Belivaldo azeita máquina para tentar evitar um vexame de Fábio Mitidieri

Com o apoio ostensivo da máquina administrativa do estado, prefeitos de 60 municípios, a maioria dos deputados federais e estaduais e lideranças políticas em todos os municípios do estado, o candidato a governador Fábio Mitidieri (PSD) foi o grande derrotado no primeiro turno das eleições estaduais. Com 294.936 votos (38,91% dos votos válidos), obteve 43.860 votos a menos do que o senador Rogério Carvalho (PT), que alcançou 338.796 votos (44,70% dos votos válidos).
Os dois vão disputar o segundo turno em 30 e outubro. Isso porque os votos dados a Valmir de Francisquinho (PL) – 457.922 – foram anulados, em função da impugnação de sua candidatura por estar inelegível até 2024, devido a condenação por abuso dos poderes político e econômico nas eleições de 2018. Os votos atribuídos a Valmir pelo TRE-SE não seriam suficientes para a vitória em primeiro turno, mas se valessem Mitidieri estaria de fora do segundo turno.
A campanha de Mitidieri tinha consciência da fragilidade eleitoral, tanto que a sua equipe jurídica atuou nos tribunais como auxiliar da Procuradoria Eleitoral para manter a impugnação de Valmir de Francisquinho. Agora pressiona para que o ex-prefeito de Itabaiana fique neutro na disputa do segundo turno, mas Valmir já avisou que não vai ficar em cima do muro e disse que anuncia apoio no decorrer da próxima semana. Vai conseguir transferir votos? Nunca se sabe, mas potencial tem.
Na quinta, no Iate, o governador Belivaldo cobrou empenho de todos para tentar garantir a vitória de Mitidieri no segundo turno. Na presença de candidatos proporcionais, eleitos e não eleitos, o senador eleito Laércio Oliveira (PP), prefeitos, vereadores e lideranças políticas, Belivaldo fez um discurso inflamado atacando Rogério e seus aliados. Nas redes sociais postou fotos do evento com a frase: “Time do candidato Fábio Mitidieri para governador e Zezinho Sobral para vice, e de lideranças políticas de todas as regiões, testadas e aprovadas pela população, para enfrentar aqueles que não sabem administrar Sergipe”.
Ocupantes de cargos em comissão do governo do estado também foram convocados para a reunião, com a recomendação de que levassem o maior número de servidores que pudessem. “Quanto mais gente melhor, pois lá serão esclarecidos os próximos passos da campanha. Vamos juntos, fortes e unidos rumo a grande VIRADA DO 55”, dizia o texto.
A realização do segundo turno na eleição presidencial entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL) é outro motivo de apreensão para a candidatura de Mitidieri. No primeiro turno ele foi penalizado diversas vezes pela justiça eleitoral porque insistia em utilizar a imagem do ex-presidente Lula, que apoia a candidatura do correligionário Rogério Carvalho. Setores da campanha governista, a exemplo de Laércio e do deputado federal eleito Rodrigo Valadares (União), defendem que Mitidieri assuma de vez a candidatura de Bolsonaro, já que os petistas não querem o seu apoio.
Mitidieri, no entanto, não quer nem ouvir essa proposta, e tem lá suas razões.
O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu nos 75 municípios de Sergipe no 1º turno das Eleições de 2022, com 63,82% dos votos válidos (828.716) contra 29,16% dos votos (378.710) de Bolsonaro.
Em relação às três zonas eleitorais de Aracaju, Lula ganhou em todas. Ele teve 52,56%% dos votos (176.981), enquanto Bolsonaro 37,08% (124.846), um percentual menor do que a média do estado, mas mesmo assim muito significativo.
Na quarta-feira, enquanto Rogério Carvalho participava em São Paulo de uma reunião de Lula governadores, senadores, deputados, parlamentares e lideranças de todo o país na preparação do segundo turno, em Aracaju Mitidieri acompanhava o entusiasmo dos adversários pela TV.
Como não tem coragem de garantir um palanque para Bolsonaro em Sergipe e não poderá utilizar as imagens de Lula sem sofrer novas punições da justiça eleitoral, Mitidieri terá que se contentar em defender o governo Belivaldo Chagas e apresentar ideias contraditórias, como o fortalecimento da saúde pública. A sua família é dona do maior plano de saúde privado do estado.
No primeiro turno o uso das máquinas do estado e das prefeituras não funcionou muito bem.