Sexta, 27 De Dezembro De 2024
       
**PUBLICIDADE
Publicidade

Baixa adesão ao isolamento pode estender quarentena


Publicado em 17 de maio de 2020
Por Jornal Do Dia


 

Gabriel Damásio
A baixa adesão da popu
lação sergipana às me
didas de isolamento social contra o coronavírus ainda preocupam as autoridades e especialistas da área de saúde, que cogitam adotar medidas mais fortes para reduzir a circulação de pessoas – e por consequência, do próprio vírus. Nesta segunda-feira, os gabinetes de crise instituídos pelo Governo do Estado e pela Prefeitura de Aracaju vão se reunir com o governador Belivaldo Chagas e com o prefeito Edvaldo Nogueira, com os quais irão reavaliar se vão ou não prorrogar os decretos de emergência que instituíram a quarentena para toda a população. 
A tendência é de que os técnicos recomendem a prorrogação da quarentena e a adoção de outras restrições, incluindo o chamado ‘lockdown’ ou ‘tranca-rua’, que é o bloqueio total do funcionamento do comércio e das ruas – com exceção dos serviços essenciais. A hipótese, já adotada em estados como Maranhão, Pará, Amapá, Amazonas, Tocantins, Ceará e Rio de Janeiro, vem sendo cogitada com mais força em Sergipe após a divulgação de uma série de dados e pesquisas que apontam uma queda da adesão da população à quarentena, acompanhada de uma disparada no número de casos de Covid-19 no estado e, sobretudo, na capital Aracaju.
Um dos levantamentos foi o boletim "Covid-19: Sergipe e Território Nacional", feito pelo Observatório de Sergipe, ligado à Secretaria Geral de Governo (Segov), com base em informações fechadas na última quarta-feira pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) e da start-up de tecnologia InLoco, que processa dados de geolocalização de sinais de telefonia celular. Ele apontou que Sergipe tem o menor índice de isolamento social do Nordeste, com 42,2% de pessoas que permaneceram em casa. Na sexta-feira, esse índice caiu ainda mais, para 39,7%, e permaneceu muito abaixo da média nacional de 42,5%.Dentre os municípios, Brejo Grande teve o melhor Índice de Isolamento, com 50% de adesão, enquanto Propriá, Pirambu, Cumbe e Malhada dos Bois dividiram em último lugar, com 35% cada.
A queda também é confirmada por outro estudo, do Laboratório de Patologia Investigativa da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que associa diretamente o baixo isolamento da população à quarentena ao crescimento rápido e forte dos casos confirmados de coronavírus e da ocupação dos leitos disponíveis nos hospitais. "A partir do dia 30 de março, houve um decréscimo progressivo nos índices de isolamento, sendo registrados valores superiores a 50% em apenas dois dias: 05 de abril (51.5%) e 19 de abril (50.9%). Esse índice, ao final desta série temporal, foi de 42.2%, havendo registro de 2.268 casos confirmados de covid-19 no estado, e um aumento percentual médio diário de 15% no número de casos acumulados a partir do início do mês de maio. Foi observada uma relação inversa e estatisticamente significante entre os índices de isolamento social e o número de casos novos", afirma o professor Paulo Ricardo Martins Filho, autor da pesquisa. 
O crescimento dos casos é igualmente atestado no boletim do Observatório. Ele aponta que a taxa de crescimento média de pacientes infectados por dia, em Sergipe, caiu pra 9,6%, nos últimos sete dias antecedentes ao fechamento da pesquisa, mas ainda é a segunda maior entre todos os estados. Perde apenas para Tocantins, que tem 13,1%. Em uma semana, entre os dias 6 e 13 de maio, o número de casos confirmados da doença aumentou 127%, o que é atribuído principalmente ao aumento massivo da aplicação dos testes de detecção do coronavírus. As cidades de Umbaúba (24%), Nossa Senhora do Socorro (22%) e Barra dos Coqueiros (20%) tiveram a maior taxa média de crescimento diário do Covid-19 no estado;
Forçando a queda – Estes dados reforçam o argumento de que o isolamento social, aliado aos protocolos de higiene e prevenção, precisa ser aumentado para reduzir o contato entre as pessoas, e por consequência, diminuir a circulação do vírus. "(…) sem o fortalecimento das medidas decontrole e as mudanças no comportamento da população, é provável que o número de casos continue crescendo e ocorra saturação precoce do sistema de saúde, com aumento substancial no número de mortes. Apesar das indispensáveis medidas já adotadas pelas autoridades locais, que incluem por exemplo o fechamento de escolas, universidades e de alguns segmentos empresariais, interdição de espaços públicos e a obrigatoriedade do uso de máscaras, a estratégia adotada até então pode não ter sido suficiente para frear a transmissão do vírus uma vez que depende muito da conscientização e adesão das pessoas. É fato que as mudanças no comportamento indicam o nível de preocupação da população com essa infecção específica e têm reflexos importantes no aumento do número de casos de Covid-19 no Brasil e em Sergipe", diz a nota técnica do estudo da UFS.
Esta pesquisa apontou que, para tentar forçar uma queda no ritmo de crescimento dos casos, o que os especialistas chamam de "achatamento da curva", será preciso alcançar uma meta desta taxa de isolamento social, vista como necessária para desacelerar o ritmo da contaminação. O laboratório fez uma equação matemática, projetando novos casos a partir da inclinação populacional e do índice de isolamento social. "A equação linear gerada a partir dos parâmetros estimados no modelo de regressão mostra que cada acréscimo de 5% no índice de isolamento social poderia representar uma redução de 25 novos casos de Covid-19 em Sergipe. De acordo o presente modelo, um índice mínimo de isolamento social de 52.3% seria necessário para desacelerar o avanço da doença e vislumbrar o declínio da curva epidêmica", diz a nota técnica.
Os responsáveis pelas duas pesquisas participaram nesta semana de uma conferência virtual com a secretária estadual da Saúde, Mércia Feitosa, e com o diretor de Vigilância em Saúde, Marco Aurélio Góes, onde expuseram os resultados dos estudos e concluíram que ser necessária a prorrogação das medidas de emergência, sobretudo nos municípios que registraram os piores índices de contaminação e de isolamento. "O isolamento tem que ser ampliado para que se tenha um declínio da curva, uma inclinação favorável e rápida. Como nós estamos embasados na ciência, isso é um preâmbulo para o próprio decreto. Tem que ficar claro que estamos utilizando dados junto com a ciência para o próximo decreto ser embasado em evidências científicas", disse Mércia.

