ABELARDO ROMERO E O MODERNISMO EM SERGIPE
Publicado em 05 de junho de 2021
Por Jornal Do Dia
Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos
Este foi o tema da palestra proferida pelo escritor e editor Joselito Miranda na última quarta-feira em sessão remota do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho, da Academia Sergipana de Letras. Sob a coordenação da poetisa Jane Guimarães, o evento contou com a participação de acadêmicos da ASL, a exemplo de seu presidente, José Anderson Nascimento e também de familiares do homenageado, entre eles seus filhos Abelardo e Patrícia, e de sua neta, também poetisa, a jovem Júlia Romero.
Radicado em Aracaju, Joselito Miranda de Souza é natural da cidade de São Paulo. Sua formação em nível superior é na área de Comunicação Social, pela Universidade de Mogi das Cruzes. Especializou-se em artes e produção gráfica pela Fundação Armando Álvares Penteado e pela Escola Panamericana de Artes.
Em Sergipe, atuou na Editora Infographics e atualmente tem seu próprio negócio como diretor, editor e produtor gráfico da ArtNer Comunicação, assessorando inúmeros trabalhos de escritores sergipanos. Ao todo, já são mais de trinta anos de carreira, elaborando e publicando livros, revistas e informativos empresariais e comerciais. Tem trabalhos publicados em antologias e seletas e edita, como criador, dois periódicos digitais: Empreendedorismo e Revista Literária de Sergipe. Além de uma promissora parceira com a Sociedade Brasileira de Médico Escritores (SOBRAMES), de Sergipe.
No Movimento Cultural Antônio Garcia Filho, ele ocupa a cadeira de nº 34, cujo patrono é o escritor lagartense Abelardo Romero Dantas (1907-1079). Mensalmente, o MAC tem promovido sessões para que seus integrantes discorram monograficamente sobre os patronos de suas cadeiras. Iniciativa salutar, pois além de promover o conhecimento e a discussão sobre os mais destacados escritores sergipanos, também contribui para a salvaguarda e para a divulgação do seu legado, fazendo valer o princípio da imortalidade literária.
Em sua fala, Joselito Miranda foi preciso e cirúrgico, ressaltando aspectos da vida e da obra de Abelardo Romero Dantas, notadamente a sua contribuição para o nascedouro do movimento modernista em Sergipe, de grande repercussão não somente nacional, mas também internacionalmente. Dantas teve atuação destacada em várias áreas, seja no jornalismo, como também na prosa de conteúdo crítico-social. Mas, foi na poesia, sobretudo na poesia modernista, que ele deixou importantes obras e uma contribuição singular.
A poesia de Abelardo Romero não segue padrões e nem regras. A sua liberdade criativa proporcionou a escrita de poemas os mais inusitados possíveis, de longas estrofes a pequenos textos poéticos carregados de grande genialidade e sensibilidade. Particularmente, gosto muito de "Sinos de Lagarto". Mas também, de "Último Pedido", do livro "Visita ao Rio", página 65, onde nos versos finais diz: "Hoje levo o dedo aos lábios: Psiu… Psiu… Oh, não espantem os pássaros!"
Abelardo Romero explora não só a imagética em seus poemas, como também os cheiros, as vontades e desejos, e o som das coisas e das palavras. Seus versos exprimem sentimento e delírio, verdade e essência, sutileza e simplicidade. Arte e poesia na melhor acepção das palavras e de suas semânticas e representações. Um modernista nato, com expressividade forte e liberdade aguçada.
Meus cumprimentos ao Movimento Cultural Antônio Garcia e aos seus componentes que têm nos presenteado com valiosas manifestações de compromisso pela missão cultural que abraçaram ao ocuparem um lugar privilegiado nos assentos da Academia Sergipana de Letras, fazendo valer o legado de seu idealizador e também a ideia, que eu particularmente defendo, de ser um embrião de imortais, não somente por suas potencialidades intelectuais, mas também pelo engajamento presente, honesto e produtivo.