Aprendiz de feiticeiro
Publicado em 11 de março de 2021
Por Jornal Do Dia
O general Eduardo Pazuello bate cabeça. De pois de alardear a compra de uma quantida de fabulosa de vacinas contra a covid-19, suficiente para imunizar toda a população brasileira até o fim do ano, o ministro foi obrigado a moderar o discurso e cair na real. Desde o anúncio espalhafatoso, a previsão inicial vem sendo reduzida drasticamente, dia após dia, a fim de se adequar à realidade.
Os fatos falam por si mesmos. Em fevereiro, o ministro da Saúde projetou a distribuição de 46 milhões de doses de vacinas até o fim de março. No início do mês, porém, essa previsão passou para 38 milhões. Dois dias depois, caiu para 30 milhões de doses. Ontem, Pazuello foi ainda mais modesto, e mencionou a distribuição de 25 milhões de doses. Mas tudo não passa de um voto de fé. Em verdade, governadores e prefeitos temem pelo pior, vislumbram a possibilidade de simplesmente faltar vacina na praça.
Foi por ação e omissão do governo federal que o Brasil se transformou em uma verdadeira incubadora do vírus. O presidente Jair Bolsonaro atacou todas as medidas capazes de conter o contágio em alto e bom som. O general Pazuello, por sua vez, jamais se opôs ao negacionismo do chefe, chegando a ponto de recomendar um ineficaz tratamento precoce. Enquanto o ministro da saúde interpretou o papel infeliz de aprendiz de feiticeiro, o coronavírus ganhou terreno.
Agora, qualquer reação chegará tarde demais. O Brasil já conta quase 300 mil mortos. Apenas duas capitais brasileiras registram uma taxa de ocupação de leitos de UTIs inferior a 80%. Outras 16 se aproximam do colapso, com mais de 90% de sua capacidade esgotada – A capital sergipana incluída.