**PUBLICIDADE
Ameaças Biológicas
Publicado em 08 de março de 2025
Por Jornal Do Dia Se
A Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH) na sigla em inglês, apresentou recentemente um artigo que aborda a necessidade de estarmos preparados para as ameaças biológicas que estaremos sempre sendo submetidos.
Conceitualmente para a WOAH, as ameaças biológicas deliberadas incluem patógenos que são projetados ou liberados com a intenção de prejudicar populações e desestabilizar sociedades.
Segundo a WOAH, ataques biológicos deliberados envolvendo doenças animais podem não ser uma ocorrência cotidiana, mas imaginar o inimaginável pode nos permitir nos preparar para um futuro imprevisível. Embora não possamos prever totalmente eventos extremos com precisão e exatidão – muito menos evitar que desastres aconteçam em primeiro lugar – há algo que podemos fazer: mudar a forma como nos preparamos para eles.
O debate apresentado no referido artigo da entidade mundial que cuida da saúde animal é sobre a nossa necessidade de melhorar a nossa capacidade de proteção contra as ameaças biológicas, pois uma avaliação realizada pela WOAH revelou que não estamos muito bem preparados para referidas ameaças, portanto, temos uma fraqueza de preparação global para epidemias e pandemias.
A maior ocorrência de desastres naturais e acidentes, impõe cenários maiores de riscos, especificamente o risco existencial que as ameaças biológicas podem representar. Destacando, conforme apontado pela entidade internacional, que nem todas as emergências são iguais, mas elas compartilham uma única característica: sua natureza altamente imprevisível. Portanto, elas podem ocorrer a qualquer momento, pegando as sociedades desprevenidas e potencialmente levando a consequências catastróficas.
A WOAH cita como os principais impulsionadores de eventos perigosos, os principais desafios globais vivenciados neste Século XXI por nossa sociedade, como: acelerada urbanização, mudanças climáticas, instabilidade política e um descontrole no aumento constante da tecnologia.
Este cenário foi verificado em 2024, quando o mundo continuou a enfrentar diversas crises, de tempestades mortais no Atlântico e Pacífico a tufões no Sudeste Asiático e o conflito que seguiu no Oriente Médio e da Rússia e Ucrânia. Mesmo que as suas naturezas sejam distintas, estes eventos apresentaram impactos semelhantes, entre os quais o surto de doenças infecciosas, interrupções nas cadeias alimentares e perdas econômicas significativas. Além disso, os eventos extremos modificam os nossos ecossistemas, causando crises humanitárias, animais e ambientais.
É importante registrar que de acordo com a Our World ind Data (projeto do Global Change Data Lab, uma organização sem fins lucrativos sediada no Reino Unido), o número de desastres graves aumenta a cada ano. E isto é verificado através de um indicador que foi criado pela entidade. O indicador é denominado de EM-DAT que define um desastre como uma situação ou evento que sobrecarrega a capacidade local, necessitando de uma solicitação de assistência externa ao nível nacional ou internacional; sendo que um evento imprevisto e frequentemente repentino em geral causa grande danos, destruição e sofrimento humano.
Some-se a este cenário de risco, os riscos de patógenos intencionalmente liberados ou projetados. Isto é real, pois a possibilidade de que terroristas que tenham agenda política movida por ideologia extremista e outros atores que tenham intenções maliciosas podem ser atraídos para o uso de doenças como uma arma poderosa, representando um perigo real para as sociedades.
Sabemos que o mundo está em rápida evolução e que exige uma abordagem de preparação para todos os perigos a que estamos submetidos. Assim, precisamos adotar uma visão que permita uma gestão de emergência eficaz, aumentando eventualmente a resiliência de comunidades vulneráveis diante da incerteza.
Nesse sentido, a WOAH está mobilizando parceiros para a preparação contra ameaças biológicas, independentemente de suas origens. Dessa forma, será possível preparar melhor e proteger comunidades globais para eventos críticos com um plano de estratégias de resposta para tais eventos.
Precisamos lembrar que mesmo passados cinco anos do início da COVID-19, devemos ficar atentos para uma nova ameaça mundial que possamos ter com relação aos coronavirus (CoVs) que são vírus de RNA fita simples, envelopados e de sentido positivo. Registrando-se que o agente que causou o COVID-19 em humanos foi um betacoronavírus em um gênero que inclui vários coronavírus isolados de humanos, morcegos, camelos, civetas e outros animais. Destaque-se ainda que uma ampla gama de espécies de mamíferos demonstrou suscetibilidade por meio de infecção experimental e em ambientes naturais, quando em contato próximo com humanos infectados e com outros animais infectados.
A discussão que devemos destacar é sobre o planejamento com antecedência dos possíveis efeitos de uma nova pandemia que possa trazer ondas de choque para o futuro e que crie maiores fragmentos de incerteza. Por conta disso é que a Organização Mundial de Saúde Animal reconhece a importância da preparação ativa na antecipação e preparação para desafios e oportunidades para melhor adaptar suas operações e apoiar seus membros. Assim, a preparação para pandemias e a redução de ameaças biológicas necessitam de prioridade por parte dos governos, como estabelecimento de mecanismos que possam reduzir as ameaças biológicas.
Vale destacar que a WOAH tem um histórico de resposta ao surgimento de doenças na interface humano-animal, tendo se mobilizado para a gripe aviária H5N1 (‘Gripe Aviária’); Pandemia H1N1; MERS; e gripe aviária zoonótica H7N9. De forma que possamos acionar mais a entidade na preparação da resiliência que uma ocorrência imprevisível pandêmica possa trazer.