A incógnita Decotelli
Publicado em 26 de junho de 2020
Por Jornal Do Dia
Pouco se sabe a respeito de Carlos Decotelli, o tercei ro ministro da educação do governo Bolsonaro. Nomeado ontem, depois que a sucessão de polêmicas vazias promovidas pelo seu antecessor, Abraham Weintraub, tornaram a sua permanência no cargo insustentável, o novo ministro tem a difícil missão de pacificar a relação com os profissionais da educação, estudantes e as entidades de classe.
Decotelli tem alguns pontos a seu favor. Além de já ter presidido o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, não é discípulo do ideólogo Olavo de Carvalho, como os ministros anteriores. Apesar disso, presume-se, reza pela mesma cartilha do presidente. Resta saber se a chamada guerra cultural estará ainda na pauta do ministério.
Na melhor das hipóteses, Decotelli vai procurar imprimir um perfil mais técnico na condução da pasta, capaz de o diferenciar da maior parte de seus novos colegas, no Planalto. A atenção às demandas apresentadas pela sociedade civil organizada, por exemplo, seria um fato inédito em toda a gestão Bolsonaro.
Os profissionais da educação, estudantes e entidades de classe, torcem para o novo ministro se revelar um estranho no ninho presidencial. A falta de afinidade com o presidente seria percebida como um bom agouro, sinal de que alguma espécie de negociação finalmente é possível.
Verdade seja dita: Aos membros do governo Bolsonaro não faltam apenas ideias, indispensáveis a qualquer um que se coloque à frente do destino do País. Falta também compostura, atenção ao decoro exigido pelo cargo.