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A importância da vice
Publicado em 13 de setembro de 2020
Por Jornal Do Dia
Agora que está sacramentado, vale a análise. A delegada Katarina Feitoza tem nome para ser prefeita de Aracaju? Nenhum preconceito contra a mulher, nada contra a policial e nem contra a sua trajetória como pessoa pública. Mas quem é ela na política?
As perguntas devem ser feitas, afinal, em se tratando da vice de Edvaldo Nogueira, é um cargo de relevância estratégica. Sendo mais uma vez reeleito prefeito de Aracaju, o que é provável, Edvaldo vai querer disputar o governo do Estado em 2022, o que é legítimo, e a sua vice assumirá os destinos da cidade por pelo menos dois anos e meio.
Saberá Katarina comportar-se como prefeita de Aracaju? Diga-se mais uma vez, não se está querendo menosprezar a persona da delegada. É claro que ela tem competência até para ser secretária da Segurança Pública, mas saberá cuidar de uma capital, com todas as implicações políticas que a função envolve?
E quando se fala de implicações políticas, fala-se do conhecimento das periferias da cidade, por exemplo. Fala-se dos redutos dos vereadores e das lideranças políticas, suas necessidades, seus gostos, seus desejos.
Fala-se do entendimento da gestão, de merenda escolar, de regulação médica, da espessura do asfalto e dos direitos humanos também. Fala-se de bons conhecimentos e boa relação com o Congresso, com os ministérios, com o governo federal, com o mundo de Brasília, enfim.
E se fala da alta política, essa capacidade do diálogo, do entendimento, do respeito às opiniões e ao pensamento de todos, indistintamente, goste-se ou não. E de compreender que o Estado é provedor.
Quando, em 2004, o prefeito Marcelo Déda decidiu manter como companheiro de gestão o seu vice-prefeito, é porque já tinha consolidado o pensamento de que Edvaldo Nogueira tinha o devido preparo e poderia sucedê-lo na Prefeitura de Aracaju.
E Edvaldo consolidou sua posição porque foi o vice-prefeito dos sonhos, não causando nenhum problema e nenhum melindre para a gestão do titular. Soube agir politicamente.
Antes, em 2000, quando Déda, foi eleito prefeito, não o escolheu por acaso. Claro que as negociações passaram pelos interesses do PT e do PCdoB, sendo que os dois partidos saíram praticamente sozinhos, acompanhados apenas do PSTU.
Edvaldo tinha um nome. Era, como foi até este ano, a principal liderança do seu partido em Sergipe, tinha sido vereador por dois mandatos e, principalmente, largou um curso de Medicina para se dedicar incondicionalmente à política. É um político.
O próprio Déda foi buscar o seu companheiro de chapa em 2006 num cidadão formado na política, Belivaldo Chagas, aquele que desde menino bebeu da política na convivência com Valadares e que depois se formou na escola do Legislativo de Sergipe.
Edvaldo teve como vices Silvio Santos, uma escolha do partido aliado histórico, e Eliane Aquino, uma imposição "natural" pelo que representava como herdeira de Marcelo Déda, principalmente naquele momento, fechando com o PT inteiramente em torno dela.
Agora especula-se que a escolha da delegada é importante porque faz um contraponto à adversária delegada Danielle Garcia – a adversária provavelmente mais forte a enfrentar em novembro. Então está se pautando pela adversária?
A não ser que, no entendimento com o governador ficou combinado que Edvaldo Nogueira, sendo reeleito, cumprirá todo o mandato, ficando mais quatro anos à frente da Prefeitura de Aracaju, ele que já é o recordista de tempo nesse cargo. Mas, como diz o comentarista do bar do Camilo: eu duvido!