A estrovenga

 

O smartphone foi definido em artigo da Revista Piauí como um dispositivo letal, uma arma de destruição em massa. Eu assino embaixo. Além dos cadáveres derivados do ódio que transborda das redes sociais, há também as vítimas derrubadas pelo assassínio de reputações – Assassínios e suicídios.

Sim, a fauna das tais redes é diversa, conta com morenazis, coaches, influencers, gamers, tiktokers, todo tipo de gente. Não raro, a exposição em ambiente virtual redunda em prejuízos perfeitamente mensuráveis no mundo real. Muitas vezes, no entanto, o dano é auto infligido.

 

O dano – Leio sobre um deputado federal, um biscoiteiro bancado pelos cofres públicos. A verba destinada à divulgação da atividade parlamentar é empregada por ele na exposição de seu torso nu, por meio de postagens direcionadas a mulheres jovens, de até 24 anos.

Parece mentira, mas não é. De acordo com levantamento na Biblioteca de Anúncios da Meta, Célio Studart (PSD/CE) patrocina fotos sem camisa no Instagram com a verba de comunicação do mandato. 

Entre fevereiro e março de 2024, o deputado impulsionou oito anúncios sem qualquer mensagem política, anúncios alheios a qualquer atividade relacionada ao exercício do cargo, ao custo de R$ 2.300. Fala-se aqui de selfies na academia, a rotina sem graça de um marmanjo mimado, na flor dos 36 anos.

A propósito: Célio Studart foi eleito com a missão de defender a causa animal, bandeira de privilegiados, a cara de gente branca. Morador da zona rural de São Cristóvão, observo o vizinho trabalhando embaixo do sol e me pergunto se o mauricinho já feriu as mãos com o manejo rude de uma estrovenga.