ARACAJU POR CHIKO QUEIROGA E ANTÔNIO ROGÉRIO
Publicado em 20 de março de 2021
Por Jornal Do Dia
Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos
Até pelo menos os anos 70 do século XX não se concebia falar em música sergipana, quando esse cenário muda completamente, salvo a existência anteriormente, por exemplo, de autores de músicas como dobrados, a exemplo do José Machado dos Santos e sua magistral criação "Os Quatro Tenentes".
Sobre a música sergipana produzida nos anos 80, vale destacar o que afirma Verônica Dantas: "(…) Ufanista, a música produzida optou por temas sempre ligados à nossa cultura, aos aspectos físicos e naturais do Estado, ou simplesmente, à situações ou pessoas do lugar, como o mencionado grupo Cata Luzes, Paulo Lobo, Lula Ribeiro, Irineu Fontes entre outros" (2007, p. 7).
Na década seguinte, anos 90, festivais nacionais consolidaram o jeito sergipano de produzir música, revelando grandes talentos como Patrícia Polayne e Amorosa, em eventos significativos e de grande apelo midiático, como o Canta Nordeste. Entre as décadas de 80 e 90, a música sergipana cresceu e amadureceu, inclusive na chamada indústria fonográfica.
Nesse cenário, despontou um artista carioca (novembro de 1964), radicado em Sergipe, Chico Queiroga (Francisco da Cruz Queiroga). Em 1982, destacou-se no Festival Sergipano de Música Popular Brasileira", realizado em Aracaju, numa promoção da TV Sergipe, canal 4, retransmissora da Rede Globo de Televisão, com a canção "Madrugada", entrado em definitivo na cena cultural sergipana. Em 1990, ele lançou o LP Cor de Laranja, sucesso de público e de vendas.
Juntamente com Chiko Queiroga, o aracajuano Antônio Rogério, instrumentista, músico e compositor, também desponta na música sergipana, gravando seu primeiro trabalho (CD), em 1997 (Serpente). Estudou violão clássico no Conservatório de Música de Sergipe e construiu, inicialmente, a carreira como músico da noite, se apresentando em bares do Estado de Sergipe, notadamente no circuito Aracaju, Laranjeiras e São Cristóvão.
As origens musicais de Antônio Rogério remetem aos tempos de jovem em ambientes da Igreja Católica, na Igreja do Espírito Santo (bairro Santo Antônio, em Aracaju), notadamente quando passou a se interessar por música nos ensaios que Chiko Queiroga e seu grupo faziam num espaço da igreja. Ocasião em que se tornaram amigos e Antônio Rogério enveredou pela música, compondo e cantado suas canções, com passagem e formação pelo Conservatório de Música.
Embora se conhecessem e trabalhassem juntos desde os anos 80, somente em 1998, os dois artistas resolvem formar uma dupla que se apresenta e grava junto até a presente data, com muito sucesso e com um público cativo, embora ressintam o fato de não terem o devido reconhecimento em nível nacional, como artista de outros Estados nordestinos. Além da gravação de CDs e DVDs, apresentações, fizeram uma carreira internacional considerável, com participações em eventos como o festival de jazz de Nova Orleans (EUA). Com sucessos como "Serpente", "Fim de Primavera" e "Mestiça", a dupla fez uma apresentação e participação icônicas no programa de programa SR Brasil, de Rolando Boldrin (TV Cultura), no dia 05 de julho de 2012. No ano seguinte, estiveram no Jornal da Record News.
Em 2021, a dupla comemora 23 anos. Numa semana marcada pelas comemorações dos 166 anos da cidade de Aracaju, vale destacar que Chiko Queiroga e Antônio Rogério traz em seu repertório belíssimas representações da capital de todos os sergipanos, das quais destaco algumas: Ruas de Ará (Paulo Lobo/Irmão); Aracaju (Irmão); Aracaju Menina (Antônio Rogério); Cheiro da Terra (Cláudio Miguel); Um canto do Brasil (Hino para Aracaju), Chiko Queiroga, Antônio Rogério e Gladston Rosa). Isto sem falar num CD que a dupla lançou só com temas voltados para Aracaju: Inácio Barbosa; Como tabuleiro; Arafrevo; Pelas ruas da cidade; Samba de Ará; Aracajueiro; entre outras.