Segunda, 13 De Janeiro De 2025
       
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A Garoa, revista paulista modernista editada por sergipano


Publicado em 17 de abril de 2018
Por Jornal Do Dia


 

* GILFRANCISCO
No início do século XX, acelerou-se o pro-
cesso de industrialização, que na déca-
da de 1920 alcançaria os municípios vizinhos. Época em que São Paulo já demonstrava ser o mais importante centro cultural do país. Todavia, o grande surto industrial ocorreu nas décadas de 1930 e 1940 fomentado pela crise da cafeicultura e pelas restrições ao comércio internacional em consequência da guerra na Europa, fatores que incentivaram os investimentos na indústria local.
Nos primeiros anos da década de 1920, surgem novas publicações em todo o país. Entre muitas, aparecem Terra Paulista (1920); Revista Nacional (1921); A Garoa (1921/1924); Klaxon (1922); A Cigana (1922); Panóplia, A Semana Farmacêutica; União Farmacêutica; Revista de Criminologia e Medicina Legal, todas de 1923, publicadas em São Paulo. Além das publicações para famílias, havia obras exclusivas para o público masculino – que as mulheres também liam às escondidas. Eram os livros e revistas libertinos (ou fesceninos, como eram chamados na época). A Garoa (1921-1924) representava um gênero mais popular, com algumas características, prestigiava a cultura, a política e a sociedade, apresentando um caráter mundano, que lembrava a Fon-Fon!, do Rio de Janeiro. "Estas revistas que documentavam com muito sabor a S. Paulo dos anos vinte, atendiam assim, ao gosto do grande público e pela complexidade de seu conteúdo, foram das mais bem acolhidas entre a burguesia, aliás, amplamente retratada em suas páginas".1
A Garoa, é uma das raízes do modernismo da pauliceia desvairada, com suas inovações gráficas e publicitárias, valorizando o "parque industrial" da cidade da garoa, e os europeus começam a nos descobrir.
Em 1921, o acadêmico de Direito, Alceu Dantas Maciel, lançava no mercado livreiro da cidade de São Paulo o primeiro número da revista A Garoa (30 de setembro de 1921), periódico quinzenal de variedades. A Garoa, revista de renovadora linha editorial traduzia a atmosfera típica da cidade que era da garoa, aquele nevoeiro fino e persistente. Impressa em papel cuchê, A Garoa era secretariada por outro sergipano, o poeta Cleômenes Campos de Oliveira (1895-1968), tendo J. Prado (1895-1980) na redação e ilustração que punha em cena a produção artística do momento, conferindo peculiaridades gráficas e textuais inovadoras: Clodomiro Amazonas (A Garoa, nº5, 1921); Inácio Ferrignac (1892-1958, A Garoa, nº3, 1921);Victor Brecheret (1894-1955, A Garoa nº1, 1921); Di Cavalcanti (1897-1976, A Garoa nº4, 1921); Benedito Belmonte (1896-1947, nº12, 1922). Colaboravam também: Afonso Schmidt e Ribeiro Couto.
A Garoa atraia novos leitores com uma série de especulações comerciais de efeito garantido, como brinde, chamariz para a venda, adota outro recurso técnico, como a ampliação gratuita em 40 X 50 cm de fotografia do leitor, enviada como brinde, "incluindo embalagem, registro e porte, podendo o trabalho ser retocado a cryon ou sépia".
Editorial
A Garoa nasceu numa dessas noites frias em que a Pauliceia, abrumada, toma o aspecto vago de uma cidade lendária.
Ao contrário da mór parte das suas congêneres, A Garoa não tem programa traçado, nem se propõe trazer isto ou aquilo de novo para o nosso meio. Apenas deseja gravar o momento que passa, com a sua futilidade adorável, a sua leveza aérea, a, sua vertigem louca. Chama-se A Garoa, porque surgiu em S. Paulo.
Se viesse à luz no Rio de Janeiro, dever-se-ia intitular diferentemente.
Procuramos um nome despretensioso, que dissesse do estado d’alma da cidade.
Os que aqui vivem, não conhecem o prestígio dessa poalha fina e fria que obriga os homens a envergarem pesados casacões e as mulheres macias peliças.
Mas, os que daqui se afastaram, por curto espaço que fosse, não o podem ignorar. São Paulo, a quem a recorda, aparece sempre nevoenta, imprecisa, com um tom de poesia amável em tudo, e sob um luar de legenda. Aos emotivos, sobretudo, dá a impressão de um jardim fantástico, como o das Hesperides, onde as lâmpadas são pomos de ouro…
É que São Paulo é a garoa…
Ariel 2
Nas páginas do nº6 (17 de dezembro de 1921) da revista A Garoa comparece dois sergipanos, Cleômenes Campos na Seção Página Literária, com "Fragmentos Antigos" e Jackson de Figueiredo, escreve sobre o livro de poesia "Mocidade", de Affonso Schmidt. Vejamos o texto do primeiro:
Fragmentos antigos
Tomou jesus da Verdade, e proferiu, olhando-a no anverso: "Este é o único lado verdadeiro. Este é o único lado que se deve olhar". Daí o ter Jesus pregado a compaixão e Nietzsche a impiedade. O segundo não fez mais que disse o primeiro.
*
Don Quixote e Sancho Pansa não são dois seres diferentes, como à primeira vista parecem.
Um e outro se completam: daí o ninguém poder separá-los. Aquele é o Espírito, este a Matéria. Juntos formam o Homem, que simbolizam.
