AGRIDEM, QUASE MATAM, E FICAM SOLTOS
Publicado em 09 de setembro de 2012
Por Jornal Do Dia
Esses dois indivíduos, evidentes sociopa tas, que, covardes, juntaram-se, e em desproporcional vantagem física, agrediram e quase mataram o delegado de polícia Carlos Frederico Muricy, devem agora fazer parte daquele grupo de criminosos que estão a zombar das nossas leis a desdenhar da capacidade das instituições para coloca-los atrás das grades, onde, desde o delito praticado eles deveriam permanecer. Mas um juiz é obrigado a decidir de acordo com a lei, e, desgraçadamente para um país que está sendo devastado pelo descontrole da criminalidade, as penas são levíssimas, a condescendência é imensa. Na verdade, no Brasil agora ninguém mais vai preso, e se chegar a ir parar na cadeia lá demorará muito pouco. Talvez, sem a certeza de que nada de mais grave lhes aconteceria, Renan Rocha Seixas Filho, que é administrador de empresa e tem 35 anos, e o universitário Pedro Rafael Braga Vaz, 20 anos, não teriam, com tanta ousadia, investido contra um cidadão que além de tudo estava acompanhado da esposa e se retirava pacificamente de um local público. O delegado recebeu chutes na cabeça, teve afundamento de crânio e levou mais de 30 pontos no rosto. A esposa do policial, na tentativa de livrá-lo da fúria selvagem dos dois jagunços vestindo roupas de grife, foi também agredida. Ao agredirem uma mulher, eles, certamente, completaram a empreitada ¨valente ¨.
Os dois devem ser desses frequentadores de academias de lutas marciais que antes não foram obrigados a comprovar sanidade mental. Por terem um descompasso insanável entre o corpo e a mente, saem à procura de alguma coisa que lhes atenue a torturante debilidade interior, e a exibição de força, mesmo em circunstancias de total covardia, é o único remédio que encontram.
O juiz determinou aos dois o pagamento de fiança, o que para eles não chegará a pesar nos bolsos, mas estabeleceu ainda que tanto Renan como Pedro não poderão frequentar bares, boates e casas noturnas. Eles também não podem mudar de endereço e estão obrigados a comparecer a todas as audiências no decorrer do processo. Renan mora em Salvador e lá não há como saber o que ele de fato estará fazendo.
Até mesmo aqui em Aracaju onde reside Paulo será impossível acompanhar-lhe os passos. Tudo isso porque no Brasil não se faz a aplicação das tornozeleiras de rastreamento, talvez por causa dos nossos pudores hipócritas em relação a aspectos dos direitos humanos que o resto do mundo civilizado desconhece. Com as tornozeleiras, tanto Renan como Paulo teriam seus roteiros facilmente monitorados. O baiano certamente andará pelos locais badalados de Salvador a contar vantagem, dessas bem próprias de todo cafajeste, gabando-se de ter em Aracaju, deitado e rolado, até aplicado uma surra num delegado sem que nada lhe acontecesse.
Espera-se que o processo ande rápido e haja a condenação, até porque, se os dois não se tornarem brevemente hóspedes de uma Penitenciária, estaria aberto o caminho para uma outra atitude selvagem, que seria a simples vingança pessoal do agredido, ou de outros policiais indignados com a impunidade.