Boi de piranha
Publicado em 19 de junho de 2020
Por Jornal Do Dia
A queda do ministro da educação Abraham Wein traub não alimenta esperança de uma guinada progressista na condução da pasta. No pronunciamento realizado ao entregar o cargo, ele reafirmou todos os disparates de inflexão ideológica que o manteve no posto durante longo período. O presidente Bolsonaro bateu palmas.
Weintraub foi usado como boi de piranha, a fim de saciar a sede de Justiça dos ministros do Supremo Tribunal Federal, alvo de ofensas e ameaças acoitadas no Palácio do Planalto. Ao sentir o cerco se fechando, Bolsonaro jogou o auxiliar na fogueira, sem pensar duas vezes.
A queda de Weintraub vinha sendo especulada desde que veio a público um vídeo de uma reunião ministerial realizada no dia 22 de abril. Na ocasião, o então ministro defendeu a prisão de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). "Eu, por mim, colocava esses vagabundos todos na cadeia. Começando pelo STF", declarou. Bolsonaro ouviu e permaneceu calado, como quem assinasse embaixo.
O ministério da educação é palco de polêmica desde o início da gestão Bolsonaro. Os absurdos proferidos pelo ministro chegaram a ponto de motivar a abertura de inquérito. Sob o seu comando, até o Exame Nacional de Ensino Médio esteve ameaçado. A última canetada de Weintraub no comando da pasta é exemplar: Sem mais nem menos, deu fim à política de cotas raciais no acesso aos cursos de pós graduação.
O passado recente do MEC é de triste memória. E tudo indica que no futuro imediato não será muito diferente.