A FAFEN AMEAÇADA E A POLITICALHA DOMINANDO
Publicado em 29 de abril de 2018
Por Jornal Do Dia
A constatação é deplorável, mas, infelizmente, única que pode ser feita diante da degenerescência das nossas prá-ticas políticas. Hoje, uma grave ameaça paira sobre a economia sergipana: o fechamento da Fabrica de Fertilizantes Nitrogenados, com todas as consequências, entre elas o colapso de uma cadeia produtiva. Mas isso tornou – se assunto secundário, diante de tantas outras preocupações ¨mais graves ¨ que dominam o nosso mundo político.
Fala-se muito em candidaturas, em composições, houve o troca troca de partidos, há a expectativa sobre a formação final dos blocos de oposição e governo, e essa é a pauta única que seguem os políticos. Tratam todos de assegurar espaços, de dar consistência às suas candidaturas. Só isso e nada mais.
Logo em seguida ao assustador panorama, desenhado quando o presidente da Petrobras anunciou sem meias palavras, que a FAFEN entraria em hibernação a partir de julho, houve uma mobilização, os políticos anunciaram que estariam todos unidos em defesa dos interesses de Sergipe. Aconteceu a reunião no gabinete da senadora Maria do Carmo, e lá estavam de A a Z,como diria Thais Bezerra, todas as nossas miúdas tribos, pitando seus cachimbos da paz. Jackson e Valadares, que há muito não se falavam, permutaram gentilezas. O clima foi o melhor possível, mas dele, até agora, não se retirou nenhum resultado prático, além da promessa feita pelo presidente da Petrobras, o nosso insensível algoz, Pedro Parente. Parente aliás, agora acumula o cargo de dirigente da estatal do petróleo com o de presidente do Conselho de Administração da multinacional das carnes, a gigante BRF. Deve estar mais preocupado hoje, com frangos brasileiros que a Europa não quer mais comprar, do que com o destino de duas fábricas de fertilizantes nitrogenados, uma na Bahia, outra lá no Sergipe. Onde é que fica mesmo esse Sergipe?
¨Esse Sergipe¨ somos nós, que aqui estamos, ao que parece ¨hibernando¨ depois da indignação inicial que se transformou em apatia. A anunciada hibernação significa, exatamente, o desmonte da empresa, tratada de forma absolutamente descuidada, com se fosse um ferro velho, inservível, do qual a Petrobrás teria pressa em se livrar.
Diante dessa ameaça, toda a sociedade sergipana deveria estar em estado permanente de alerta, agindo nas redes sociais, cobrando iniciativas dos nossos representantes, exigindo ações das entidades representativas, fortalecendo laços de solidariedade e estratégias de ações com a Bahia, estado também vítima da hibernação anunciada pelo senhor Parente.
Se a classe política, melhor dizendo, a maior parte dela, está mais preocupada com os seus próprios problemas, inclusive complicações na área judicial, o conjunto da sociedade sergipana estaria sendo desafiada a desempenhar o protagonismo, do qual, igualmente por inércia, sempre abre mão de efetivamente exercê-lo.
Resumo da ópera do até agora feito: Jackson deu os passos iniciais, juntou-se à bancada, foram a Brasília, à Petrobras no Rio de Janeiro, Belivaldo, chegando criou um grupo para analisar possíveis soluções, e nesse interim Pedro Parente anunciou que suspenderia a hibernação por noventa dias. Albano foi conversar com Temer, senadores e deputados, na sua maioria, falaram no Congresso. O deputado federal Laércio Oliveira vem mantendo um diálogo com investidores estrangeiros, do qual poderá surgir um grupo interessado em adquirir a FAFEN.
O preocupante é que, diante da ameaça de hibernação, aqui entre nós, parece que baixou uma cortina nos separando do palco principal, onde prevalece a disposição maléfica de sucatear a fábrica.
A desativação da FAFEN seria a página final da tragédia que tem sido a atuação da Petrobras em Sergipe, nesses calamitosos cinco últimos anos.