A prece de todos
Publicado em 12 de março de 2019
Por Jornal Do Dia
* Raymundo Mello
(publicação de Raymundinho Mello, seu filho)
Como já registrei aqui algumas vezes e, igualmente, comento com os leito res que vou encontrando, não me motiva a ideia de discutir neste espaço – que o jornal tão gentilmente me oferece – os ‘enjoativos assuntos’ que vêm compondo o dia-a-dia da sociedade brasileira. Talvez até devesse fazê-lo, por força da minha formação acadêmica. Mas o meu lado místico fala mais forte e sinaliza-me que não devo reforçar no imaginário das pessoas a ideia de desesperança.
Muito pelo contrário: é preciso acreditar sempre que "Amanhã será melhor!", independente do que nos apontam os acontecimentos, como nos lembra com entusiasmo o Padre Salesiano ‘Orsini Nuvens Linard’, repetindo com ênfase esta frase proverbial de São João Bosco.
Que mais uma vez perdoem-me os leitores que esperam um comentário sobre os fatos cotidianos que todos – tanto! – já analisam, cada um a seu modo e seguindo as ideologias que lhes agradam e/ou favorecem. Prefiro que este artigo de hoje lhes seja um cantinho de sombra e descanso em meio a todo o "calorzão" em que estamos vivendo, não somente no sentido climático, ambiental, mas também no contexto social.
Assim, tendo sido mui amavelmente presenteado pelo casal amigo ‘Marcos Correia & Jacqueline Karlley’ – ele, agora, emérito do IBGE – com um belíssimo ‘Diário Bíblico’ da Editora Ave Maria, encontro na página deste décimo segundo dia do mês de março a leitura do emblemático trecho do Evangelho escrito por São Mateus, capítulo 6, versículos 7 a 15, um página que todo mundo gosta, independente do credo que professa.
É o Evangelho da Liturgia da Missa desta terça-feira da 1.ª semana da Quaresma. Muito mais: é a prece de todos, que todos sabem, que todos rezam, com a frequência que apraz a cada um.
Transcrevo a leitura para o deleite espiritual dos caros leitores:
"Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras. Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais.
Eis como deveis rezar: PAI NOSSO, que estás no céu, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas, se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará".
Palavra da Salvação. Glória a vós, Senhor!
* * *
Recomendo a leitura do ótimo artigo "Naqueles tempos (a vida e os ofícios de minha gente)", de ‘Rangel Alves da Costa’, publicado na edição anterior do ‘Jornal do Dia’ (10 e 11/03). Pinço, a título de degustação, o pensamento que abre o último parágrafo do texto: "Hoje as memórias estão encharcadas nos lenços das saudades. Alguns ainda lacrimejam as ausências e as distâncias (…)".
Pura verdade, caro Rangel. Memórias nos lembram ausências muito sentidas. Por isso, como católico convicto, quando rezo o "Creio", na Missa, no Terço, seja onde for, nas duas assertivas finais o meu coração deposita toda a esperança… "Creio na ressurreição da carne, na vida eterna", porque a minha mísera compreensão do existir humano não consegue admitir que tanto amor possa ficar sepultado…
Enquanto isso, permito que as lágrimas me enxaguem a dor da distância.
* Raymundo Mello é Memorialistaraymundopmello@yahoo.com.br