Barbas de molho

Extinta a Companhia de Saneamento de Ser gipe, a péssima qualidade dos serviços pres tados pela Deso não deixaria saudade em ninguém. Ainda assim, o decreto do poder executivo estadual, publicado a fim de estudar a viabilidade de sua privatização, causa preocupação. O tema é delicado.
O governo fez chegar à Assembleia Legislativa do Estado (Alese) o Decreto Nº 40.715/2020, que institui Comissão para Adequação do Marco Regulatório do Saneamento Básico para o estado de Sergipe. O objetivo é analisar e propor medidas de ajuste na Política Estadual de Saneamento Básico a partir da Lei Federal 14.026/2020, que deverá impactar a Política Estadual de Recursos Hídricos e a Política Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. A repercussão de tal estudo é presumível, mostra-se nas entrelinhas.
A eventual privatização da Deso povoa a cabeça dos gestores estaduais há anos. Fiada na aversão popular à terceirização dos serviços sob a alçada do poder público, no entanto, a discussão jamais prosperou. Até agora. O contexto de crise econômica parece ter dado o impulso que faltava para o debate finalmente vingar, de uma vez por todas.
Os trabalhadores da Deso já estão com a barba de molho. Segundo o Sindisan, sindicato que representa a categoria, os eufemismos na redação do decreto assinado pelo governador não enganam ninguém. Belivaldo Chagas quer se desfazer da Companhia.