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Abril Verde lembra que o “trabalho não pode adoecer”


Publicado em 29 de março de 2025
Por Jornal Do Dia Se


* Gregório José

 

Já conheceu um trabalhador que adoeceu por causa do trabalho? Já se perguntou quantas vidas são impactadas por doenças ocupacionais que poderiam ser evitadas? O Abril Verde é um mês de reflexão, mas também de ação. Não basta lembrar os números assustadores – é preciso mudar essa realidade.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimou, em 2013, que 2,34 milhões de trabalhadores morrem anualmente por causas relacionadas ao trabalho. O mais alarmante? A grande maioria dessas mortes (86,34%) decorre de doenças ocupacionais, não de acidentes traumáticos. Ou seja, são enfermidades que poderiam ter sido prevenidas com melhores condições de trabalho e políticas eficazes de saúde ocupacional.
No Brasil, os números oficiais parecem destoar dessa estatística global. Em 2023, as Comunicações de Acidente de Trabalho (CAT) por doenças representaram apenas 2,32% do total. Dá para acreditar? O dado, por si só, já denuncia a enorme subnotificação. Só o INSS caracterizou 81.275 casos de doenças relacionadas ao trabalho que não foram objeto de CAT. Isso significa que milhares de trabalhadores estão adoecendo, mas sem qualquer registro formal ou assistência adequada.
Agora, pense bem: sua empresa contribui para essa estatística? Muitas vezes, a relação entre o trabalho e a doença não é imediata. O período de incubação pode ser longo, e os sintomas só aparecem anos depois, quando o trabalhador já não tem mais vínculo empregatício. Ele pode desenvolver uma doença pulmonar, uma lesão musculoesquelética, um transtorno mental… e sequer imaginar que foi o ambiente de trabalho que plantou essa semente anos antes.
E o que fazer? A resposta passa pela prevenção. Um ambiente seguro é aquele que investe no bem-estar dos trabalhadores, identifica riscos, age na proteção e garante que medidas preventivas sejam aplicadas. A Norma Regulamentadora 07 (NR-07) prevê exames médicos capazes de detectar precocemente alterações na saúde dos trabalhadores. Mas quantas empresas realmente adotam essa prática com seriedade? Quantas investem em ergonomia, segurança química e suporte psicológico?
O problema vai além dos números. Envolve responsabilidade social, ética empresarial e uma mudança de cultura. Em maio, por exemplo, os riscos psicossociais deverão ser considerados no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Isso significa que fatores como estresse, ansiedade e burnout, que muitas vezes são ignorados ou subestimados, precisarão ser identificados e gerenciados.
Vamos seguir ignorando ou encarar a realidade de frente? O Abril Verde não pode ser apenas um mês simbólico no calendário. Ele deve ser um chamado à ação. Investir na segurança do trabalho significa valorizar vidas, evitar sofrimento e garantir um futuro mais digno para todos.
Segurança do trabalho não é custo, é investimento. É mais dignidade, mais qualidade de vida e mais valor para o Brasil.

 

* Gregório José, Jornalista/Radialista/Filósofo

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