A delegada explica como foi o crime
A OPERAÇÃO 'SOS BARRA' FOI DESENCADEADA NA MADRUGADA DE ONTEM, NA BARRA DOS COQUEIROS. POLÍCIA DIZ QUE CRIME FOI MOTIVADO POR DISPUTA COM DIRIGENTES DO SINDMONT
Publicado em 24 de fevereiro de 2018
Por Jornal Do Dia
A delegada explica como foi o crime
A OPERAÇÃO 'SOS BARRA' FOI DESENCADEADA NA MADRUGADA DE ONTEM, NA BARRA DOS COQUEIROS. POLÍCIA DIZ QUE CRIME FOI MOTIVADO POR DISPUTA COM DIRIGENTES DO SINDMONT
Gabriel Damásio
A Polícia Civil prendeu ontem seis acusa-dos de envolvimento com o assassinato do ativista Clodoaldo Santos Melo, o ‘Barriga’, líder do movimento SOS Emprego, que foi morto a tiros no dia 14 de dezembro de 2017. Eles foram detidos durante a ‘Operação SOS Barra’, que mobilizou 40 agentes e delegados do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP),do Grupo Especial de Repressão e Busca (Gerb), do Departamento de Narcóticos e da Divisão de Inteligência Policial (Dipol).
As buscas e prisões aconteceram em endereços na Barra dos Coqueiros (Grande Aracaju) e nos bairros Pereira Lobo, Santos Dumont e 18 do Forte (zona norte). Os presos foram levados para a sede do DHPP, no Centro, e foram interrogados durante toda a manhã. Entre eles, estão três dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Montagem, Manutenção Industrial e Prestação de Serviços (Sindimont): o presidente André Silva Santana, 37 anos; e os assessores Jailton Paulino Bispo dos Santos e Leandro Costa Alves, 35.
Também foram detidos César Júlio Santos da Silva, 29, identificado como o executor da vítima; Ricardo Monteiro dos Santos, 36; e Sidney Santos de Oliveira, 24, apontados pela polícia como os que deram cobertura ao crime. Um sétimo homem, Elielson Feitosa dos Santos, é cunhado de um dos acusados e não tem envolvimento com o crime, mas foi preso em flagrante por porte de drogas. Todos os outros tiveram mandados de prisão temporária expedidos pela Comarca da Barra dos Coqueiros, cidade onde o crime aconteceu.
De acordo com a delegada Thereza Simony Nunes Silva, um dos sindicalistas confessou ter sido o mandante do crime e disse à polícia que contratou César Júlio para matar ‘Barriga’, ao preço de R$ 3 mil. Os outros negaram e o suposto autor invocou o direito ao silêncio. Na casa de César, foram encontradas munições de uma arma cujo calibre é semelhante às cápsulas encontradas na porta da casa do ativista. A arma, por sua vez, ainda não foi encontrada, mas a polícia também apreendeu os celulares dos envolvidos.
A delegada informou que os dois executores foram identificados através de câmeras de segurança de um estabelecimento próximo à residência onde Clodoaldo foi morto, as quais mostram a fuga de uma moto de cor escura. "Após o crime, a equipe [do DHPP] esteve lá no local e um estabelecimento forneceu imagens em que aparecia um veículo do qual desceu o ‘fiteiro’ com o pretexto de entregar um currículo. Mas na verdade era para saber se Clodoaldo estava em casa. Depois da saída desse suspeito, vimos a entrada de uma motocicleta com dois ocupantes. O carona desceu e executou a vítima", explicou Thereza, acrescentando que alguns dos envolvidos chegaram a monitorar a casa do ativista para verificar se ele estava ali presente.
Para a polícia, as versões para o motivo do crime ainda não estão totalmente claras, mas apontam para uma disputa de poder entre sindicatos. Ou seja: alguns interesses teriam sido contrariados pela atuação de Clodoaldo à frente do SOS Emprego, que reivindica a contratação de mão-de-obra local para a construção de uma usina termelétrica na Barra e outros grandes empreendimentos industriais instalados em Sergipe. "Por um lado, eles temiam que o movimento SOS crescesse e eles perdessem espaço ali. havia essa preocupação. Uma segunda hipótese é de que o sindicato estava incomodado com o SOS porque ele não cobrava nenhum percentual em cima [dos salários] das vagas recrutadas pelos trabalhadores locais", suspeita a delegada.
O irmão da vítima, Willames Santos, esteve presente no DHPP, acompanhou a divulgação dos detalhes sobre a investigação e disse estar aliviado com o resultado do trabalho da polícia que resultou na prisão dos envolvidos no crime."Depois dessa repercussão é um sentimento de alívio. Já que foram presos os seis acusados do assassinato. A gente tem que acreditar no trabalho da polícia do estado de Sergipe. Eu sempre enfatizei que a polícia de Sergipe era uma das melhores do país e que esse caso não ia ficar impune. Nós só temos a agradecer a elucidação desse caso", desabafou ele.
As prisões dos seis envolvidos devem durar 30 dias, mesmo prazo dado pela delegada para a conclusão do inquérito policial. Thereza Simony acredita que todos podem ser indiciados por homicídio e associação criminosa, mas diz que ainda restam outras informações a serem apuradas, incluindo a localização da arma do crime e seu real motivo.