Autoritarismo, incompetência, mentiras e corrupção
Publicado em 07 de agosto de 2021
Por Jornal Do Dia
* João Daniel
Para fazer uma cortina de fumaça que esconda os riscos que vêm se abatendo sobre o seu governo, o presidente Jair Bolsonaro, como sempre, escolhe inimigos a serem combatidos, como é o caso da carga de ameaças contra o ministro Luiz Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando os seus problemas ocorrem com o conjunto dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do TSE, por suas declarações e ofensas contra aquelas Cortes.
O STF diz que "uma mentira repetida mil vezes não vira verdade", complementando que "é falso que o Supremo tenha tirado poderes do presidente da República de atuar na pandemia. O STF decidiu que União, estados e municípios tinham que atuar juntos, com medidas para proteger a população." Essa foi mais uma mentira de Bolsonaro para encobrir a incompetência do seu governo na gestão da pandemia.
Já o TSE solicita ao STF que o presidente Bolsonaro seja investigado por disseminar notícias falsas. A decisão foi tomada em votação em plenário, por unanimidade. O presidente do TSE denuncia que o presidente da República reciclou mentiras para atacar a confiabilidade do voto eletrônico e não apresentou os indícios prometidos para as denúncias, admitindo não possuir provas, deixando claro que a estratégia dele faz parte de sua campanha eleitoral antecipada, buscando desacreditar o próprio sistema que o elegeu, aproveitando para lançar as suas propostas autoritárias, inclusive ameaçando a não realização das próximas eleições.
Isso tem a ver com os resultados das pesquisas eleitorais que apontam a vitória de Lula já no primeiro turno das eleições de 2022, além de que, segundo o Datafolha, 70% dos brasileiros dizem haver corrupção no atual governo e só 23% acreditam dizem não existir. Coisa que Bolsonaro insistia em negar.
Com uma marca de mais de 550 mil mortes por Covid-19, com fortes suspeitas de corrupção na compra de vacinas e sem prioridade para o enfrentamento da pandemia, o avanço da fome, que já chegou em julho a mais de 19 milhões de pessoas que, mesmo agravada pela pandemia, é reflexo do esvaziamento dos programas voltados para a agricultura familiar e o combate à fome, a centralidade na defesa do mercado financeiro e do agronegócio, com aumento do desemprego, que alcança 14,9 milhões da população brasileira, que junto ao subemprego atinge 33,2 milhões de pessoas.
Um governo que, além de abandonar a proteção ambiental, avança em ações que levam à degradação dos biomas brasileiros, com o incentivo da grilagem de terras públicas, como o PL 2633/20, aprovado na Câmara e que segue para o Senado Federal.
A volta da inflação que havíamos derrotado, vem penalizando as empresas, mas, sobretudo, os mais pobres. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou que a inflação oficial subiu, elevando nos últimos 12 meses para 8,06%, com base em junho de 2021.
O ministro Paulo Guedes diz que, apesar da pandemia, o Produto Interno Bruto (PIB) vai crescer 5% este ano. Mas a quem interessa esse crescimento se os seus resultados não são repassados ao povo? O PIB está subindo graças aos itens da pauta de exportação de commodities, como minério de ferro, petróleo e produtos agrícolas, atividades muito mecanizadas e que agregam pouca mão de obra de forma mais intensiva.
O que chega ao povo são os aumentos dos preços dos alimentos, do gás, da energia elétrica, dos combustíveis, elevando a situação de miséria e de fome.
Fica claro que o governo Bolsonaro é o maior desastre para o nosso povo e o fim do seu mandato deixa de ser um movimento de esquerda e se amplia para todos os setores da população que já não aguentam mais a combinação de autoritarismo, incompetência, mentiras e corrupção.
*João Daniel, deputado federal e presidente estadual do Partido dos Trabalhadores em Sergipe