*
– Quem é aquele?
– É Don Juan. Dorme nos braços das mulheres. Vive como num sonho. É o mais feliz dos homens.
– E aquele outro?
– É o Judeu Errante. Não para nunca. É o mais desgraçado dos seres.
– Tenho mais pena de ti, Don Juan! Muito mais! Muito mais!…
*
O amor nasce no coração e o ódio no cérebro. Um é filho do sentimento, o outro da imaginação.
*
As estrelas são para nós, na vida, o que são as luzes das cabanas para os viandantes, à noite: signais de que há alguém atrás delas.
*
A árvore é o verdadeiro símbolo das virtudes teologais: a Fé mostra-a no tronco, a Esperança na folha e a Caridade no fruto.
*
A Arte é uma bela doença: como a pérola, por exemplo.
*
Quase sempre, nas minhas horas de tédio, corro em pensamento, para a Grécia antiga, onde me refúgio.
Apraz-me ver, em torno do velho Anacreonte, que suspende uma lira, raparigas formosas dançando os pés ágeis e rosados fugindo na erva fresca…
Não sei por que, insensivelmente fecho os olhos, e vejo, muito longe, o Tempo, um sorriso moço nos lábios, cercado das Horas que se dão as mãos, erguendo um instrumento de ouro…
Ah! Os que merecem um hino dessas cordas!…
*
Editor
Alceu Dantas Maciel, filho do bacharel Guilherme Nabuco Maciel e D. Joana Dantas Maciel, nasceu a 13 de maio de 1899 no engenho Salobro, município de Divina Pastora (SE), terra do filho ilustre Fausto Cardoso, distante 39 quilômetros de Aracaju, surgiu de um dos 400 currais de gado existentes em Sergipe na época da invasão holandesa. Alceu Dantas Maciel era sobrinho do coronel Manoel Dantas, presidente de Sergipe (24. 10.1926 a 05.11.1926); (05.12.1926 a 09.01.1927) e (30.01.1927 a 17.10.1930) e sócio do Banco do mesmo Estado.
Alceu Dantas fez os seus primeiros estudos em Maruim, dando continuidade em Aracaju e na cidade do Recife (PE), onde cursou o primeiro ano do curso de Ciências Jurídicas da Faculdade de Direito, seguindo depois para o Estado de São Paulo continuando os estudos, recebendo o grau de bacharel a 25 de dezembro de 1922 pela Faculdade do Largo de São Francisco, hoje parte da Universidade de São Paulo – USP.
Com o seu ensino humanista, dela saíram também os futuros políticos, jornalistas e escritores. Alceu, desde cede se interessou pelo jornalismo e aos dezesseis anos já colaborava com artigos interessantes como "As Paixões Humanas" (19/20 de novembro, 1915) no Diário da Manhã, de Aracaju, propriedade do Coronel Apulcro Motta (1857-1924). Em 1922 passa no concurso para agente fiscal de São Paulo.
Ainda na capital paulista, muito jovem, foi nomeado em fevereiro de 1924, Delegado do município de Jambeiro em São Paulo. Um ano depois quando Delegado de polícia da cidade de Birrigui (SP), se envolveu num incidente político, conforme noticiou a imprensa:
Foi demitido a bem do serviço público, o delegado de polícia de Birriguy, Dr. Alceu Dantas Maciel, por estar envolvido no criminoso assalto à mão armada a residência do juiz de Paz daquela localidade, Sr. José Trancoso, por questões políticas. A autoridade policial referida acha-se foragida, mas as diligências para a sua captura prosseguem, afim de ser dado cumprimento a um mandado de prisão do juiz de direito da Comarca.  3
 Retornando a Sergipe tornou-se famoso por ter presidido o inquérito dos revoltosos comandado pelo então tenente Augusto Maynard Gomes (1886-1957), durante a eclosão do movimento de 13 de julho de 1924. Na década de 1930 em São Paulo, era militante do Partido Popular Paulista – PPP, ao lado de Gois Monteiro, Manoel Rabelo, Miguel Costa e João Alberto, importantes nomes ligados ao movimento constitucionalista. Exerceu a função de Chefe de Polícia na gestão do interventor federal Maynard Gomes e Presidente em 1935 do recém-criado Tribunal de Contas do Estado de Sergipe. Três anos mais tarde, em setembro de 1938, foi nomeado na pasta da Viação interinamente, assistente jurídico do Ministério, no impedimento do titular efetivo.
O advogado Alceu Dantas Maciel foi preso em 19 de dezembro de 1935 no Rio de Janeiro e recolhido a Casa de Detenção. Em seu poder foram apreendidos muitos documentos de teor comunista, "assim como o mapa do projeto levante extremista em Sergipe".
Conforme publicação no Diário da Justiça de 29 de fevereiro de 1936, Alceu Dantas Maciel, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (Seção do Estado de Sergipe) sob o nº23, estava suspenso de exercer suas atividades profissionais, de acordo com N.I do art. 10 do Regimento da Ordem. Alceu militou na imprensa sergipana onde publicou vários artigos de destaques. Publicou em 1925 o livro A Revolução de 1924.
NOTAS
 . A Ilustração na Produção Literária – São Paulo – década de vinte. Yone Soares de Lima.  São Paulo, IEB-USP, nº33, 1985.
2.  A Garoa. Ano I, nº1, São Paulo, 30 de setembro de 1921.
3.  O País. Rio de Janeiro, 4 de abril de 1925.
* GILFRANCISCO: jornalista, pesquisador e professor universitário

