Gráfico mostra a evolução da doença no Nordeste
C4NE pede volta de restrições contra avanço do coronavírus
Publicado em 22 de dezembro de 2020
Por Jornal Do Dia
O Comitê Científico de Combate ao Coronavírus no Nordeste (C4NE), mantido pelo Consórcio Nordeste, emitiu no último dia 18 um boletim que recomenda a volta da adoção de medidas de isolamento ou distanciamento social em estados e cidades da região que já estejam em forte crescimento da transmissão do coronavírus e da ocupação dos leitos hospitalares destinados a pacientes com a doença. O relatório se baseia em dados estatísticos das secretarias estaduais de saúde e cita claramente que "aepidemia, que até o dia 11 de novembro estava em queda na maioria dos estados, voltou acrescer em quase todos os estados da Região, caracterizando o início de uma segunda onda dapandemia, fato que poderá trazer sérias consequências econômicas, sanitárias e sociais casonão seja contida".
Entre as medidas sugeridas, estão a "proibição formal de todo e qualquer evento comemorativo de festas natalinas e de final de ano que causem aglomeração de pessoas", o "fechamento de todas as praias, parques e outros espaços que possam gerar aglomerações populares durante as festas natalinas e de final e ano", e a "obrigatoriedade do uso de máscaras em parques, pistas e calçadões em praias para caminhadas e exercícios físicos, com distância mínima de 2 metros entre pessoas de famílias diferentes". Pede ainda o escalonamento dos horários de funcionamento das atividades de comércio e serviço, bem como a diminuição da lotação do transporte, serviços médicos, escritórios, lojas, shoppings, museus, cinemas, teatros e templos religiosos.
Para justificar as novas restrições, às vésperas das festas de fim de ano, os cientistas do C4NE demostraram que, na maioria dos estados, as taxas de reprodução do vírus superou o patamar dos registrados no dia 30 de julho, quando a primeira onda da pandemia começou a diminuir. Em Sergipe, essa taxa fechou o último dia 12 de dezembro com a média aproximada de 1,43, o que significa que cada grupo de 100 pessoas contaminadas pode infectar outras 143. Em 14 de novembro, esse índice estava em 0,78, contra 1,26 de 27 de outubro e 1,06 de 30 de julho. Sergipe também fechou o último dia 12 com uma média de sete mortes diárias causadas pela doença e uma ocupação média de 65% dos leitos hospitalares de todo o estado. "No diagrama de risco, o Estado segue umatrajetória acelerada em direção ao risco epidêmico alto, com taxa de crescimento altae semelhante ao que ocorreu durante a primeira onda. (…) Tanto na Região Metropolitana de Aracaju comono interior do Estado há um expressivo crescimento de casos diários e estabilidade deóbitos diários. Nas últimas semanas, o número médio de leitos de UTI ocupadosvoltou a crescer", alerta.
O C4NE diz que o período de estabilização que vinha sendo experimentado desde agosto, por causa das medidas de isolamento social, acabou quebrada por dois fatores: a reabertura das atividades econômicas nas ruas e a movimentação da campanha para as eleições municipais de novembro. "Quando houve o afrouxamentodas medidas preventivas da Covid-19, os valores de R(t) voltaram a crescer, com exceção deSergipe que teve uma redução de 62% em novembro. Todavia, no início de dezembro, períodopós-eleitoral, Sergipe apresentou o maior aumento de R(t) de todo o Nordeste, no caso, de 83%. (…) Como é evidente que o período eleitoral foi uma das causas da retomada dapandemia, neste Boletim o Comitê Científico alerta o Consórcio NE sobre o risco iminentede que, se não forem implementadas medidas restritivas durante as festividades natalinas,o número de infectados e de óbitos pode voltar a crescer de forma exponencial e fora decontrole na região Nordeste", afirma o boletim.
Vacinação – Sobre a aplicação das vacinas contra o coronavírus, que já estão sendo produzidas e submetidas à análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o C4NE sugere "que o Consórcio Nordeste atue de forma conjunta, comoum bloco coeso e com uma única voz e diretriz, em todas as discussões científicas,tratativas operacionais e na definição de uma estratégia unificada de vacinação para a região Nordeste", e que o grupo de estados "negocie com todos osfornecedores de vacinas que tenham tido sua eficácia e segurança demonstradas emestudos clínicos de fase 3, e que tenham sido aprovadas para uso, quer pela ANVISA,quer por instituições reconhecidas internacionalmente como o FDA americano e o CDC europeu".