A inflação dos pobres
Publicado em 13 de novembro de 2020
Por Jornal Do Dia
Não é só o arroz. O custo com alimentação subiu muito, ao longo dos últimos meses, puxando a inflação para o alto. Entre os mais pobres, a alta dos preços começa a delapidar o orçamento doméstico.
A alta no preço dos alimentos pressionou a inflação dos mais pobres em outubro e representou 60% de todo o indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). Segundo o instituto, as famílias de renda muito baixa acumulam uma inflação de 3,53% em 2020 e de 5,33% em 12 meses, enquanto a faixa de renda alta vem se beneficiando da queda no preço dos serviços e acumula 1,04% em 2020 e 2,48% em 12 meses.
Embora o arroz não seja o único vilão do orçamento, as razões que explicam o preço exorbitante do cereal também se aplicam a outros produtos alimentícios. Para o comércio internacional, a comida que escasseia na mesa do trabalhador tem outro nome: comodity.
No grupo alimentos e bebidas, que tem maior peso na inflação das famílias mais pobres, destacaram-se em outubro as variações de preço do arroz (13,4%), da batata (17%), do tomate (18,7%), do óleo de soja (17,4%) e das carnes (4,3%). De janeiro a outubro, alguns desses itens acumulam altas expressivas, como o arroz (47,6%), o feijão (59,5%), o leite (29,5%) e o óleo de soja (77,7%).
Pandemia, alta de preços, alimentos sob risco de racionamento. Os brasileiros vivem uma realidade distópica, digna dos filmes de ficção científica. E apesar dos diversos planos de incentivo à atividade econômica, traçados com o objetivo de minimizar os efeitos perversos do Covid-19, ainda não há luz no fim do túnel.