* GILFRANCISCO

No início do século XX, acelerou-se o pro- cesso de industrialização, que na déca- da de 1920 alcançaria os municípios vizinhos. Época em que São Paulo já demonstrava ser o mais importante centro cultural do país. Todavia, o grande surto industrial ocorreu nas décadas de 1930 e 1940 fomentado pela crise da cafeicultura e pelas restrições ao comércio internacional em consequência da guerra na Europa, fatores que incentivaram os investimentos na indústria local.
Nos primeiros anos da década de 1920, surgem novas publicações em todo o país. Entre muitas, aparecem Terra Paulista (1920); Revista Nacional (1921); A Garoa (1921/1924); Klaxon (1922); A Cigana (1922); Panóplia, A Semana Farmacêutica; União Farmacêutica; Revista de Criminologia e Medicina Legal, todas de 1923, publicadas em São Paulo. Além das publicações para famílias, havia obras exclusivas para o público masculino – que as mulheres também liam às escondidas. Eram os livros e revistas libertinos (ou fesceninos, como eram chamados na época). A Garoa (1921-1924) representava um gênero mais popular, com algumas características, prestigiava a cultura, a política e a sociedade, apresentando um caráter mundano, que lembrava a Fon-Fon!, do Rio de Janeiro. "Estas revistas que documentavam com muito sabor a S. Paulo dos anos vinte, atendiam assim, ao gosto do grande público e pela complexidade de seu conteúdo, foram das mais bem acolhidas entre a burguesia, aliás, amplamente retratada em suas páginas".1 A Garoa, é uma das raízes do modernismo da pauliceia desvairada, com suas inovações gráficas e publicitárias, valorizando o "parque industrial" da cidade da garoa, e os europeus começam a nos descobrir.
Em 1921, o acadêmico de Direito, Alceu Dantas Maciel, lançava no mercado livreiro da cidade de São Paulo o primeiro número da revista A Garoa (30 de setembro de 1921), periódico quinzenal de variedades. A Garoa, revista de renovadora linha editorial traduzia a atmosfera típica da cidade que era da garoa, aquele nevoeiro fino e persistente. Impressa em papel cuchê, A Garoa era secretariada por outro sergipano, o poeta Cleômenes Campos de Oliveira (1895-1968), tendo J. Prado (1895-1980) na redação e ilustração que punha em cena a produção artística do momento, conferindo peculiaridades gráficas e textuais inovadoras: Clodomiro Amazonas (A Garoa, nº5, 1921); Inácio Ferrignac (1892-1958, A Garoa, nº3, 1921);Victor Brecheret (1894-1955, A Garoa nº1, 1921); Di Cavalcanti (1897-1976, A Garoa nº4, 1921); Benedito Belmonte (1896-1947, nº12, 1922). Colaboravam também: Afonso Schmidt e Ribeiro Couto.
A Garoa atraia novos leitores com uma série de especulações comerciais de efeito garantido, como brinde, chamariz para a venda, adota outro recurso técnico, como a ampliação gratuita em 40 X 50 cm de fotografia do leitor, enviada como brinde, "incluindo embalagem, registro e porte, podendo o trabalho ser retocado a cryon ou sépia".

