Brasil sem vacina
Publicado em 22 de outubro de 2020
Por Jornal Do Dia
Autoritário, genocida, louco. Os adjetivos cabí- veis para caracterizar o presidente Jair Bolso naro são os mais fortes. Infelizmente, o JORNAL DO DIA não resvala em exagero retórico. A queda de braça travada com o governador João Doria, tendo em vista a sucessão presidencial, chegou ontem às raias da loucura.
Os fatos falam por si mesmos. Bolsonaro disse ontem que os processos de compra de qualquer vacina contra a covid-19 estão descartados, até segunda ordem.
A declaração sucede o anúncio de um acordo entre o Ministério da Saúde e o governo de São Paulo, tendo em vista a compra de 46 milhões de doses da vacina produzida por um laboratório chinês, com colaboração do Instituto Butantã, após eventual liberação da Anvisa. Depois do chilique do presidente, no entanto, o ministério voltou atrás e a negociação foi cancelada.
O acordo para aquisição das vacinas Coronavac foi celebrado em uma reunião entre Pazuello e 24 governadores – incluindo Doria. No dia seguinte, contudo, Bolsonaro desautorizou o seu próprio ministro e disse que o governo não comprará a vacina, sob pretexto estapafúrdio: A justificativa é que o imunizante ainda não tem eficácia comprovada.
A desculpa de Bolsonaro não cola. O entusiasta da cloroquina, um medicamento cuja eficácia já foi desmentida com todas as letras pela Organização Mundial da Saúde, não tem moral para reclamar rigor científico. Em verdade, desde o início da pandemia, a Ciência e o presidente brasileiro jogam em times adversários.