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Aracaju e seus prefeitos


Publicado em 16 de março de 2019
Por Jornal Do Dia


'Parabéns Aracaju', de Edidelson

 

Prende,
humilha e solta
A justiça sergipana está agindo da mesma forma que os operadores da Lava Jato no episódio dos matadouros de Lagarto e Itabaiana. Primeiro o prefeito Valmir de Francisquinho foi preso, depois solto, passou um tempo afastado e na semana passada foi autorizado a reassumir a prefeitura de Itabaiana.
Agora é o prefeito Valmir Monteiro que está preso pelo mesmo problema do colega de Itabaiana. Já havia sido afastado por poucos dias, voltou e se o roteiro for mantido será solto nos próximos dias, passará mais uma temporada fora do cargo e depois reassume a prefeitura.
No caso de Lagarto a polícia chegou a arrombar a porta da sede da prefeitura porque não poderia aguardar o horário de expediente para o cumprimento dos mandados de busca e apreensão.
Se os problemas são mesmo tão graves a ponto de provocar a prisão dos envolvidos, os prefeitos deveriam continuar longe de seus cargos.

A partir da redemocratização do Brasil em 1984 do século passado quando foram restabelecidas as eleições diretas nas capitais, Aracaju enfrenta altas e baixas com os seus prefeitos, mas a exceção dos quatro anos de João Alves Filho, a cidade consegue manter serviços básicos em funcionamento e apresenta avanços.

Até então, os prefeitos das capitais eram indicados pelo governador do Estado. Quando se elegeu governador pela primeira vez, em 1982, João Alves Filho pelo então PDS, sucedâneo da Arena que mantinha o regime militar, transferiu a responsabilidade pela indicação do prefeito de Aracaju para o senador Albano Franco, que havia sido eleito em dobradinha com ele. O escolhido foi Heráclito Rollemberg, que fez uma administração tão desastrada a ponto de o então senador Passos Porto, quadro destacado do grupo, ter considerado Aracaju uma "Beirute sem bombardeio", em função das péssimas condições das vias na capital.

A partir da eleição de Tancredo Neves através da chamada "Aliança Democrática", uma junção de dissidentes do regime e oportunistas com o PMDB, João Alves, e os então deputados Jackson Barreto e José Carlos Teixeira  iniciaram as negociações para repetição da aliança em Sergipe culminando com a demissão de Heráclito e a indicação de José Carlos para a PMA, cujo mandato foi de 30/05/1985 a 31/12/1985. A partir daí, a prefeitura passou a ser voltada para as áreas periféricas da cidade, que viviam literalmente na lama.

No mesmo ano, Jackson foi eleito o prefeito mais votado do país e a prefeitura fez a opção preferencialmente pelos mais pobres. Foi o maior volume de obras já executado até então na capital, não interrompido nem mesmo com a intervenção decretada pelo governador Antonio Carlos Valadares, em 1987. Depois da passagem do interventor, JB renunciou e Viana de Assis deu sequência as obras de infraestrutura.

Em 1988, Jackson elegeu Wellington Paixão contra a máquina do governo usada escancaradamente por Valadares. Paixão teve altos e baixos e concluiu a gestão de forma melancólica, a partir do rompimento com JB, que acabou voltando ao comando da PMA em 1992. Com a renúncia de Jackson em 1994 para disputar o governo do Estado, assumiu o vice Almeida Lima, mas JB voltou a ser decisivo no pleito de 1996 quando elegeu João Augusto Gama. Em sua gestão foi construído o moderno mercado de Aracaju e o centro histórico foi restaurado.

A partir do ano 200 com a eleição de Marcelo Déda, aos 40 anos, tendo Edvaldo Nogueira como vice, uma nova geração passou a comandar os destinos de Aracaju. Déda fez uma gestão impecável tanto no aspecto moral quanto administrativo e foi reeleito sem qualquer dificuldade em 2004; em 2006 renunciou para disputar e vencer o governo do Estado, cedendo o cargo para Edvaldo, que manteve a mesma estrutura administrativa e foi reeleito no primeiro turno em 2008. Edvaldo enfrentou problemas no final de sua gestão e acabou permitindo a ressurreição de João Alves Filho, derrotado por Déda em 2006 para o governo.

A volta de João Alves significou o fim do ciclo progressista na PMA, a desorganização administrativa e financeira, retrocedendo ao patamar da época de Heráclito. A prefeitura literalmente parou, não pagava salários de funcionários, empreiteiros, fornecedores e prestadores de serviço, a coleta de lixo foi suspensa diversas vezes, e só conseguiu concluir o mandato porque os órgãos de controle de Sergipe não atuaram. Há 15 dias, a senadora Maria do Carmo, mulher de João, admitiu que no final da gestão o ex-prefeito assinava documentos sem saber do que se tratava, acometido do mal de Alzheimer – mesmo assim a família permitiu que ele disputasse a reeleição em 2016, obtendo vergonhosos 25 mil votos.

