Quarta, 15 De Janeiro De 2025
       
**PUBLICIDADE
Publicidade

ASPECTOS RELEVANTES E ENTRELINHAS OU QUE DEVERIA SER VISTO NA FALA DO GENERAL


Publicado em 19 de fevereiro de 2021
Por Jornal Do Dia


 

* MIGUEL DOS SANTOS CERQUEIRA
 
A polêmica, o dissenso e todo ‘disse que disse" em tor-
no de um trecho do livro "General Villas Bôas: con-
versa com o comandante" nascido de entrevista  do General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas e publicado pela "FGV EDITORA", não desnuda o necessário e deixar passar ao largo o mais importante.
 
De fato se perscrutarmos acuradamente o conjunto da entrevista do General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, nas entrelinhas e pormenores, nos daremos contar e pudermos por fim concluir que, o advento do Governo do Capitão Jair Messias Bolsonaro não é um ponto fora da curva no regime de conciliação nacional inaugurado pela chamada "Nova República", que o fato de os  militares, notadamente do Exército Brasileiro, até o recente Governo de Michel Temer e o exercício da presidência do STF por José Antonio Dias Toffoli, não usufruírem de presença ostensiva nos Aparelhos de Estado e na administração pública, não se deveu ao fato de terem renunciado a participação política ou terem se afastado do partidarismo, mas em decorrência do senso de oportunidade.
Convém observar do livro "General Villas Bôas: conversa com o comandante" nascido de entrevista  do General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, que o conselho ou recomendação, em forma de ameaça ao STF, para que no julgamento do Habeas Corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Lula, deveria o Tribunal seguir a vontade dos homens ou cidadãos de bem e, portanto, denegar a ordem de Habeas Corpus, é apenas parte do conteúdo que revela o pendor de imanência da Forças Armadas no regime civil e da onipresença dos militares em todos os Poderes da República, exercendo uma espécie de tutela, mesmo que disfarçada ou imperceptível.
Ao trilhamos as entrelinhas da entrevista, que veio a ser o livro compilado, se pode ver que, aos olhos do General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas,  medidas tidas como sendo politicamente corretas, decorrem de uma resiliência do marxismo, ou melhor, do comunismo, que com a ascensão do PT ao comando do Governo Central muitas medidas consideradas como teses do politicamente correto passaram a ser adotadas, fomentando o esgarçamento do aparelho social e as divisões.
Segundo o  General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, medidas no sentido de empoderamento e independência das mulheres, traduzidas como feministas, são em grande medida, ensejadoras da epidemia de feminícidio. Medidas compensatórias, como, por exemplo, as cotas raciais e teses antirracistas, são responsáveis pela exacerbação do racismo. A emergência de direitos aos gays, a admissão de casamento de pessoas do mesmo sexo e de leis de combate a homofobia só fazem aumentar os índices de homofobia.
Sem dúvida, se poderá ver nas entrelinhas e nos aspectos relevantes do livro "General Villas Bôas: conversa com o comandante", que as teses esposadas e expostas no livro não são de modo algum dessemelhantes com as teses do Governo do Capitão Jair Messias Bolsonaro.
 