Gabriel Damásio

A baixa adesão da popu lação sergipana às me didas de isolamento social contra o coronavírus ainda preocupam as autoridades e especialistas da área de saúde, que cogitam adotar medidas mais fortes para reduzir a circulação de pessoas – e por consequência, do próprio vírus. Nesta segunda-feira, os gabinetes de crise instituídos pelo Governo do Estado e pela Prefeitura de Aracaju vão se reunir com o governador Belivaldo Chagas e com o prefeito Edvaldo Nogueira, com os quais irão reavaliar se vão ou não prorrogar os decretos de emergência que instituíram a quarentena para toda a população. 
A tendência é de que os técnicos recomendem a prorrogação da quarentena e a adoção de outras restrições, incluindo o chamado ‘lockdown’ ou ‘tranca-rua’, que é o bloqueio total do funcionamento do comércio e das ruas – com exceção dos serviços essenciais. A hipótese, já adotada em estados como Maranhão, Pará, Amapá, Amazonas, Tocantins, Ceará e Rio de Janeiro, vem sendo cogitada com mais força em Sergipe após a divulgação de uma série de dados e pesquisas que apontam uma queda da adesão da população à quarentena, acompanhada de uma disparada no número de casos de Covid-19 no estado e, sobretudo, na capital Aracaju.
Um dos levantamentos foi o boletim "Covid-19: Sergipe e Território Nacional", feito pelo Observatório de Sergipe, ligado à Secretaria Geral de Governo (Segov), com base em informações fechadas na última quarta-feira pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) e da start-up de tecnologia InLoco, que processa dados de geolocalização de sinais de telefonia celular. Ele apontou que Sergipe tem o menor índice de isolamento social do Nordeste, com 42,2% de pessoas que permaneceram em casa. Na sexta-feira, esse índice caiu ainda mais, para 39,7%, e permaneceu muito abaixo da média nacional de 42,5%.Dentre os municípios, Brejo Grande teve o melhor Índice de Isolamento, com 50% de adesão, enquanto Propriá, Pirambu, Cumbe e Malhada dos Bois dividiram em último lugar, com 35% cada.
A queda também é confirmada por outro estudo, do Laboratório de Patologia Investigativa da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que associa diretamente o baixo isolamento da população à quarentena ao crescimento rápido e forte dos casos confirmados de coronavírus e da ocupação dos leitos disponíveis nos hospitais. "A partir do dia 30 de março, houve um decréscimo progressivo nos índices de isolamento, sendo registrados valores superiores a 50% em apenas dois dias: 05 de abril (51.5%) e 19 de abril (50.9%). Esse índice, ao final desta série temporal, foi de 42.2%, havendo registro de 2.268 casos confirmados de covid-19 no estado, e um aumento percentual médio diário de 15% no número de casos acumulados a partir do início do mês de maio. Foi observada uma relação inversa e estatisticamente significante entre os índices de isolamento social e o número de casos novos", afirma o professor Paulo Ricardo Martins Filho, autor da pesquisa. 
O crescimento dos casos é igualmente atestado no boletim do Observatório. Ele aponta que a taxa de crescimento média de pacientes infectados por dia, em Sergipe, caiu pra 9,6%, nos últimos sete dias antecedentes ao fechamento da pesquisa, mas ainda é a segunda maior entre todos os estados. Perde apenas para Tocantins, que tem 13,1%. Em uma semana, entre os dias 6 e 13 de maio, o número de casos confirmados da doença aumentou 127%, o que é atribuído principalmente ao aumento massivo da aplicação dos testes de detecção do coronavírus. As cidades de Umbaúba (24%), Nossa Senhora do Socorro (22%) e Barra dos Coqueiros (20%) tiveram a maior taxa média de crescimento diário do Covid-19 no estado;

