Quinta, 16 De Janeiro De 2025
       
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A única verdade da guerra


Publicado em 06 de maio de 2022
Por Jornal Do Dia Se


A luta por um lar.

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br

O roteiro é conhecido: basta Lula abrir a boca para o mundo inteiro vir a baixo. Na “polêmica” mais recente, o ex-presidente teria resvalado em falsa simetria ao comentar a guerra na Ucrânia e dividir as responsabilidades sobre o conflito igualmente entre os líderes dos países em conflito, Putin e Zelensky. A entrevista concedida à revista Time é muito mais abrangente. Mas restou o escândalo dos entendidos em política externa, os nacionalistas pardos.
Sobre o episódio, mais interessante do que a breve declaração de Lula, há um longa metragem em exibição no Cine Vitória. Poucos filmes são atuais como ‘Klondike: A guerra na Ucrânia’. O drama de Maryna Er Gorbach tem como cenário a fronteira entre Ucrânia e Rússia. E aborda os conflitos na região sob a perspectiva da população do país invadido.
Embora a trama seja situada em 2014, os eventos ainda reverberam, como prova a guerra em andamento. No filme, Irka (Oksana Cherkashyna) e Tolik (Sergey Shadrin) vivem em Donetsk, nas proximidades da fronteira entre o país e a Rússia, um território em disputa no começo da Guerra em Donbas. O casal aguarda o nascimento do primeiro filho, quando um voo civil é abatido por mísseis e cai na região, matando quase 300 pessoas, o que só fez aumentar a tensão, um rastro de tristeza e luto.
Tolik é pressionado por seus amigos separatistas pró-Rússia a se juntar ao embate, enquanto o irmão de Irka suspeita que o casal esteja traindo o próprio país. Embora a angústia cresça, a jovem se nega a deixar o seu lar, mesmo quando o vilarejo onde vivem é capturado pelas forças armadas. Tentando reaproximar seu marido e seu irmão, a protagonista pede que eles unam forças para reerguer a casa destruída num bombardeio.
Nascida na Ucrânia e radicada em Istambul, Er Gorbach disse, em entrevista ao jornal alemão Zeit, que se lembra muito bem do fatídico 17 de julho de 2014, dia do ataque ao avião, pois é seu aniversário. “Eu fiquei o tempo todo procurando anúncios oficiais sobre a queda da nave, ninguém foi responsabilizado pelo lançamento dos mísseis. Passaram-se anos, e, praticamente, nada aconteceu. Foi quando percebi: se algo dessa magnitude não é punido, quem se interessará pelo sofrimento do povo de Donbas?”
Ela conta que, em 2014, ninguém esperava uma guerra e, hoje, as pessoas recebem avisos para não sair de casa, ficar com as janelas fechadas. “A guerra hoje é chamada por seu nome. A imprensa internacional não duvida mais disso. Em meados de fevereiro, era diferente. Falava-se num ‘conflito’ entre a Rússia e a Ucrânia”.
A diretora, que também assina o roteiro e a montagem, destaca o papel fundamental das mulheres na resistência ao conflito, e, por isso, o longa é dedicado a elas. “O instinto de sobrevivência de Irka é maior na guerra. E essa mensagem me fez dedicar o filme a elas. Num sentido mais amplo, também quer dizer: Não há soldado ou matador sem mãe. Há sempre uma mulher por trás deles. Não creio que nenhum homem lutaria por seus valores, por si mesmo. Os homens que lutam na Ucrânia buscam suas forças no fato de terem mães, esposas, filhas.”
Premiado em Sundance e Berlim, ‘Klondike: A guerra na Ucrânia’ também foi muito bem recebido pela crítica. A Variety destaca a direção firme de Er Gorbach que não faz concessões. “Conflitos, pessoas e políticos são retratados por uma câmera serena, num filme que traz uma visão da guerra em andamento”.
‘Klondike: A guerra na Ucrânia’ é exibido pelo Cine Vitória em duas sessões: Sexta, 06, às 17h00; Sábado, 07, às 15h00.

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