Agentes e escrivães ameaçam greve por reajuste dado a delegados

Os agentes e escrivães da Polícia Civil vão fazer amanhã uma nova paralisação de seis horas, a exemplo do que ocorreu na semana passada, e não descartam a possibilidade de greve por tempo indeterminado. Eles exigem que o governo estadual estenda às duas categorias o mesmo reajuste de 5% concedido recentemente aos delegados de polícia, equivalente às revisões salariais de 2008 a 2011. O protesto acontecerá em frente ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), durante o julgamento da denúncia impetrada pelo Sindicato dos Policiais Civis de Sergipe (Sinpol), que considera ilegal a concessão deste reajuste apenas aos delegados.

Ontem de manhã, os policiais fizeram uma mobilização em frente ao Palácio de Despachos, no Distrito Industrial (zona sul), pedindo uma audiência ao governador em exercício Jackson Barreto. A diretoria foi recebida pelo secretário de Relações Institucionais, João Francisco dos Santos (o "Chico Buchinho"), pois Jackson estava em viagem ao interior do estado. Segundo o presidente do Sinpol, não houve acordo, pois o secretário "resumiu-se a dizer que tentará intermediar audiência com o governador". Mais cedo, Chico alegou que o reajuste aos delegados foi autorizado porque, em 2008, o governo decidiu não pagar a revisão à classe para garantir o pacote de recuperação salarial dado aos agentes e escrivães.

Além do protesto em frente ao TCE, onde será servido um café-da-manhã, os policiais marcaram uma assembleia na próxima terça-feira para avaliar o resultado do julgamento da denúncia do Sinpol. Para Moraes, a greve por tempo indeterminado dependerá tanto do resultado do TCE quanto da resposta a ser dada pelo governador. "Delegados, agentes e escrivães são policiais civis e precisam ter o mesmo tratamento. Se a base da Polícia for discriminada de alguma forma, haverá greve. É o que sentimos nas conversas com a base, mas isso será decidido em assembleia a ser realizada na semana que vem", argumentou Moraes.

No julgamento da semana passada, o conselheiro Clóvis Barbosa de Melo considerou o pagamento aos delegados como ilegal, devido à inexistência de lei específica. Reinaldo Moura apresentou voto discordante e foi acompanhado por Ulices Andrade, mas o conselheiro Luiz Augusto Ribeiro pediu vistas e adiou sua decisão para a sessão de amanhã. A Associação dos Delegados de Polícia de Sergipe (Adepol) afirmou que a concessão do reajuste está na legalidade e tem o parecer favorável do Ministério Público de Contas. Estima-se que o gasto total com este aumento seja de R$ 4 milhões a mais na folha de pagamento da Secretaria da Segurança Pública (SSP). (Gabriel Damásio)