Terça, 14 De Janeiro De 2025
       
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Bandidos invadem padaria, levam R$ 6 mil e matam o filho do proprietário


Publicado em 09 de novembro de 2014
Por Jornal Do Dia


A ambulância do Samu e viaturas policiais chegaram logo após o crime

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

Mais um assalto violento terminou em tragédia. Desta vez, o cenário foi a Panificação Glória, uma das mais tradicionais padarias de Aracaju, na esquina das ruas Laranjeiras e Riachão, bairro Getúlio Vargas (zona central). Por volta das 6h de sábado, dois bandidos armados roubaram mais de R$ 6 mil do estabelecimento e balearam dois comerciantes que reagiram ao assalto. O dono da padaria, Eziel Mendonça Filho, 79 anos, saiu ferido com um tiro no pé. Já o filho dele, Marcos Henrique Andrade Mendonça, 32, foi atingido na altura do pescoço e morreu na hora. O crime movimentou a polícia, interditou um dos principais acessos ao Centro e chocou a população, que usou as redes sociais para se manifestar contra o crescimento da criminalidade na capital e a falta de ação das autoridades.

A padaria tinha acabado de abrir suas portas ao público quando os dois bandidos, ainda não identificados, chegaram ao local. Um ficou na rua, dando cobertura, enquanto o outro entrou se passando por cliente. Depois de ficar por alguns minutos, ele sacou uma pistola, rendeu a funcionária e obrigou-a a entregar o dinheiro que estava no caixa, cerca de R$ 40. Não satisfeito, o criminoso foi até o escritório, onde Marcos estava com o pai e chegaram a ser impedidos de sair de lá por outra funcionária que viu o assalto. O marginal, no entanto, conseguiu entrar.

Marcos decidiu então se arriscar e tentar tomar a arma do ladrão, depois de ver o pai ser ameaçado. Houve uma luta corporal que acabou com dois tiros disparados pelo criminoso. O embate foi percebido pelo dono de um mercadinho em frente à Glória, que estava sentado na porta com um amigo. O comerciante José Ferreira Nunes disse que tentou intervir, mas recuou após ser ameaçado de morte pelo segundo bandido. "Quando nós ouvimos as pancadas, aí eu levantei. E eu já ouvi um [ladrão] falando: ‘Bora, bora, bora!’. Aí eu entrei por aqui [no bar]. Eu pensei na hora que era uma briga e fui apanhar um pau pra ir apartar a briga, mas não arranjei pau nenhum. E quando eu voltei, o outro cara falou: ‘Voltou, é tiro. Venha!’. E nem deu pra ver quem era e quem não era", relatou.

Depois dos tiros, os bandidos fugiram correndo com o dinheiro do escritório, que seria usado ontem no pagamento dos empregados. Desesperadas, as funcionárias chamaram a polícia e tentaram socorrer Eziel, que passou cerca de uma hora debruçado sob o corpo do filho. Um médico amigo da família foi chamado às pressas e prestou o primeiro atendimento, levando Eziel a um pronto-socorro antes da chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Marcos, por sua vez, havia morrido no corredor da padaria e perdeu muito sangue.

A movimentação na padaria foi crescendo na medida em que o tráfego de veículos foi aumentando. Policiais militares do 8º Batalhão de Polícia Comunitária (8º BPCom) e de outras unidades chegaram ao local logo em seguida e fizeram algumas buscas. A Rua Laranjeiras foi interditada por volta das 7h30, após a chegada de agentes do Departamento de Homicídios da Polícia Civil (DHPP) e do Instituto de Criminalística, que fizeram uma perícia na padaria e encontram duas cápsulas de pistola calibre 380, além de vestígios de luta e algumas notas de dinheiro. A pista foi liberada por volta das 8h30, depois que o corpo de Marcos foi levado ao Instituto Médico-Legal (IML).

Parentes, amigos e clientes das vítimas também vieram às pressas e ficaram bastante chocados com o crime – muitos deles frequentam a padaria e conhecem a família desde a infância. A Glória funciona no bairro Getúlio Vargas há quase 70 anos e é bem conhecida por produzir pães, bolachões e bolachas. Na comunidade, o clima é de revolta. "Nós nos estamos nos tornando prisioneiros. Todo mundo está com cerca elétrica, cadeado em cima de cadeado, porque nós trabalhadores, porque eu tenho 25 anos de carteira assinada, estamos tomando susto. Hoje sou eu, amanhã pode ser outra família… e eu fico perguntando onde é que vai parar isso. A gente que acorda às 4 da manhã pra produzir, levar o pão de cada dia aos nossos amigos e colegas, acaba numa tragédia dessa. É lamentável! Lamentável a nossa segurança", desabafou Ana Meire Mendonça, irmã de Marcos e filha de Eziel.
O caso foi enquadrado como latrocínio (roubo seguido de morte) e será investigado pela 2ª Delegacia Metropolitana (2ª DM), com apoio do DHPP. O corpo do comerciante deve ser sepultado na manhã deste domingo. Ele era casado e pai de um casal de gêmeos que vai completar seis anos de idade em 23 de dezembro, antevéspera do Natal.

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