Apagão de dados
Publicado em 14 de maio de 2020
Por Jornal Do Dia
Nesse momento, enquanto a curva de infecção por coronavírus descreve uma trajetória ascendente, a necessidade do isolamento social é ponto pacífico entre as autoridades sanitárias. Os empresários sergipanos, no entanto, exigem um plano do governo estadual. Querem saber quando e como Belivaldo Chagas pretende retomar a produção industrial e autorizar a atividade comercial em Sergipe.
A reclamação é legítima, está relacionada com o imperativo da transparência, princípio da administração pública. Mas a verdade é que o governo, o setor produtivo e a própria população tateiam o escuro. Sem dados confiáveis à disposição é impossível traçar uma rota de fuga, apontar uma luz no fim do túnel, estimar a duração da crise.
Em carta aberta, divulgada ontem, 19 entidades representantes de empresas que geram mais de 300 mil postos de trabalho cobram respostas. Os empresários estão em seu direito. Aqui e ali, entretanto, flertam com o negacionismo. Eles questionam, por exemplo, a eficácia das medidas de distanciamento social e ressaltam que a doença atinge menos de 1% da população sergipana.
A realidade é mesmo complexa. Especialistas usam expressões como "apagão de dados" e "voo cego" para descrever a situação atual do país na pandemia, que sofre com a escassez de testes laboratoriais capazes de capturar um retrato fiel da realidade. Certo é que já há carência de leitos em alguns estados, inclusive em Sergipe, enquanto o número de mortes cresce de modo acentuado.