A baixa vazão do São Francisco está dificultando outros usos econômicos do rio
ANA prorroga baixa vazão do rio São Francisco
Publicado em 28 de novembro de 2014
Por Jornal Do Dia
Kátia Azevedo
katiaazevedo@jornaldodiase.com.br
A Agência Nacional de Águas (ANA) prorrogou até 31 de dezembro deste ano a redução temporária da água que é liberada pelos reservatórios de Sobradinho e Xingó, no rio São Francisco. A resolução foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira, 27.
A Resolução nº 442, de 8 de abril de 2013, reduziu a vazão a 1.100 m³/s, quando a mínima praticada deve ser 1.300 metros cúbicos por segundo (m³/s).
Segundo a ANA, a medida busca garantir a água necessária para a produção de energia do Sistema Nordeste e para o atendimento dos usos múltiplos da Bacia do São Francisco.
De acordo com a resolução, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, responsável por aplicar a redução temporária, está sujeita à fiscalização da agência e deve dar publicidade de informações técnicas da operação aos usuários da bacia e ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, durante o período de vazão mínima reduzida.
Em entrevista ao Jornal do Dia, o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Médio São Francisco ligada ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Baixo São Francisco, Cláudio Pereira, definiu a medida como "absurda", ao mencionar que a vazão mínima determinada pela ANA trará problemas de abastecimento, além de comprometer as atividades hidroviárias e de pesca artesanal na região.
"Trata-se de uma decisão unilateral e pouca estratégica para a distribuição de água na região já afetada por vários problemas de navegabilidade e de atividades que dependem diretamente do Rio São Francisco. Para nós do Comitê, prevalece o mais uma vez o interesse do sistema elétrico que inviabiliza o uso múltiplo das águas do Velho Chico", criticou Cláudio Pereira.
Ele destacou que a medida está sendo adotada em um período crítico marcado pela degradação do rio São Francisco e pela crise de abastecimento de água enfrentada no país. "Considerando o atual cenário hídrico, esta é uma decisão extremamente nociva à população ribeirinha que depende do rio para sobreviver. O impacto desta medida atinge diretamente os municípios que terão que readaptar seus sistemas de abastecimento", cita.
Cláudio Pereira salientou ainda que o Comitê está realizando uma reunião para discutir o assunto, lembrando que a prorrogação da prática da baixa vazão há muito tempo deixou de ser uma medida emergencial, sendo frequente.
Cláudio Pereira ressaltou que o tema exige uma ampla discussão que envolva as prefeituras e governos dos estados atingidos pela medida. "É necessário um empenho de todos os estados na busca de uma solução em defesa do Rio São Francisco com participação e empenho do poder executivo e toda a sociedade", sugere.
De acordo com a resolução, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, responsável por aplicar a redução temporária, está sujeita à fiscalização da agência e deve dar publicidade de informações técnicas da operação aos usuários da bacia e ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, durante o período de vazão mínima reduzida.