Sem o poder público, o Pré Caju não se pagaria (Divulgação)
A fila do abadá
Publicado em 05 de novembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
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Jamais recebi qualquer mimo da Associação Sergipana de Blocos e Trios (ASBT). Não devo cortesias ao empresário Fabiano Oliveira. Estivesse tudo em ordem, portanto, o Pré-Caju seria agraciado com a minha completa indiferença.
Infelizmente, não é assim. Sem o “apoio logístico” (com ênfase nas aspas) do poder público local, a festa de Fabiano não se pagaria.
Cabe ao governo de Sergipe, mais a Prefeitura de Aracaju, mobilizar todo o aparato da administração pública para realizar o tal Carnaval fora de hora. É assim desde sempre. A recompensa, segundo o argumento repetido pelo prefeito de plantão e o governador de turno, viria em forma de turistas e tributos.
Se é assim, mesmo, algum ente competente deveria se prestar à comparação do investimento milionário realizado ao longo dos anos, mais de três décadas, com o crescimento do turismo em Sergipe, no mesmo período.
Não se trata de qualquer dois mil réis, isso é certo. Mesmo assim, o aeroporto de Aracaju tem ainda o mesmo ar acanhado de uma rodoviária esvaziada.
Morador da Atalaia, passeio pela orla todos os dias. Vejo as bandeiras de cores estridentes, anunciando o grande evento. Vejo o esqueleto feio dos camarotes. Frequento bares e restaurantes, tão cheios quanto sempre estiveram. Não vejo turistas.
Eu nunca estive na fila do abadá. Não devo nada a Fabiano Oliveira. Assim, faço questão de lembrar, na primeira oportunidade: o Pré-Caju é uma festa particular, promovida com o fim de gerar lucro. Trata-se aqui de um evento elitista, avesso à verdadeira participação popular e ao interesse público.