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Balanço Energético Nacional
Publicado em 23 de julho de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Apresentarei neste ensaio, algumas informações coletadas na última edição do Relatório Síntese de 2022 (ano base 2021) do Balanço Energético Nacional, publicado pela Empresa de Pesquisa Energética.
Dessa forma, estaremos contribuindo para a divulgação de dados da energia no Brasil, propiciando o conhecimento da oferta e do consumo de energia no nosso país, contemplando as atividades de extração de recursos energéticos primários, sua conversão em formas secundárias, importação e exportação, a distribuição e o uso final da energia.
Conforme consta no Relatório Síntese citado, a oferta Interna de Energia (total de energia disponibilizada no país) atingiu 301,5 Mtep, registrando um avanço de 4,5% em relação ao ano anterior. A participação de renováveis na matriz energética foi marcada pela queda da oferta de energia hidráulica, associada à escassez hídrica e ao acionamento das usinas termelétricas. No entanto, o incremento das fontes eólica e solar na geração de energia elétrica (perda zero) e o biodiesel contribuíram para que a matriz energética brasileira se mantivesse em um patamar renovável de 44,7%, muito superior ao observado no resto do mundo.
A oferta de energia no Brasil é composta de energias renováveis (44,7%) e energias não-renovavéis (55,3%). A distribuição da produção de energias renováveis é a seguinte: biomassa de cana (16,4%), hidráulica (11%), lenha e carvão vegetal (8,7%) e outras fontes renováveis (8,7%). A repartição da oferta de outras energias renováveis ocorrem em 8 categorias de fontes de energia (lixívia, eólica, biodiesel, biomassas, solar térmica, solar FV, biogás e gás industrial de carvão), destacando-se as maiores participações da lixívia, energia eólica e biodiesel, que juntos representam 80% das outras energias renováveis. Já a distribuição da produção de energias não-renováveis é a seguinte: petróleo e derivados (34,4%), gás natural (13,3%), carvão mineral (5,6%), urânio (1,3%) e outras energias não renováveis (0,6%).
No caso específico da oferta interna de energia elétrica, conforme o relatório, apresentou um crescimento de 25,7 TWh (+3,9%) em relação a 2020. O principal destaque foi o avanço da geração à base de gás natural (+46,2%). A geração hidráulica reduziu 8,5%, acompanhando a queda na importação (-6,5%), cuja principal origem é Itaipu. Em contrapartida, a geração eólica atingiu 72 TWh – crescimento de 26,7%. A potência eólica alcançou 20.771 MW, expansão de 21,2%. Já a geração solar atingiu 16,8 TWh (geração centralizada e MMGD), o que representou um avanço de 55,9% em relação ao ano anterior. Com isso, a participação de renováveis na matriz elétrica ficou em 78,1% em 2021.
O Relatório síntese também destaca e discrimina o uso setorial de energia no Brasil. No setor industrial verificou-se um acréscimo de 3,0 milhões de tep em valores absolutos. Destaque para o crescimento de 11,8% do uso de carvão mineral em relação a 2020 devido ao aumento na produção de aço por redução no coque de carvão mineral. Houve um avanço de 6,2% do uso da lixívia em função do aumento de 6,7% da produção de celulose. Adicionalmente, o gás natural, utilizado em diversos segmentos industriais, teve um consumo superior ao de 2020 em 20,8%. Com exceção do segmento de Alimentos e Bebidas, que apresentou um recuo de 10,5%, todos os demais segmentos industriais registraram um aumento de consumo energético em 2021. Isto é um sinal de aumento de uso da capacidade instalada do setor que exerce forte influência na recuperação econômica.
No setor de transportes, conforme consta no Relatório Síntese, o consumo de energia em 2021 apresentou uma recuperação de 7,3% em relação a 2020, ano impactado pela pandemia do Covid-19. Os grandes destaques foram os aumentos de 32,8% do querosene de aviação, de 9,8% da gasolina e de 9,1% do óleo diesel. No mercado de veículos leves, o etanol hidratado perdeu participação em relação à gasolina automotiva, passando a representar 40% do consumo, contra 43% em 2020. No caso do transporte de cargas rodoviário, o biodiesel cresceu 6,5% impulsionado pelo avanço de sua contraparte fóssil e devido à entrada em vigor do B13 no primeiro trimestre. Como consequência destes movimentos, o setor de transportes do Brasil apresentou uma matriz energética composta por 23% de fontes renováveis em 2021, contra 25% do ano anterior.
Do relatório, consta que o consumo final de eletricidade no país em 2021 progrediu 4,2%. Os setores que mais contribuíram para este avanço em valores absolutos foram o Industrial que aumentou o seu consumo em 15,0 TWh (+7,5%), seguido pelo Comercial que cresceu 4,8 TWh (+5,7%), pelo Agropecuário, com incremento de 1,4 TWh (+4,2%) e pelo Residencial, que cresceu em 1,6 TWh (+1,1%). Registre-se ainda que o consumo final de etanol no país (m³) em 2021 apresentou um recuo de 3,5%.
A distribuição do consumo de energia no Brasil em 2021 foi a seguinte: transportes (32,5%), indústrias (32,3%), residências (10,9%), setor energético (9,5%), agropecuária (5,0%), serviços (4,8%) e uso não energético (5,1%).
Temos uma questão que precisa ser avaliada para solução visando evitarmos desperdícios, trata-se das perdas, que conforme o relatório síntese, ao longo de 10 anos possuem uma concentração em três segmentos: centrais elétricas, transmissão e distribuição de eletricidade e as carvoarias.
Para quem possui veículo a informação adiante é relevante: consta no relatório síntese de energia do Brasil que no ano de 2021, que foi o segundo ano abalado pela pandemia, a recuperação dos níveis de consumo de gasolina C foi mais rápida em relação ao etanol hidratado. Já o consumo final de biodiesel no país (m³) em 2021 aumentou de 5,3%.
Na questão das emissões antrópicas associadas à matriz energética brasileira, o alcance foi de 445,4 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (Mt CO2-eq), sendo a maior parte (197,8 Mt CO2-eq) gerada no setor de transportes. Em termos de emissões por habitante, cada brasileiro, produzindo e consumindo energia em 2021, emitiu em média 1,9 t CO2-eq, ou seja, o equivalente a 13% de um americano, 32% de um cidadão da União Europeia e 27% chinês. Acrescente-se ainda que para gerar uma unidade de produto, a economia brasileira emite, na produção e consumo de energia, o equivalente a 32% da economia chinesa, 57% da economia americana e 95% da economia da União Europeia.
Conhecer a questão energética é fundamental para os novos investidores que necessitarão de uma boa oferta interna de energia.