Editorial
A Garoa nasceu numa dessas noites frias em que a Pauliceia, abrumada, toma o aspecto vago de uma cidade lendária.
Ao contrário da mór parte das suas congêneres, A Garoa não tem programa traçado, nem se propõe trazer isto ou aquilo de novo para o nosso meio. Apenas deseja gravar o momento que passa, com a sua futilidade adorável, a sua leveza aérea, a, sua vertigem louca. Chama-se A Garoa, porque surgiu em S. Paulo.
Se viesse à luz no Rio de Janeiro, dever-se-ia intitular diferentemente.
Procuramos um nome despretensioso, que dissesse do estado d’alma da cidade.Os que aqui vivem, não conhecem o prestígio dessa poalha fina e fria que obriga os homens a envergarem pesados casacões e as mulheres macias peliças.
Mas, os que daqui se afastaram, por curto espaço que fosse, não o podem ignorar. São Paulo, a quem a recorda, aparece sempre nevoenta, imprecisa, com um tom de poesia amável em tudo, e sob um luar de legenda. Aos emotivos, sobretudo, dá a impressão de um jardim fantástico, como o das Hesperides, onde as lâmpadas são pomos de ouro…
É que São Paulo é a garoa…
Ariel 2
Nas páginas do nº6 (17 de dezembro de 1921) da revista A Garoa comparece dois sergipanos, Cleômenes Campos na Seção Página Literária, com "Fragmentos Antigos" e Jackson de Figueiredo, escreve sobre o livro de poesia "Mocidade", de Affonso Schmidt. Vejamos o texto do primeiro:
Fragmentos antigos
Tomou jesus da Verdade, e proferiu, olhando-a no anverso: "Este é o único lado verdadeiro. Este é o único lado que se deve olhar". Daí o ter Jesus pregado a compaixão e Nietzsche a impiedade. O segundo não fez mais que disse o primeiro.
*
Don Quixote e Sancho Pansa não são dois seres diferentes, como à primeira vista parecem.
Um e outro se completam: daí o ninguém poder separá-los. Aquele é o Espírito, este a Matéria. Juntos formam o Homem, que simbolizam.
*
– Quem é aquele?
– É Don Juan. Dorme nos braços das mulheres. Vive como num sonho. É o mais feliz dos homens.
– E aquele outro?
– É o Judeu Errante. Não para nunca. É o mais desgraçado dos seres.
– Tenho mais pena de ti, Don Juan! Muito mais! Muito mais!…
*
O amor nasce no coração e o ódio no cérebro. Um é filho do sentimento, o outro da imaginação.
*
As estrelas são para nós, na vida, o que são as luzes das cabanas para os viandantes, à noite: signais de que há alguém atrás delas.
*
A árvore é o verdadeiro símbolo das virtudes teologais: a Fé mostra-a no tronco, a Esperança na folha e a Caridade no fruto.
*
A Arte é uma bela doença: como a pérola, por exemplo.
*
Quase sempre, nas minhas horas de tédio, corro em pensamento, para a Grécia antiga, onde me refúgio.
Apraz-me ver, em torno do velho Anacreonte, que suspende uma lira, raparigas formosas dançando os pés ágeis e rosados fugindo na erva fresca…
Não sei por que, insensivelmente fecho os olhos, e vejo, muito longe, o Tempo, um sorriso moço nos lábios, cercado das Horas que se dão as mãos, erguendo um instrumento de ouro…
Ah! Os que merecem um hino dessas cordas!… *Editor
Alceu Dantas Maciel, filho do bacharel Guilherme Nabuco Maciel e D. Joana Dantas Maciel, nasceu a 13 de maio de 1899 no engenho Salobro, município de Divina Pastora (SE), terra do filho ilustre Fausto Cardoso, distante 39 quilômetros de Aracaju, surgiu de um dos 400 currais de gado existentes em Sergipe na época da invasão holandesa. Alceu Dantas Maciel era sobrinho do coronel Manoel Dantas, presidente de Sergipe (24. 10.1926 a 05.11.1926); (05.12.1926 a 09.01.1927) e (30.01.1927 a 17.10.1930) e sócio do Banco do mesmo Estado.
