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A força da alternância na democracia


Publicado em 14 de janeiro de 2025
Por Jornal Do Dia Se


* Antonio Passos

 

Corria a campanha eleitoral para a prefeitura de Aracaju em 2012. Foram então promovidas conversas itinerantes com os candidatos, em espaços abertos ao público.
Tive a oportunidade de comparecer a um desses encontros, se não me engano, em um bar no Inácio Barbosa. Almeida Lima, que depois veio a desistir da disputa, foi o convidado da noite.
Nesse tipo de evento, ao menos naquela época, a presença maciça na plateia era da militância ou de simpatizantes dos partidos de esquerda.
Cheguei sozinho, com antecedência e ocupei uma mesa. Com o avançar da hora, o espaço transbordou de gente e quase não havia mais lugar para sentar.
Foi quando um sujeito que eu desconhecia, se aproximou e pediu licença para dividir a mesa comigo. Prontamente, convidei-o a puxar a última cadeira vazia.
Que oportuna companhia! Na conversa aos poucos engrenada, troquei impressões e ideias com um camarada cuja visão política me surpreendeu e intrigou.
O prefeito de Aracaju era Edvaldo Nogueira e os candidatos a sucedê-lo Almeida Lima (PPS), João Alves (DEM), Reynaldo Nunes (PV), Valadares Filho (PSB) e Vera Lúcia (PSTU).
Valadares Filho, ao lado da vice Conceição Vieira (PT), formavam a chapa da situação. Se fosse feita uma eleição ali no bar, certamente sairiam vitoriosos com folga.
Perguntei então ao meu companheiro de mesa qual o posicionamento político dele naquele quadro eleitoral. Sem arrodeio, ele declarou friamente que era simpatizante da esquerda mas, naquele ano, votaria em João Alves.
Surpreso e de início espantado com a resposta, insisti nos porquês. A justificativa era uma só: “a alternância de poder faz bem à democracia”.
Relembrei daquele episódio ao acompanhar agora todas as suspeições que estão sendo levantadas pela prefeita Emília Corrêa, sobre a gestão anterior.
O tempo dirá quem tem razão. Contudo, o debate por si só é útil. Os grupos que permanecem continuamente no poder, parecem mesmo seduzidos pela lassidão.
Lá em 2012, o ponto de vista do cidadão com quem compartilhei a mesa me pareceu excêntrico. Agora, avalio que é um valor circulante no imaginário político.

 

* Antonio Passos é jornalista

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