Além dos livros
Publicado em 30 de novembro de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br –
A reforma mais recente da Biblioteca Epiphanio Dória mereceu toda a atenção da imprensa. Números, declarações, fotografias foram replicadas à exaustão. A solenidade de inauguração alimentou colunas políticas e sociais por dias a fio. Pouca gente se ateve, entretanto, à discreta revolução realizada ali. Desde quando a professora Juciene Maria assumiu a direção da biblioteca, ela abriu as suas portas de par a par, disposta a encher o prédio de gente.
Não se trata apenas de destrancar o aparelho cultural, ora subordinado à Secretaria de Estado da Educação (SEDUC). Mas de povoá-lo, efetivamente. Para transformar a maior biblioteca pública do estado em um espaço de convivênciafoi preciso repensar a sua função social. Ao invés de trabalhar com um objetivomuito específico, a fim de atender a estudantes e pesquisadores, Jucieneoptou por atender à demanda reprimida antes. Hoje, a biblioteca é frequentada por um público muito diverso, desde crianças de poucos anos até os intelectuais mais sisudos, notados pela calvície e por seus cabelos brancos.
“Quanto mais democrático, diverso e plural for o perfil do visitante, melhor”.
Para tanto, Juciene explica, a biblioteca não poderia funcionar somente como um depósito de livros. Hoje, muito mais do que disponibilizar informação, aEpiphanio abriga todo tipo de atividade. Espaços foram criados para dar contado novo propósito da direção. Projetos dedicados a atividades e debates os mais diversos pontuam a sua agenda.
A transformação salta aos olhos. Eu frequento a Epiphanio Dória desde menino, quando pulava o muro do Colégio Nobel para matar aula em companhia deHenry Miller e Edgar Alan Poe. Nunca a percebi tão viva. Há por exemplo, uma sala dedicada à cultura popular, sob a coordenação da artista visual Claudia Nên; outra reservada a romances gráficos destinados a leitores adultos, a menina dos olhos do gerente de projetos Gilvan Silva, responsável pela viabilização de muito do que acontece entre aduelas quatro paredes modernosas, de uns anos pra cá.Há também uma galeria de artes e um espaço para a memória do governador Marcelo Deda. E por aí vai.
O prédio é vivo. Vira e mexe, escritores visitam a biblioteca com a sua cria mais recente embaixo do braço, certos de assim encontrar leitores de carne e osso. A Epiphanio pulsa. No auditório, apresentações musicais, recitais, mostras temáticas de Cinema atraem todo tipo de gente.
A própria Juciene lembra que não seria capaz de realizar nada sozinha e faz questão de parabenizar a equipe reunida por sua gestão.Está certa, está certo… Mas aqui se dá a César o que é de Cézar. Não sou homem de rasgar seda e jogar confetes à toa. Em verdade, tudo foi feito com a sua anuência, sob a sua direção.