Allan Kardec
Publicado em 31 de maio de 2019
Por Jornal Do Dia
Não demorou muito tempo para o espiritismo desembarcar no Brasil – Terra da Santa Cruz. Por aqui, encontrou o ambiente adequado para a sua divulgação e ampliação mundo afora. Uma sociedade multirracial, tolerante, tropical, e acolhedora das diferenças religiosas. Um pais jovem, pujante, plural, e desigual. Um terreno apropriado para a esperança
*Manoel Moacir Costa Macêdo
O movimento espirita celebra em 2019, os 150 anos de falecimento do codificador da doutrina espírita. Em 1857, em Paris, na França, o Professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, discípulo do educador suíço Johann Heinrich Pestalozzi, que revolucionou a educação, ao afirmar que os sentimentos [amor e afeto] despertam o processo de autonomia da criança, escreveu com o pseudônimo de Allan Kardec, o singular "Livro dos Espíritos", o primeiro de uma série da codificação.
Allan Kardec, pseudônimo de proteção acadêmica, das retaliações religiosas, e do mérito dos espíritos nas suas revelações. Um tempo sombrio para a ciência dos espíritos. Uma revolução nos dogmas religiosos e no positivismo científico. Kardec, expõe a terceira revelação e um novo olhar sobre a natureza, fundamentados na fé raciocinada, na ciência, na filosofia e na religião. Revisitada na atualidade pela "ciência da pós-materialidade".
A mudança de paradigmas, traz crises e anomalias. Nem sempre é automática e pacífica a substituição de um paradigma por outro. Não foi diferente, no caso das "mesas girantes", movimento sem igual no ambiente da ciência positivista e da religião. No dogmatismo sombrio e cego da época, o exame desse fenômeno, marcou as relações do mundo espiritual com o material. Adivinhar o futuro ungido pelos mortos, merecia o pecado mortal. Ataques, perseguições, prisões, excomunhão, e queima de livros, não abalaram as convicções de Allan Kardec, na codificação da "boa-nova". Ouviu, da sabedoria espiritual: ”é rude a tua missão, porquanto se trata de abalar e transformar o mundo. Tens que expor a tua pessoa”.
A doutrina espírita, diferente do fatalismo religioso, carrega na razão, os princípios de "causa e efeito, ação e reação, semeadora e colheita, amor e caridade, livre-arbítrio e destino, e a pluralidade das existências". A vida, não se encerra com a morte do corpo, mas continua com a vida dos espíritos, na rota da evolução. Somos condenados à perfeição. O espiritismo, acolhe a morte como uma verdade e não uma ilusão. Rejeita o determinismo materialista, e o final da vida, com a falência do corpo físico.
A partir dos ensinos da doutrina espírita, somos seres imortais. Allan Kardec, transformou o "sobrenatural em natural". A matéria inerte, não produz inteligência. Os benfeitores da humanidade, acatam a espiritualidade nos destinos da vida. As inovações tecnológicas, não apaziguam as angústias e ansiedades. Elas não evitam os tombos da depressão, as síndromes neuróticas, nem os horrores do suicídio. A doutrina espírita, consola os sofredores e desesperados, acalenta as dores, propõe o bem de todos, mas não aliena.
Não demorou muito tempo para o espiritismo desembarcar no Brasil – Terra da Santa Cruz. Por aqui, encontrou o ambiente adequado para a sua divulgação e ampliação mundo afora. Uma sociedade multirracial, tolerante, tropical, e acolhedora das diferenças religiosas. Um pais jovem, pujante, plural, e desigual. Um terreno apropriado para a esperança. O "coração do mundo e a pátria do evangelho".
Não estamos sós, e nem somos únicos. Mundos e moradas se escondem no cosmo sideral, em formas próprias, com os guardiães do bem, na escalada evolutiva dos espíritos. No dizer de Martin Luther King, regenerados "aprendemos a viver como irmãos". A doutrina espírita é discreta, humilde, e fraterna. Está interessada em fazer o bem, amar o próximo, e praticar a caridade.
* Manoel Moacir Costa Macêdo, Engenheiro Agrônomo, Advogado, PhD pela University of Sussex, Brighton, Inglaterra