Alta na média de mortes levanta preocupação com "segunda onda"
Publicado em 06 de outubro de 2020
Por Jornal Do Dia
As autoridades de saúde em Sergipe admitem a preocupação com a chegada de uma "segunda onda" de contaminações e mortes causadas pelo coronavírus. O sinal de alerta foi dado neste domingo, quando a média móvel de mortes derivadas da doença teve uma alta de 16%, conforme apuração feita pelo consórcio de jornalistas dos grupos Globo, Folha e Estado, em cima de dados das secretarias estaduais de saúde. A média se refere à comparação dos últimos 14 dias.
No domingo, a soma de mortes estava em 2.055, com acréscimo de quatro mortes. No sábado, outras quatro mortes foram registradas. Mas em alguns dias antes deste final de semana, chegaram a ser confirmadas cinco ou seis óbitos de pacientes por dia. A alta foi atestada também por pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS), cuja média diária de mortes apontada nos levantamentos subiu de 4,13 para 5,14. Isso contribuiu para que a média móvel aumentasse em 16%, conforme apontado pelo consórcio.
O infectologista Marco Aurélio Góes, diretor de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES), diz que a causa desse crescimento precisa ser avaliada, mas chama a atenção para a falta de cuidados básicos para evitar a disseminação do coronavírus, como o uso de máscaras, a higienização e o distanciamento social. "A gente avalia que é precoce [apontar uma causa], mas sabe que sim, a exposição de pessoas sem a prevenção, sem o uso de máscaras, higienização e distanciamento, isso favorece a transmissão do vírus. Então, isso pode ser inicio de um sinal que acende um alerta vermelho para que a população se preocupe. A gente não gosta muito de falar em segunda onda porque ainda não terminou a primeira, só que estamos caindo nessa primeira onda e não queremos voltar a ter picos durante essa curva", disse ele.
Ainda de acordo com o infectologista, a pandemia ainda está viva e a taxa de transmissão continua frequente, com uma média diária de 100 novos infectados e quatro a seis novas mortes causadas pela doença, ainda que elas estejam em investigação por dias anteriores. O Estado passou nos últimos meses por uma flexibilização ampla das medidas de isolamento social que foram baixadas em março para diminuir o ritmo de avanço da doença, mas ainda avalia se essa flexibilização tem alguma relação com essa ligeira alta no número de casos. A próxima avaliação das medidas de retomada da economia só será feita na semana que vem pelo Comitê Técnico-Científico de Atividades Especiais (CTCAE), montado pelo governo do estado para acompanhar os desdobramentos do coronavírus.