Terça, 21 De Janeiro De 2025
       
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A MACONDO DE GARCIA MARQUEZ


Publicado em 22 de abril de 2014
Por Jornal Do Dia


Macondo, terra natal do coronel Aureliano Buendia, fictícia cidade situada em algum ponto nos confins da imensa América Latina, certamente rodeada pelas selvas colombianas, foi criada pela imaginação vigorosa de Gabriel Garcia Marquez para que nela desfilasse o drama de um Continente. Chovia, torrencial e alongadamente em Macondo. Havia uma umidade pegajosa, raízes das árvores enormes rompiam calçadas, atravessavam paredes, e desde tempos imemoriais aconteciam revoluções.  Os coronéis se sucediam, também envelheciam na solidão do esquecimento. Cem Anos de Solidão, O Outono do Patriarca, Ninguém Escreve ao Coronel, Crônica de Uma Morte Anunciada, O General em Seu Labirinto, nesses livros, há quase sempre Macondo, síntese mágica, o realismo fantástico, que Gabo foi encontrar na própria realidade de dor, alegrias, sofrimentos, resistência, sensualidade, ousadias da latinoamérica, espremida entre a insensibilidade das suas elites aristocraticamente indiferentes e a presença poderosa e intrometida do colossal ¨irmão¨ do norte.
E há também o escritor a percorrer outros labirintos que não aqueles da Macondo por onde perpassa a História, e indo também ao psicologismo da condição humana, do velho que sente desabar o vigor e vive a madorra dos amores que o tempo esmaece, e surge O Amor nos Tempos do Cólera, e o derradeiro, Memoria das Minhas Putas Tristes. Há muito mais de Gabo: suas reportagens, seus relatos, seus despachos de correspondente estrangeiro, suas analises políticas, e a sua própria vida de militante das causas libertárias e populares.
Como foi significativa a literatura de Gabo nos tempos em que por aqui havia a mesma sensação de umidade untuosa daquele clima de angustia criado por generais tão desmemoriados como Aureliano Buendia e o seu fantasmagórico palácio de Macondo.
Gabo ganhou o Nobel de Literatura, esse premio se tornaria mais justo se também houvesse sido concedido a outro notável contador de estórias, o nosso Jorge Amado.  
Pode ser que agora a esnobe Academia Sueca deixe de torcer o nariz para o Brasil, onde não conseguiu enxergar tantos que teriam merecido o Nobel da Paz, o Nobel de Literatura, o Nobel de Física, o Nobel de Medicina. Afinal, compramos aos suecos os caças Grippen, e os bilhões de dólares poderão estimulá-los a enxergar o Brasil.

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