A análise antropológica e sociológica do que é correto ou incorreto politicamente, a visão de mundo revelada pelo General demonstra que, não obstante, até recentemente, os militares tenham ocupado espaços nos governos cíveis, inclusive, os do PT, se detendo ao limites da Constituição, só o fizeram por uma questão de oportunidade, uma vez que as condições objetivas para exercerem diretamente a tutela sobre os Poderes da República e sobre a sociedade, extrapolando os limites constitucionais, não estavam dadas.
Com efeito, a conciliação acordada com a Lei da Anistia de 1979, que prosseguiu  com a derrota da Campanha das "Diretas Já", desaguando nas eleições indiretas no Colégio Eleitoral, com a posse do ex-líder e presidente da ARENA, José Sarney, não foi um arranjo que encerrou o partidarismo e incursão na política  pelas Forças Armadas. O partidarismo e incursão na política  apenas arrefeceram em decorrência da débâcle da Ditadura Militar, carcomida por escândalos de corrupção, (Caso Coroa-Brastel, caso da Capemi), além do surto de inflação galopante, terrorismo interno (bomba no "Riocentro", bomba enviada para OAB/RJ, que vitimou Dona Lyda Monteiro, bombas em bancas de jornais) e tentativas de quarteladas.
O caráter ilusório da conciliação acordada  e do distanciamento dos militares do partidarismo, de não se imiscuírem em assuntos e questões políticas, está mais que evidente no atual momento. E não apenas pelo advento do Governo do Capitão Jair Messias Bolsonaro. Ele se revela claramente na divulgação de teses reacionárias ou de reavivamento dos militares como sendo o elemento de purificação da vida nacional, como balizador dos valores morais que devem vigir na sociedade. De igual modo ao que acontece atualmente na Polônia, na Hungria, na Rússia, nas Filipinas, no fenômeno  do Trumpismo dos Estados Unidos, com a diferença de que naqueles países as teses reacionárias são encampadas pelos civis, ocorre também no Brasil a ressurreição do anti-liberalismo político, sob o eufemismo do anti-politi camente correto.
O retorno do partidarismo e do dissenso políticos aos quartéis se revela nas teses e análises sociológicas, que advogam que o chamado politicamente correto, é derivação do marxismo, que concessão de direitos a mulheres, e adoção de políticas afirmativas ou compensatórias, como, por exemplo, cotas raciais, são teses gramiscianas, que visam destruir a sociedade e solapar os alicerces da nação e que, portanto, devem ser combatidas.
Na verdade, a relevância de tudo quanto dito pelo General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas e publicado pela "FGV EDITORA", não está na deslegitimacão e emparedamento do STF, haja vista que os chamados homens de bem a que se referiu o General quando da sua admoestação aos insignes ministros do Supremo Tribunal Federal, são aqueles mesmos que estiveram envolvidos dos escândalos de corrupção do período da ditadura militar, aqueles que enriquecerem com as mutretas das obras faraônicas, patrocinadas pelas grandes empreiteiras que construíram a Transamazônica e a Ponte Rio-Niteroi, são aqueles que endossaram a tortura e são os prosélitos da antiga ARENA, do antigo PDS, do antigo PP,  do antigo PFL e partidos correlatos, que se encontram hospedados no ajuntamento de Direita, no chamado  "Centrão", ou seja, não existem no mundo real.
Sem sombras de dúvidas, o que se tem de mais revelador na "entrevista" do General, é a revelação do agastamento e do incômodo com o tido como politicamente correto. Foram a emergência de novos direitos, a exemplo, dos direitos das mulheres, direitos de negros e índios, direitos de gays, e o avanço de certos setores tidos como egressos ou derivações do marxismo, que determinou a ostensividade do partidarismo no âmbito do militares.
O politicamente correto, que não tem qualquer vinculação com o marxismo, haja vista que no âmbito dos regimes do chamado "socialismo real", homossexuais, considerados desviantes burgueses, eram submetidos à recuperação em colônias penais ou tratamentos de choque, e feministas, como Alexandra Kollontai, foram ameaças e perseguidas. Não obstante, o politicamente correto, fenômeno tipicamente liberal, que foi encampado pela chamada "nova esquerda", é o novo inimigo a ser vencido é ele o responsável pelo reavivamento da Doutrina de Segurança Nacional e pelo reagrupamento dos prosélitos do fascismo.
 
* MIGUEL DOS SANTOS CERQUEIRA, Defensor Público, titular da Primeira Defensoria Pública Especial Cível do Estado de Sergipe, Estudioso de História e Filosofia e militante de Direitos  Humanos