Na disputada eleição de 2016, Edvaldo enfrentou um renhido segundo turno e derrotou Valadares Filho, o seu protegido em 2012, com pouco mais de 12 mil votos. Assumiu com o discurso de reconstrução da cidade, atualizou os salários dos servidores, retomou os serviços, estabeleceu um cronograma de obras, mas há ainda muitos problemas. Numa queda de braço com os médicos, terceirizou o atendimento no Hospital Nestor Piva e agora tenta recompor sua equipe para enfrentar a segunda etapa da administração e ter condições de disputar a eleição de 2020 em boas condições.

A falta de atualização do plano diretor dificulta a organização da cidade. A lei em vigor, ainda de 2000, foi feita com base em levantamentos de 1995. Durante as gestões anteriores, Edvaldo Nogueira chegou a encaminhar um projeto à câmara, mas depois de muitos embates judiciais João Alves retirou o projeto e nunca mais a discussão veio à tona.

Aos 164 anos, Aracaju continua precisando de muita dedicação e responsabilidade por parte de seus administradores.

O PT e Edvaldo

O afastamento do senador Rogério Carvalho da presidência do diretório estadual do PT, mesmo que temporário, serviu para diminuir o clima de enfrentamento do partido com o prefeito Edvaldo Nogueira (PCdoB), mais antigo aliado no Estado. O presidente interino, deputado federal João Daniel, defende a manutenção da aliança e na sexta-feira já recebeu um agrado: o vereador Antonio Bittencourt se afastou da câmara para assumir a secretaria da Família e Assistência Social e o filho do deputado, Camilo Feitosa, hoje primeiro suplente da coligação, vai assumir mandato de vereador de Aracaju.

Não é só João Daniel quem prega cautela antes de anunciar rompimento com Edvaldo. Na semana passada o deputado Francisco Gualberto fez discurso na Assembleia enaltecendo a aliança histórica e as condições que levaram Edvaldo a condição de candidato a vice-prefeito de Marcelo Déda nas eleições de 2000. Naquele momento da campanha, quando as pesquisas apontavam mais para derrota do que a vitória em primeiro turno como aconteceu, no PT não havia muita gente disposta a se arriscar.

A vice-governadora Eliane Aquino, sempre citada como virtual candidata a prefeita, também defende o apoio a Edvaldo apesar da proximidade pessoal com o ex-deputado Márcio Macêdo que não esconde o desejo de disputar a PMA.

Uma ironia: o único cargo de destaque que o PT possui hoje na PMA é a presidência da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), ocupada pelo professor Cássio Murilo Costa dos Santos. Indicação pessoal de Márcio Macêdo.

As comissões da Alese

Mesmo discordando da participação do PT no bloco governista da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Iran Barbosa aceitou a indicação para duas comissões temáticas – Educação, Cultura e Desporto e Comissão de Ciência, Tecnologia, da qual será o presidente.

Na Alese foram formados três blocos, constituídos por partidos. Um deles é formado pelo PSD, MDB, PT, PODEMOS (todos da base do governo); o segundo formado pelo PSC e PR e o terceiro bloco é formado por deputados do REDE, PTB e PPS. O outro deputado petista, Francisco Gualberto, vice-presidente da Alese, integra as comissões de Constituição e Justiça; Administração e Serviço Público; e Economia, Finanças, Orçamento e Tributação, além do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

"Fico feliz que tenha prevalecido o bom senso e o que define tanto o Regimento Interno da Assembleia Legislativa quanto a Constituição Estadual: que na constituição das comissões permanentes e temporárias, deve ser respeitada a representação proporcional dos partidos que participam da Assembleia, sem qualquer obrigatoriedade do parlamentar fazer parte de um bloco de partidos, seja da oposição ou situação. Essa era a tese que eu sempre defendi e que, no final das contas, foi vitoriosa", explicou Iran. O regimento da Alese não foi mexido.

CPI da Lava Toga

O senador Alessandro Vieira (PPS-SE) conseguiu 27 assinaturas para a criação da CPI dos Tribunais Superiores, chamada de ‘Lava Toga’. Apresentado em fevereiro, o primeiro pedido de investigação de "condutas ímprobas" de ministros das cortes mais altas foi arquivado após dois senadores retirarem as assinaturas. Alessandro Vieira avalia que desta vez não haverá desistência apesar de mencionar relatos de pressão. 

Já o senador Humberto Costa (PT-PE) entende que os fatos elencados no pedido da CPI não estão muito claros. E disse que, se criada a CPI, ela também deverá investigar a conduta de agentes públicos na Lava Jato.

Prende,humilha e solta
A justiça sergipana está agindo da mesma forma que os operadores da Lava Jato no episódio dos matadouros de Lagarto e Itabaiana. Primeiro o prefeito Valmir de Francisquinho foi preso, depois solto, passou um tempo afastado e na semana passada foi autorizado a reassumir a prefeitura de Itabaiana.
Agora é o prefeito Valmir Monteiro que está preso pelo mesmo problema do colega de Itabaiana. Já havia sido afastado por poucos dias, voltou e se o roteiro for mantido será solto nos próximos dias, passará mais uma temporada fora do cargo e depois reassume a prefeitura.
No caso de Lagarto a polícia chegou a arrombar a porta da sede da prefeitura porque não poderia aguardar o horário de expediente para o cumprimento dos mandados de busca e apreensão.
Se os problemas são mesmo tão graves a ponto de provocar a prisão dos envolvidos, os prefeitos deveriam continuar longe de seus cargos.

 

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