Ação e consequência
Publicado em 27 de março de 2021
Por Jornal Do Dia
Uma hora, a conta teria de chegar. Pouco importa se a ocupação de 90% dos leitos disponíveis é suficiente para caracterizar o colapso da rede pública de saúde em Sergipe. Ante a demanda extraordinária gerada pela covid-19, a oferta é escassa. Com as Unidades de Terapia Intensiva lotadas, há risco real e imediato de sergipanos morrerem à espera de tratamento. Nunca foi uma gripezinha.
Se o pior ocorrer, como parece provável, não terá sido por falta de aviso. Infelizmente, os sergipanos fizeram pouco caso das advertências reiteradas pelas autoridades sanitárias, realizadas desde o início da pandemia. Apesar do risco, Sergipe esteve sempre entre os estados com pior índice de isolamento social.
Ação e consequência. Depois de relutar o quanto pôde, o governador Belivaldo Chagas finalmente assumiu o ônus político de impor alguns obstáculos à atividade comercial, ainda que tímidos, a fim de evitar aglomerações, contra a expectativa declarada de empresários e comerciantes.
A oferta dos leitos públicos de UTI é insuficiente. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), dos 221 leitos ofertados para o tratamento da covid-19 no setor público, 200 estão em uso, o que corresponde uma taxa total de ocupação de 90,5%. No Hospital de Urgência de Sergipe, a taxa de ocupação é de 97,4%. No Hospital Cirurgia, 96,7%. No Hospital Universitário da UFS, a ocupação é de 100%.
Ao contrário do que supõem os desinformados, abrir vagas de UTI no atual contexto não é tarefa fácil. Há fadiga de material humano. Após um ano de combate contra o vírus, os profissionais de saúde restam sobrecarregados.
Ao cidadão responsável, cabe uma única providência: Permanecer dentro de casa o maior tempo possível, respeitar os protocolos do distanciamento social e se abster de divulgar informações falsas. Se não por espírito coletivo, pelo receio de morrer na fila do hospital. Hoje, mesmo o mais aquinhoado dos homens, uma vez contaminado, terá de lidar com um fato incontornável da realidade: Na maioria das unidades de saúde, Brasil afora, não há vagas.