Populismo de miçangas (Divulgação)
As pulseirinhas de Emília Corrêa
Publicado em 23 de outubro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
A campanha de Emília Corrêa inaugurou o populismo de miçangas. O chocalho de contas coloridas pendurado no seu braço anuncia a vitória iminente, o carinho das ruas e das criancinhas, para quem quiser ver.
Emília não tira mais as tais pulseirinhas. E adota a inflexão maternal de uma professora da pré-escola para agradecer de antemão a consagração prevista em todas as pesquisas de intenção de voto- um presente da população de Aracaju, com a bênção do próprio Deus, ela jura.
A performance populista de Emília constrange a inteligência. Infantilizados, os eleitores ludibriados pelo crossover de política e religião manifestam uma fé cega nas virtudes alegadas pela candidata. Logo ela, senhora de já longa vida pública pautada por muda subserviência, contra o dragão da maldade, um tal “sistemão”.
Há tempos, eu declaro aqui o fastio provocado pela pobreza do discurso político articulado na aldeia Serigy. Cá na terrinha, desde o ocaso dos projetos encabeçados por João Alves Filho e Marcelo Déda, a ausência de liderança à esquerda e também à direita reverbera na forma de um discurso murcho, sem viço.
No rastro de tudo o que não se fez, nem foi dito, Emília Corrêa agora levanta os braços. E reivindica o espólio negligenciado no embate egoico das vaidades com pulseiras de dois contos, convencida do triunfo.