ANÁLISE DO MOMENTO ELEITORAL
Publicado em 26 de setembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
* Rômulo Rodrigues
A aparição de Michelle Bolsonaro na campanha eleitoral em apoio a Emília Corrêa como candidata a prefeita de Aracaju foi a confirmação de que o Fascismo, hoje repudiado em todo o mundo, quer fincar âncoras no Palácio Aloísio de Campos e abrir espaços sujos de sangue, para criação de gabinetes de ódio em uma cidade, cujo povo, só respira o Oxigênio da paz.
A vinda de Michelle traz uma contaminação política que afronta o caráter pacífico da população da nossa capital da qualidade de vida, no que pode vir a ser a da negação da própria vida, a da morte.
As palavras de ordem do fanatismo não cristão: “Deus, Pátria, Família e Liberdade” são repudiadas no mundo inteiro, onde reina a civilidade cristã, porque consagra o Nazismo, responsável pelo Holocausto que pôs fim a milhões de vidas de seres humanos.
Aqui na capital, Aracaju, em 15 de agosto de 1942, o submarino nazista U-507, torpedeou navios brasileiros no litoral de Sergipe e da Bahia, matando 551 pessoas, levando o Brasil a entrar na 2ª Guerra Mundial.
Talvez seja pouco para Michele que viu de perto e compactuou com o genocídio do marido na pandemia onde, ria com escárnio, das pessoas que morriam por falta de respiradores de Oxigênio.
O que perturba o momento político é que fatos históricos sejam relevados para que a ambição encubra os momentos de aflição e alertas com toques de recolher e blecautes e sejam jogados para baixo dos tapetes dos profetas do Apocalipse.
Injustificável que uma mulher que se apega à palavra de Deus, sequer tenha levantado a voz contra a imposição machista da candidatura oficial do prefeito Edvaldo Nogueira e ainda por cima se espelhe e exiba como trunfo de sua pregação eleitoral uma figura feminina que já foi apelidada de “Corrimão de Escada” nos corredores e alamedas da câmara dos deputados, até encontrar uma figura abjeta que a levasse para a cama e a fizesse sua mulher.
Como primeira dama do país, notabilizou-se por receber um cheque de um miliciano que supervisionava o esquema de rachadinhas dos seus enteados e aí, ficou conhecida nacionalmente pela alcunha de Micheque.
A história exige respeito com o cargo máximo do município e resgate que vem com a lembrança de que na eleição de 1945, para presidente da República, o mais votado em Aracaju foi Iedo Fiuza do Partido Comunista Brasileiro.
Passados 14 anos, José Conrado de Araújo se elegeu pelo PTB, legítimo partido trabalhista e só, 26 anos depois, na volta das eleições diretas, Aracaju continuou sua marcha democrática elegendo prefeitos do PMDB, PSB, PDT, PMDB, PT, PT, PC do B, deu uma recaída para o PFL, PC do B e agora, quem sabe, volte ao ponto de partida com o MDB, provando ser uma cidade onde o povo é soberano e não vai aceitar nenhum retrocesso.
É visível que a candidatura do número 22 esteja liderando as pesquisas. Não se pode negar sua identificação com grande parcela das massas, com méritos na sua trajetória de heroína e um discurso de pregação religiosa como marca registrada típica de certos púlpitos.
É fenômeno da época e faz parte do jogo de cena. O que não pode deixar de ser reprovado é a trapaça como a de trazer uma figura pública desqualificada, com palavras de ordem que identificam os instintos mais perversos, assassinos e genocidas de quem tem como marca o Holocausto e que falta com o respeito ao povo sergipano, principalmente às mulheres, principalmente às mães.
Se prevalecer ao pé da letra o ditado popular que diz: Diga com quem andas que direi quem és, será de bom alvitre prevenir ao eleitorado aracajuano que em 2022, 155 mil votos dados ao número 22 foram anulados e colocados nas latas do lixo da história.
Também é desrespeitoso e chocante que, em um pleito em consonância com um apelo mundial para a representatividade da mulher e que, 5 mulheres qualificadas para o cargo máximo da cidadania, alguém que tem um passado honroso de defesa do papel feminino na vida pública, se curve ao machismo estrutural e tente impedir o andar da carruagem da história, indicando como sucessor, um macho.
E, para completar, este candidato, recue no tempo e diga que não representa a esquerda. Ou seja, nega todo o passado histórico de orgulho do voto de Aracaju. Ai, só resta lembrar: ser de esquerda é ser contra o machismo, o feminicídio, o racismo, o higienismo, os genocídios, o holocausto, o escravagismo e todos os preconceitos. Ser de direita é negar a esquerda.
* Rômulo Rodrigues, sindicalista aposentado, é militante político