente notícia da apreensão de um celular de um fascista, sobrevivente do discurso de Aécio, propondo uma vaquinha para recolher dinheiro para o sequestro e assassinato de Natália Bonavides, candidata do PT e de uma frente de esquerda à prefeitura de Natal, capital do Rio Grande do Norte, contra um bolsonarista, caracteriza séria ameaça a todo o processo democrático e ainda está sem providências.
Ficou claro na tentativa de minimizar o fato e dissimular sua gravidade, por sua causa e efeitos, na bancada do Globonews, portanto, porta voz do Partido Midiático, o incluindo no mesmo patamar de violência quando acontece mais um tiroteio com mortes em uma avenida da cidade do Rio de Janeiro, fato que costuma acontecer, é um comprovante inequívoco da parcialidade com o ódio.
O mesmo enfoque cheio de parcialidade está sendo dado ao caso de Novo Hamburgo no RS, onde vicejam as vertentes do ódio em que um homem com armas legais aprovadas pelas forças armadas, catalogado como CAC, matou o pai, um irmão, um policial, um vizinho, feriu 6 pessoas e foi encontrado morto.
Passaram ao largo ao largo de mais um crime hediondo incentivado pela legalidade de armas de fogo e proliferação de escolas de tiro e, como é do perfil das sutilezas jornalísticas não aventaram qual a definição ideológica do assassino, qual o partido político que segue e em quem ele votou na eleição para presidente da República em 2022.
Também, não deram destaque algum ao horrendo crime eleitoral praticado pelo governador de São Paulo ao dizer, na manhã do dia da votação, que o PCC indicava o voto em Guilherme Boulos, na periferia da capital paulista, somente para preservar o nome dele para 2026.
Para o bem do próprio jornalismo deviam sair pela tangente e usarem o disfarce bem ao gosto dos falsos moralistas noticiando que a filha de Michelle Bolsonaro, nomeada no gabinete do governador de Santa Catarina, que é dono de uma repetidora da Globo, mesmo morando em Brasília, frequentou as festas da cerveja em Blumenau, recebendo diárias de R$ 625,00.
Poderiam, mas não fizeram um leve muxoxo que a conja de Sergio Moro, imposta por ele em uma chapa bolsonarista na disputa da prefeitura de Curitiba, foi apontada pelo perdedor como responsável pelo fracasso eleitoral e, mesmo assim, veio a público prognosticar agouro sobre o acidente doméstico do presidente Lula.
Fora da bolha deles, por causa da amnésia ideológica não deram importância a um incêndio no prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), após derrotas anunciadas de Jair Bolsonaro, na corte.
Como novidade para exercitarem o cinismo dos moralistas sem moral. Seria cômico se não fosse trágico, vieram a público com a identificação de mais um partido político no crime organizado com o sutil nome de: Quadrilha Povos de Israel, com 18 mil militantes lá em Manaus, onde gangues de jovens milionários praticam terror nas noites da cidade atirando para cima, com armas pesadas.
E o que tem a eleição encerrada de Aracaju no domingo a ver com isso? Tem muito porque a contaminação chegou por aqui, deu sinais na agressão de um jovem candidato do PL, atropelando propositadamente, um militante do PT, e o silêncio predomina.
E o resultado foi o esperado por todos com a vitória da candidata do partido que representa o que há de pior em toda a história política de Aracaju.
Falta de aviso? De jeito nenhum, e digo mais: mexendo nas caixas de papel onde guardo escritos sem muita importância, achei um artigo escrito em julho de 2023 onde apontava para o perigo.
Por favor, não me classifiquem como vidente e nem como engenheiro de obras prontas e, só para provocar, tem gente muito sabida que jogou para dar o final que está posto porque, ganhe quem ganhar, não terá peso em 2026 e nem credencial para disputar uma reeleição.
O pior de tudo é que sentir a mesma coceira na garganta em 2012. Por sinal, fui lembrado do prognóstico, por um confidente, semana passada, quando comentamos sobre o esquisito das principais candidaturas não terem passado pelas categorias de base da política. Nos tempos dos grandes embates internos no PT, chamava-vos de erro de qualidade!
* Rômulo Rodrigues, sindicalista aposentado, é militante político