A Lacertae não se rende, nunca
As voltas que o mundo dá
Publicado em 27 de abril de 2018
Por Jornal Do Dia
Não sei bem em que esquina do mundo os músicos da Lacertae se perderam. O meu conhecimento, se assim pode ser chamado, alcança somente a força e a qualidade da música guardada em dois dos melhores discos já paridos na aldeia. As composições assinadas por Deon Divem estão sempre amparadas em uma estrutura percussiva hipnótica. A poesia é das mais diretas e as guitarras, minimalistas.
Em ‘Berimbau do cipó imbé’ (2002), um debut poderoso, prenhe de urgência, a produção garageira não consegue sufocar a vitalidade das paletadas, que fundem música regional, com influência da capoeira, à sonoridade suja de Jimi Hendrix.
Já ‘A volta que o mundo deu’ (2004) foi beneficiado por um pouco mais de cuidado com a produção, e teve a participação especial de Lirinha, do Cordel do Fogo Encantado. O poeta de Arco Verde recita ‘Amiga folhagem’, um pequeno conto do sergipano Sílvio Romero. O disco rendeu elogios entusiasmados de Arthur Dapieve, um dos maiores críticos musicais em atividade na imprensa brazuca.
Em conversa com o Jornal do Dia, há mais ou menos uns quatro anos, o guitarrista Deon Diven garantiu que a Lacertae não se perdeu, nem se rende, coisa nenhuma. "A Lacertae não sumiu. Estivemos sempre aqui, nos bastidores da criação musical e cultural". Mas a verdade é que as aparições da banda e a comunicação com o seu público cativo se tornaram evento raro.
Agora, os caras me aparecem com um novo single embaixo do braço. ‘Versacrum’ está disponível para os curiosos em todas as plataformas digitais e no canal da banda ancorado no Youtube, com a mesma energia poderosa dos primeiros registros. E eu, todo ouvidos, cá com os meus botões, cruzo os dedos, na torcida para dessa vez os malucos de Lagarto alcançarem os corações de muito mais gente.