A saúde de Dom Bosco
Publicado em 13 de agosto de 2020
Por Jornal Do Dia
* Dom Edvaldo Gonçalves Amaral, SDB
Todos os anos, em 16 de agosto, a Família Salesiana espalhada nos cinco continentes celebra o nascimento do seu fundador, Dom Bosco. Como nosso encontro aqui no ‘Jornal do Dia’ é nas quintas-feiras, registro nesta edição de hoje – a mais próxima do dia 16 (domingo próximo) – os 205 anos deste grande santo, cuja vida e ensinamentos influenciam, até os dias de hoje, educadores e jovens em todo o mundo, destacando, sobre ele, alguns pontos para reflexão e edificação dos caros leitores.
A Senhora do sonho dos nove anos recomendara a Joãozinho Bosco que se tornasse "humilde, forte e robusto". Sua terra natal, sua condição de camponês, trabalhador da terra, e a vida austera na atividade do campo lhe asseguravam robustez, própria de sua condição. É bom notar que, absolutamente, sua situação social não era de extrema pobreza, pelo que seu pai deixara em testamento (Braido, vol. 1, p.113).
Assim crescera João Bosco, na sobriedade e na austeridade dos campos de Castelnuovo d’Asti, no Piemonte, norte da Itália – "forte e robusto", como lhe dissera a Virgem do sonho.
Dom Lemoyne, seu biógrafo, fala de "malferma salute" (saúde precária) de João Bosco quando seminarista. Mas ele mesmo narra fato extraordinário, contrariando tal afirmação. Em 1840, após um mês de cama, com insônia contínua e absoluta inapetência, o seminarista Bosco foi desenganado pelos médicos. Mamãe Margarida, sem nada saber, foi visitá-lo e levou-lhe um grande pão de fabricação doméstica e uma garrafa do generoso vinho das colinas de Asti. Encontrando-o assim enfermo, queria levar de volta o alimento e a bebida que trouxera, por achá-los ambos absolutamente inconvenientes ao seu estado de saúde. Ele, porém, suplicou à mãe que deixasse tudo ali, à sua cabeceira. Quando a mãe saiu, começou a provar um pouco do vinho e uns pedaços do pão. A seguir, comeu o pão todo e bebeu toda a garrafa de vinho. Entrou em profundo sono, que durou uma noite e dois dias seguidos. Os superiores do Seminário consideravam aquele sono precursor da morte. Mas João, ao acordar, ante o estupor de todos, estava completamente curado e retomou de imediato suas atividades ordinárias de estudante seminarista (MB, vol. I, p.482).
Na instalação definitiva do Oratório, no prado de Valdocco, periferia de Turim, em 1846, Dom Bosco sofreu forte crise de estafa, que o levou às portas da morte. Após período de repouso e vida nos campos da terrinha natal, voltou com sua Mãe para Turim, onde retomou com vigor o iniciado trabalho em favor dos jovens abandonados ou empregados nas construções, que perambulavam sem rumo pela capital do Piemonte.
O volume IX de suas Memórias Biográficas (são 20 ao todo, incluindo o Índice Geral), na página 945, fala de uma estranha doença de Dom Bosco, com a dilatação de sua calota craniana, por volta do ano 1870, após seis meses de contínua dor de cabeça. No início do ano letivo de 1871, portanto, em outubro, em Varazze, onde fora em visita aos alunos, contraiu grave enfermidade na pele que o reteve naquele colégio, recém-inaugurado, só voltando a Turim na metade de janeiro do ano seguinte (MB X, p.227-312).
Também em 1884, portanto a menos de quatro anos antes de sua morte, os médicos constataram um desvio de sua costela externa (MB IX, p.945).
Conta-se ainda que, no fim da vida, os médicos declararam que sua doença, não era outra, a não ser um total esgotamento de suas forças físicas, comparando-o a um tecido, que se esgarça pelo uso excessivo e prolongado.
É o que sabemos das fontes seguras da biografia de nosso Pai, Dom Bosco, "humilde, forte e robusto", como lhe dissera nos albores da existência, Aquela "que tudo fez".
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E.T. – Com esta publicação de hoje, Dom Edvaldo completa 5 anos colaborando como Articulista de Opinião no ‘Jornal do Dia’. O 1.º artigo da série compôs a edição n.º 3.647, de 15 de agosto de 2015, encimado pelo título "Dom Bosco – 200 anos". Seus artigos são publicados nas edições das quintas-feiras. Raymundinho Mello é o curador das publicações.
* Dom Edvaldo Gonçalves Amaral, SDB é Arcebispo Emérito de Maceió (foi Bispo Auxiliar de Aracaju – 1975 a 1980)dedvaldo@salesianorecife.com.br