As canções de Arthur Matos

Rian Santos

riansantos@jornaldodiase.com.br

 

O pronunciamento de um artista corresponde sempre à afirmação dos valores mais caros a sua experiência de mundo. No caso do songwriter Arthur Matos, rubrica sob uma das discografias mais volumosas do novo cancioneiro Serigy, o testemunho se firma sobre as qualidades da própria música. 

 Em conversa com o Jornal do Dia, ele já falou sobre a suposta facilidade de fazer música, compor e gravar discos, escondido no fim do mundo.

 “Nem um pouco fácil. Na verdade, essa “média” de discos vem da minha inquietude, da vontade de realmente fazer o que amo. Eu, volta e meia, me pego escrevendo alguma melodia. A intenção maior ainda é espalhar a mensagem”.

Digo e repito: Arthur gravou alguns dos álbuns mais sofisticados do lugar, com camadas e mais camadas de informação. O átomo, a partícula indivisível da qual emana a beleza extraordinária e impalpável de sua música, no entanto, é ainda o nó atado por força e graça de um impulso primitivo: o pulso, a nota, a inflexão.

Ouço ‘Canyon’, o álbum mais recente de Arthur. Constato, mais uma vez, a sua capacidade de produzir melodias as mais cativantes a partir de quase nada. Mesmo na língua enrolada do Tio Sam, o enunciado é sempre claro. Trata-se de proclamar a emoção, o coração no comando.

Seis álbuns, mais um milhão de plays no Spotify, mais a participaçãodestacada em projetos diversos, mais a perseverança necessária para subir aos palcos quase sempre improvisados da terrinha, tudo isso fazem de Arthur o grande artista sempre lembrado, cá nesta página, sem qualquer favor, o grande artista que ele verdadeiramente é.

O cantor e compositor Arthur Matos fará uma apresentação exclusiva: sexta-feira, 23 de fevereiro, às 20h, no espaço da Casa Aho. Ele e suas canções, mais nada.