A verdadeira fraude
Publicado em 01 de julho de 2020
Por Jornal Do Dia
Bom demais para ser verdade. A promessa de uma nomeação técnica, sem viés ideológico, para o Ministério da Educação acabou frustrada pela falta de ética do quadro indicado. Cinco dias após tomar posse como ministro, Carlos Dacotelli foi obrigado a pedir demissão.
Os títulos apresentados pelo ex-ministro como credenciais não passavam de conversa fiada. Longe de ter alcançado o topo da vida acadêmica, Dacotelli é acusado de plágio.
Constava no currículo de Decotelli um doutorado pela Universidade Nacional de Rosário, da Argentina. O reitor da instituição, Franco Bartolacci, negou que ele tenha obtido o título. Em seu currículo, Decotelli também informava ter feito uma pesquisa de pós-doutorado na Universidade de Wuppertal, na Alemanha. Mais uma vez, a instituição foi obrigada a desmentir o loroteiro, denunciar a fraude.
De fato, pouco se sabia a respeito de Dacotelli, o terceiro ministro da educação do governo Bolsonaro. Nomeado depois que a sucessão de polêmicas vazias promovidas pelo seu antecessor, Abraham Weintraub, tornaram a sua permanência no cargo insustentável, o ministro tinha a difícil missão de pacificar a relação com os profissionais da educação, estudantes e as entidades de classe. Mentiroso, deu com os burros n’água.
Tão falsa quanto o lattes do ex ministro, no entanto, é a disposição do presidente, supostamente empenhado na nomeação de um quadro técnico para a pasta da educação. Fosse assim mesmo, nenhum dos seus ministros teriam encontrado guarita no Palácio do Planalto. O governo Bolsonaro é a verdadeira fraude.