Brincadeira tem hora
Publicado em 15 de setembro de 2020
Por Jornal Do Dia
Nesse contexto, parece-me que largam bem as pré-candidaturas de ex-vereadores que quando passaram pela casa demonstraram níveis de comprometimento com a missão parlamentar, preparo e atenção ao debate público acima da maioria dos edis
* Antonio Passos
Dizem que é errando que se aprende. Se essa máxima for verdadeira eu ainda serei um respeitado analista político, pois, é ampla a maioria das vezes que errei quando me lancei a rascunhar tendências para o cenário eleitoral. Agora tenho mais um rascunho a apresentar. Quem sabe é este o momento no qual o aprendizado começará a mostrar seus frutos?
Como será a composição da próxima legislatura na Câmara Municipal de Aracaju, após as eleições deste ano tão inquietador? Ficará bem parecida com o que é atualmente ou haverá perceptível mudança? Teremos votações inesperadas e surpreendentes? Haverá concentração de votos em poucas figuras ou maior distribuição entre muitos?
Tenho um palpite genérico. Penso que há um percentual dos votos que variam em bloco a cada eleição de acordo com tendências que criam corpo junto àquilo que costumamos chamar de opinião pública. Se olharmos de 2018 para trás até mais ou menos uma década, uma tendência que se fortaleceu na sociedade brasileira decidindo a ocupação de espaços nos parlamentos e sendo, finalmente, marcante em eleições majoritárias foi a simpatia por candidaturas associadas ao escárnio e a bravatas. Os exemplos são muitos, espalhados por todos os cantos do país. Talvez a ilustração mais reluzente do voto inspirado no escárnio tenham sido as estrondosas vitórias do comediante Tiririca. Olhando para a onda de mandatos impulsionados por bravatas, deixarei para os leitores a tarefa de pescar exemplos – abundam.
Especulo, porém, que o cenário de tensão que nos envolve a todos, multiplicado pela pandemia, afetará a tendência eleitoral também aqui em Sergipe. Acredito que candidaturas que passem uma imagem de maior sobriedade voltarão a conquistar mais votos. O momento é de apreensão e pede responsabilidade. Como diz outro ditado: brincadeira tem hora.
Nesse contexto, parece-me que largam bem as pré-candidaturas de ex-vereadores que quando passaram pela casa demonstraram níveis de comprometimento com a missão parlamentar, preparo e atenção ao debate público acima da maioria dos edis. Dois bons exemplos são Magal da Pastoral e Antônio Samarone, ambos em busca de uma recondução ao legislativo municipal. Há também estreantes que estão cultivando uma imagem marcada por aquilo que genericamente qualificamos como seriedade, é o caso do jornalista Marcos Aurélio. Desses três pré-candidatos tenho recebido postagens veiculadas em redes sociais, por isso faço sobre a atuação deles a presente avaliação.
Se especulação aqui exposta será de fato confirmada como uma tendência nas eleições deste ano ou é apenas a projeção de uma vontade pessoal deste solitário eleitor, no sentido de contar com um debate político mais qualificado e responsável, só as urnas dirão.
* Antonio Passos é jornalista