Abre e fecha
Publicado em 22 de maio de 2021
Por Jornal Do Dia
A ausência de diretrizes claras no combate ao coronaví rus resulta em descrédito generalizado, dificultando a adesão popular às medidas de prevenção ao contágio. O abre e fecha indiscriminado das atividades comerciais, por exemplo, ao sabor da conveniência política, sem o amparo de parâmetros sanitários bem discriminados, sabotou o efeito dos decretos assinados por governadores e prefeitos. Se tanto faz, como tanto fez, o povo prefere assumir o risco.
A situação observada em Sergipe é exemplar. Numa semana, o governador Belivaldo Chagas aconselha a população a fazer das tripas coração e permanecer em casa, a qualquer custo. Com os hospitais lotados, o governador argumenta, todo cuidado é pouco. Na semana seguinte, contudo, o próprio governo do Estado autoriza o funcionamento de bares e restaurantes nos fins de semana, numa espécie de flerte com o perigo. A contradição é flagrante.
As razões alegadas pelos empresários do setor são legítimas, mas a falsa dualidade imposta pelo negacionismo, segundo a qual ou se morre de Covid ou de fome, reflete apenas a ausência de uma polícia nacional de enfrentamento à pandemia. Infelizmente, o governo federal se negou a investir recursos públicos para manter as pequenas e médias empresas em pleno funcionamento. O resultado se vê no mercado de trabalho: Há, hoje, pelo menos 14 milhões de trabalhadores brasileiros desempregados.
Enquanto isso, os números da crise sanitária também não param de crescer. De quinta para sexta, o Brasil registrou 2.527 mortes por Covid-19. Desde o início da pandemia, 444.391 pessoas perderam a vida. A média móvel diária de mortes em uma semana subiu para 1.971.
Os números falam por si mesmos: Apesar do morde e assopra dos decretos assinados por governadores e prefeitos, a crise ainda não acabou. Longe disso.