Forçando a queda – Estes dados reforçam o argumento de que o isolamento social, aliado aos protocolos de higiene e prevenção, precisa ser aumentado para reduzir o contato entre as pessoas, e por consequência, diminuir a circulação do vírus. "(…) sem o fortalecimento das medidas decontrole e as mudanças no comportamento da população, é provável que o número de casos continue crescendo e ocorra saturação precoce do sistema de saúde, com aumento substancial no número de mortes. Apesar das indispensáveis medidas já adotadas pelas autoridades locais, que incluem por exemplo o fechamento de escolas, universidades e de alguns segmentos empresariais, interdição de espaços públicos e a obrigatoriedade do uso de máscaras, a estratégia adotada até então pode não ter sido suficiente para frear a transmissão do vírus uma vez que depende muito da conscientização e adesão das pessoas. É fato que as mudanças no comportamento indicam o nível de preocupação da população com essa infecção específica e têm reflexos importantes no aumento do número de casos de Covid-19 no Brasil e em Sergipe", diz a nota técnica do estudo da UFS.
Esta pesquisa apontou que, para tentar forçar uma queda no ritmo de crescimento dos casos, o que os especialistas chamam de "achatamento da curva", será preciso alcançar uma meta desta taxa de isolamento social, vista como necessária para desacelerar o ritmo da contaminação. O laboratório fez uma equação matemática, projetando novos casos a partir da inclinação populacional e do índice de isolamento social. "A equação linear gerada a partir dos parâmetros estimados no modelo de regressão mostra que cada acréscimo de 5% no índice de isolamento social poderia representar uma redução de 25 novos casos de Covid-19 em Sergipe. De acordo o presente modelo, um índice mínimo de isolamento social de 52.3% seria necessário para desacelerar o avanço da doença e vislumbrar o declínio da curva epidêmica", diz a nota técnica.
Os responsáveis pelas duas pesquisas participaram nesta semana de uma conferência virtual com a secretária estadual da Saúde, Mércia Feitosa, e com o diretor de Vigilância em Saúde, Marco Aurélio Góes, onde expuseram os resultados dos estudos e concluíram que ser necessária a prorrogação das medidas de emergência, sobretudo nos municípios que registraram os piores índices de contaminação e de isolamento. "O isolamento tem que ser ampliado para que se tenha um declínio da curva, uma inclinação favorável e rápida. Como nós estamos embasados na ciência, isso é um preâmbulo para o próprio decreto. Tem que ficar claro que estamos utilizando dados junto com a ciência para o próximo decreto ser embasado em evidências científicas", disse Mércia.

 

**PUBLICIDADE



Capa do dia
Capa do dia



**PUBLICIDADE


**PUBLICIDADE
Publicidade