Cria saliente do bolsonarismo (Divulgação)
A pérola de Pablo Marçal
Publicado em 01 de outubro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
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Lá se vai mais de século, desde quando Machado de Assis ousou conceber Capitu, senhora do próprio desejo, a primeira mulher em carne de boa Literatura com mãos de bater no peito, dona de si.
Dom Casmurro, um clássico incontornável, completou 125 anos. Tempo de sobra para a cuecada sem tutano dos tristes trópicos pegar o rumo aberto pelo romance, no encalço da beleza. Ainda hoje, no entanto, entre os machos de plantão, ninguém gosta de mulher.
Todo mundo sabe, o ex-presidente Jair Bolsonaro não gosta de mulher. O mesmo pode ser dito de Pablo Marçal, candidato à prefeitura de São Paulo, a cria mais saliente da erosão institucional promovida pelo bolsonarismo. Um e outro contam com a simpatia numerosa dos trogloditas, isso é certo. O voto dos reaças é deles. Resta saber se o machismo ainda é matematicamente capaz de eleger alguém.
Tosco, porco, mentiroso contumaz, desbocado, como convém a qualquer candidato acolhido pela extrema direita, Pablo Marçal cometeu ato falho durante debate promovido ontem pela Folha de São Paulo. Segundo ele, Tabata Amaral não tem chances de disputar o segundo turno, as eleitoras seriam inteligentes demais para votar em uma mulher.
A pérola de Pablo Marçal pode definir o segundo turno na capital paulista e, assim, influir nos destinos da nação. A conferir. Hoje, no entanto, diversidade é uma exigência de mercado – o mercado eleitoral incluído! No vasto mundo onde o mulherio reivindica nomes próprios e faz as próprias rimas, a misoginia já não é produto fácil de vender.