Alceu Dantas fez os seus primeiros estudos em Maruim, dando continuidade em Aracaju e na cidade do Recife (PE), onde cursou o primeiro ano do curso de Ciências Jurídicas da Faculdade de Direito, seguindo depois para o Estado de São Paulo continuando os estudos, recebendo o grau de bacharel a 25 de dezembro de 1922 pela Faculdade do Largo de São Francisco, hoje parte da Universidade de São Paulo – USP.
Com o seu ensino humanista, dela saíram também os futuros políticos, jornalistas e escritores. Alceu, desde cede se interessou pelo jornalismo e aos dezesseis anos já colaborava com artigos interessantes como "As Paixões Humanas" (19/20 de novembro, 1915) no Diário da Manhã, de Aracaju, propriedade do Coronel Apulcro Motta (1857-1924). Em 1922 passa no concurso para agente fiscal de São Paulo.
Ainda na capital paulista, muito jovem, foi nomeado em fevereiro de 1924, Delegado do município de Jambeiro em São Paulo. Um ano depois quando Delegado de polícia da cidade de Birrigui (SP), se envolveu num incidente político, conforme noticiou a imprensa:
Foi demitido a bem do serviço público, o delegado de polícia de Birriguy, Dr. Alceu Dantas Maciel, por estar envolvido no criminoso assalto à mão armada a residência do juiz de Paz daquela localidade, Sr. José Trancoso, por questões políticas. A autoridade policial referida acha-se foragida, mas as diligências para a sua captura prosseguem, afim de ser dado cumprimento a um mandado de prisão do juiz de direito da Comarca.  3
 Retornando a Sergipe tornou-se famoso por ter presidido o inquérito dos revoltosos comandado pelo então tenente Augusto Maynard Gomes (1886-1957), durante a eclosão do movimento de 13 de julho de 1924. Na década de 1930 em São Paulo, era militante do Partido Popular Paulista – PPP, ao lado de Gois Monteiro, Manoel Rabelo, Miguel Costa e João Alberto, importantes nomes ligados ao movimento constitucionalista. Exerceu a função de Chefe de Polícia na gestão do interventor federal Maynard Gomes e Presidente em 1935 do recém-criado Tribunal de Contas do Estado de Sergipe. Três anos mais tarde, em setembro de 1938, foi nomeado na pasta da Viação interinamente, assistente jurídico do Ministério, no impedimento do titular efetivo.
O advogado Alceu Dantas Maciel foi preso em 19 de dezembro de 1935 no Rio de Janeiro e recolhido a Casa de Detenção. Em seu poder foram apreendidos muitos documentos de teor comunista, "assim como o mapa do projeto levante extremista em Sergipe".
Conforme publicação no Diário da Justiça de 29 de fevereiro de 1936, Alceu Dantas Maciel, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (Seção do Estado de Sergipe) sob o nº23, estava suspenso de exercer suas atividades profissionais, de acordo com N.I do art. 10 do Regimento da Ordem. Alceu militou na imprensa sergipana onde publicou vários artigos de destaques. Publicou em 1925 o livro A Revolução de 1924.
NOTAS
 . A Ilustração na Produção Literária – São Paulo – década de vinte. Yone Soares de Lima.  São Paulo, IEB-USP, nº33, 1985.
2.  A Garoa. Ano I, nº1, São Paulo, 30 de setembro de 1921.3.  O País. Rio de Janeiro, 4 de abril de 1925.
* GILFRANCISCO: jornalista, pesquisador e professor universitário

 

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