* MIGUEL DOS SANTOS CERQUEIRA

A polêmica, o dissenso e todo ‘disse que disse" em tor- no de um trecho do livro "General Villas Bôas: con- versa com o comandante" nascido de entrevista  do General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas e publicado pela "FGV EDITORA", não desnuda o necessário e deixar passar ao largo o mais importante. De fato se perscrutarmos acuradamente o conjunto da entrevista do General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, nas entrelinhas e pormenores, nos daremos contar e pudermos por fim concluir que, o advento do Governo do Capitão Jair Messias Bolsonaro não é um ponto fora da curva no regime de conciliação nacional inaugurado pela chamada "Nova República", que o fato de os  militares, notadamente do Exército Brasileiro, até o recente Governo de Michel Temer e o exercício da presidência do STF por José Antonio Dias Toffoli, não usufruírem de presença ostensiva nos Aparelhos de Estado e na administração pública, não se deveu ao fato de terem renunciado a participação política ou terem se afastado do partidarismo, mas em decorrência do senso de oportunidade.
Convém observar do livro "General Villas Bôas: conversa com o comandante" nascido de entrevista  do General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, que o conselho ou recomendação, em forma de ameaça ao STF, para que no julgamento do Habeas Corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Lula, deveria o Tribunal seguir a vontade dos homens ou cidadãos de bem e, portanto, denegar a ordem de Habeas Corpus, é apenas parte do conteúdo que revela o pendor de imanência da Forças Armadas no regime civil e da onipresença dos militares em todos os Poderes da República, exercendo uma espécie de tutela, mesmo que disfarçada ou imperceptível.
Ao trilhamos as entrelinhas da entrevista, que veio a ser o livro compilado, se pode ver que, aos olhos do General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas,  medidas tidas como sendo politicamente corretas, decorrem de uma resiliência do marxismo, ou melhor, do comunismo, que com a ascensão do PT ao comando do Governo Central muitas medidas consideradas como teses do politicamente correto passaram a ser adotadas, fomentando o esgarçamento do aparelho social e as divisões.
Segundo o  General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, medidas no sentido de empoderamento e independência das mulheres, traduzidas como feministas, são em grande medida, ensejadoras da epidemia de feminícidio. Medidas compensatórias, como, por exemplo, as cotas raciais e teses antirracistas, são responsáveis pela exacerbação do racismo. A emergência de direitos aos gays, a admissão de casamento de pessoas do mesmo sexo e de leis de combate a homofobia só fazem aumentar os índices de homofobia.
Sem dúvida, se poderá ver nas entrelinhas e nos aspectos relevantes do livro "General Villas Bôas: conversa com o comandante", que as teses esposadas e expostas no livro não são de modo algum dessemelhantes com as teses do Governo do Capitão Jair Messias Bolsonaro. A análise antropológica e sociológica do que é correto ou incorreto politicamente, a visão de mundo revelada pelo General demonstra que, não obstante, até recentemente, os militares tenham ocupado espaços nos governos cíveis, inclusive, os do PT, se detendo ao limites da Constituição, só o fizeram por uma questão de oportunidade, uma vez que as condições objetivas para exercerem diretamente a tutela sobre os Poderes da República e sobre a sociedade, extrapolando os limites constitucionais, não estavam dadas.
Com efeito, a conciliação acordada com a Lei da Anistia de 1979, que prosseguiu  com a derrota da Campanha das "Diretas Já", desaguando nas eleições indiretas no Colégio Eleitoral, com a posse do ex-líder e presidente da ARENA, José Sarney, não foi um arranjo que encerrou o partidarismo e incursão na política  pelas Forças Armadas. O partidarismo e incursão na política  apenas arrefeceram em decorrência da débâcle da Ditadura Militar, carcomida por escândalos de corrupção, (Caso Coroa-Brastel, caso da Capemi), além do surto de inflação galopante, terrorismo interno (bomba no "Riocentro", bomba enviada para OAB/RJ, que vitimou Dona Lyda Monteiro, bombas em bancas de jornais) e tentativas de quarteladas.
O caráter ilusório da conciliação acordada  e do distanciamento dos militares do partidarismo, de não se imiscuírem em assuntos e questões políticas, está mais que evidente no atual momento. E não apenas pelo advento do Governo do Capitão Jair Messias Bolsonaro. Ele se revela claramente na divulgação de teses reacionárias ou de reavivamento dos militares como sendo o elemento de purificação da vida nacional, como balizador dos valores morais que devem vigir na sociedade. De igual modo ao que acontece atualmente na Polônia, na Hungria, na Rússia, nas Filipinas, no fenômeno  do Trumpismo dos Estados Unidos, com a diferença de que naqueles países as teses reacionárias são encampadas pelos civis, ocorre também no Brasil a ressurreição do anti-liberalismo político, sob o eufemismo do anti-politi camente correto.
O retorno do partidarismo e do dissenso políticos aos quartéis se revela nas teses e análises sociológicas, que advogam que o chamado politicamente correto, é derivação do marxismo, que concessão de direitos a mulheres, e adoção de políticas afirmativas ou compensatórias, como, por exemplo, cotas raciais, são teses gramiscianas, que visam destruir a sociedade e solapar os alicerces da nação e que, portanto, devem ser combatidas.
Na verdade, a relevância de tudo quanto dito pelo General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas e publicado pela "FGV EDITORA", não está na deslegitimacão e emparedamento do STF, haja vista que os chamados homens de bem a que se referiu o General quando da sua admoestação aos insignes ministros do Supremo Tribunal Federal, são aqueles mesmos que estiveram envolvidos dos escândalos de corrupção do período da ditadura militar, aqueles que enriquecerem com as mutretas das obras faraônicas, patrocinadas pelas grandes empreiteiras que construíram a Transamazônica e a Ponte Rio-Niteroi, são aqueles que endossaram a tortura e são os prosélitos da antiga ARENA, do antigo PDS, do antigo PP,  do antigo PFL e partidos correlatos, que se encontram hospedados no ajuntamento de Direita, no chamado  "Centrão", ou seja, não existem no mundo real.
Sem sombras de dúvidas, o que se tem de mais revelador na "entrevista" do General, é a revelação do agastamento e do incômodo com o tido como politicamente correto. Foram a emergência de novos direitos, a exemplo, dos direitos das mulheres, direitos de negros e índios, direitos de gays, e o avanço de certos setores tidos como egressos ou derivações do marxismo, que determinou a ostensividade do partidarismo no âmbito do militares.
O politicamente correto, que não tem qualquer vinculação com o marxismo, haja vista que no âmbito dos regimes do chamado "socialismo real", homossexuais, considerados desviantes burgueses, eram submetidos à recuperação em colônias penais ou tratamentos de choque, e feministas, como Alexandra Kollontai, foram ameaças e perseguidas. Não obstante, o politicamente correto, fenômeno tipicamente liberal, que foi encampado pela chamada "nova esquerda", é o novo inimigo a ser vencido é ele o responsável pelo reavivamento da Doutrina de Segurança Nacional e pelo reagrupamento dos prosélitos do fascismo. 
* MIGUEL DOS SANTOS CERQUEIRA, Defensor Público, titular da Primeira Defensoria Pública Especial Cível do Estado de Sergipe, Estudioso de História e Filosofia e militante de Direitos  Humanos

 

**PUBLICIDADE



Capa do dia
Capa do dia



**PUBLICIDADE


**PUBLICIDADE
Publicidade