Aracaju parada
Publicado em 15 de outubro de 2021
Por Jornal Do Dia
Sem o transporte coletivo de passageiros, Aracaju emper ra. A constatação se dá, mais uma vez, em torno da paralisação promovida por trabalhadores rodoviários, a fim de receber os honorários e benefícios devidos pelos empresários do setor. A pauta de reivindicações é a mais justa. O serviço prestado, essencial. Entre a cruz e a caldeirinha, sem alternativa de mobilidade, a população se espreme nos ônibus, em plena pandemia.
A mobilidade urbana é um problema ainda em vias de ser realmente considerado pela Prefeitura de Aracaju. Prova disso, a prometida e sempre adiada licitação que pode estabelecer parâmetros aceitáveis no transporte coletivo de passageiros na capital sergipana nunca saiu do papel. Assim, as questões trabalhistas entre as empresas reunidas na Setransp e os rodoviários submetidos a condições de trabalho massacrantes maculam a imagem da administração municipal.
Neste particular, ninguém que já esteve à frente da Prefeitura de Aracaju pode exibir as mãos limpas. A cada novo pleito eleitoral, o tema volta à baila, com promessas renovadas de compromisso com a qualidade do serviço prestado aos aracajuanos. No fim das contas, entretanto, nada é feito. Os passageiros seguem transportados de qualquer jeito, como as empresas bem entendem. Os rodoviários, por sua vez, estão longe de gozar condições de trabalho minimamente aceitáveis.
Certo é que o transporte coletivo de passageiros, a face mais saliente dos problemas de mobilidade enfrentados nas ruas da capital, precisa ser pensado com mais carinho. Não há coelho escondido na cartola. Os impasses não serão solucionados por passe de mágica, nem são responsabilidade do serviço prestado por empresa A ou B. Também seria injusto afirmar que tal responsabilidade pesa sobre as costas dos rodoviários, eles mesmos vítimas de uma relação de trabalho eivada por condições insalubres. Sem a sempre adiada licitação qualquer iniciativa nesse sentido resultará insuficiente.