Sábado, 12 De Outubro De 2024
       
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Candidata a vice-reitora destaca importância da UFS


Publicado em 10 de agosto de 2024
Por Jornal Do Dia Se


A professora Silvana Bretas será candidata a vice-reitora (Divulgação)

A Universidade Federal de Sergipe – UFS elege este ano, em consulta à comunidade universitária, o novo reitor e vice-reitor. A professora Silvana Bretas, docente do Departamento de Educação da UFS desde 2005 e, atualmente, diretora do CECH, será candidata a vice-reitora na chapa do professor André Maurício. Mãe de Miguel Antônio Bretas Pinheiro e casada com Hernany Donato, Bretas é cidadã Sergipana em 2018 por indicação da, então, deputada estadual Professora Ana Lúcia. Confira trechos da entrevista.
JD – Professora Silvana Bretas qual o motivo de se candidatar à vice-reitora na chapa UFS da gente?
Sinto-me honrada por ter sido convidada, mais uma vez, para compor chapa a fim de disputar a eleição para a Reitoria da UFS. Em 2019, compus chapa com a renomada professora e pesquisadora Vera Núbia, do DSS. Agora, aceitei o convite do professor André Maurício. Como mulher, mãe, cidadã e professora não sou de fugir dos desafios que a vida me coloca e, de modo geral, me empenho com muita dedicação para me elevar à altura da causa a mim atribuída. Dado o cenário atual da política nacional e as condições reais de trabalho de servidoras/es efetivas/os e terceirizadas/os; condições de convivência e de produção e distribuição do conhecimento na UFS, reconheço os esforços que precisaremos fazer para alavancar e dar respostas à altura dos desafios colocados, mas acredito firmemente na capacidade da Comunidade Acadêmica de tomar o destino de nossa Universidade pelas mãos para recuperar a sua vitalidade de debates e contribuição para a sociedade sergipana. É com grande entusiasmo e confiança que o Prof. André e eu, com o apoio imprescindível de servidoras/es e estudantes, compusemos a Chapa “UFS da gente”. Assim, unimos um grande coletivo de servidores (docentes e TAE) e estudantes que defendem a universidade pública como uma instituição capaz de oferecer à sociedade conhecimentos científicos, artísticos e culturais que possam ajudar a sociedade a se desenvolver e tomar consciência da grande potência da população sergipana.
JD –  Qual a importância da consulta à comunidade acadêmica?
A consulta cela o processo democrático conquistado após o fim do período de ditadura militar, em que a comunidade acadêmica, assim como o povo brasileiro, não tinha o direito de escolher seus mandatários aos cargos mais altos da instituição. É bom memorar que a UFS foi uma das pioneiras a efetivar a consulta á comunidade em 1984. De lá para cá, elegemos 8 reitores através desse processo organizados pelas entidades representativas, no entanto, não foi suficiente para garantir as condições políticas e legais para que o pleito se instituísse sem que tenhamos que defendê-lo a cada 4 anos. Em 2020 o Reitor atual não participou da campanha, não foi para os debates, não apresentou sua proposta de gestão e, se aproveitando da situação pandêmica, foi eleito por 37 votos do Colégio Eleitoral dentro de um universo de quase 40 mil eleitoras/es. Isso é inadmissível! Isso é um desserviço que a UFS presta à sociedade que a subsidia. É contra a democracia. Agora em 2024 temos o processo eleitoral já deflagrado em Assembleia Unificada, organizada pelas entidades representativas. Temos calendário publicado e duas chapas inscritas com apresentação de seus respectivos programas. Contudo, em nota oficial da UFS, publicada no Portal da UFS, afirmou-se que o processo eleitoral não estava instalado e o denominou de “pesquisa em andamento conduzido pelas entidades representativas”. Em minha opinião, essa postura demonstra o baixo apreço da atual reitoria pelo processo democrático e, especialmente, pela comunidade acadêmica que manifesta sua vontade de exercer o seu direito a voto.
JD –  A gente sabe que a UFS vem sofrendo cortes de orçamento. Como a senhora espera se relacionar com o Ministério da Educação para uma recomposição orçamentária?
Os cortes orçamentários vêm ocorrendo desde 2013, quando tivemos uma queda brusca no financiamento das instituições federais de educação superior – IFES, depois seguiram na mesma tendência nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro. Quando o Governo Lula assumiu seu terceiro mandato, particularmente, tinha a consciência que não retomaríamos o montante real que de que as IFES necessitam, mas guardo a certeza que, ao menos, esse é um governo de disputa do lugar da educação o orçamento público. Sabemos que não podemos ficar esperando que sejamos convidadas/os para discutir orçamento e levar as necessidades estruturais e de pessoal que a UFS precisa, mas provocar o governo para que ele nos responda com mais investimentos. Por fim, não hesitaremos em abrir diálogo com todos os parlamentares federais sergipanos para que nos ajudem levar as nossas pautas sempre que se fizerem  necessárias, pois oferta e manutenção da educação é, constitucionalmente, uma obrigação do Estado brasileiro e não de governo e, por isso, sua garantia sempre estará acima das questões ideológicas.
JD – Que iniciativas práticas você propõe para aumentar a articulação da UFS com a sociedade? A crítica histórica de que a UFS é uma instituição fechada em seus muros é pertinente?
Primeiro, eu não concordo completamente com essa crítica, pois temos vencido bastante essa barreira, o que não implica dizer não possa avançar mais! Em todo caso, eu sou amiga da crítica e do pensamento crítico, então se ela é histórica é melhor ouvi-la. Eu começaria por uma questão básica e fundamental: pela ALFABETIZAÇÃO de nossas crianças e de jovens e adultos não alfabetizados que, infelizmente, são muitos em Sergipe. Reuniria todas as potencialidades da UFS, em muitas áreas do conhecimento, para uma força tarefa para debelar o lugar vexatório que as escolas de Sergipe têm ocupado em avaliações de larga escala aplicadas pelo Inep. Faria da ALFABETIZAÇÂO um problema da Universidade Federal de Sergipe Não deixaria mais a UFS se calar diante dessa tragédia. Outra proposta que pode integrar mais a Universidade à sociedade, seria reunir as/os professoras/es das engenharias à professoras/es das Ciências Humanas e ao setor do empreendedorismo da UFS, para atuar junto à pequenas e médias indústria e propor ações que possam garantir novos postos de trabalho, organizar formas coletivas do trabalho industrial para explorar as nossas riquezas naturais sem, com isso, prejudicar a natureza. Penso que é um campo com um potencial enorme de possibilidades. A partir daí outros campos se abrem como o da arte e da cultura junto à riqueza da cultura popular que, pela natureza desses campos, falam por si mesma. Seria um polo de irradiação de arte e cultura popular para todos os cantos do Estado.
JD –  O perfil do estudante da UFS tem mudado, com a consolidação do acesso aos cotistas provenientes de escolas públicas, portadores de deficiência e afrodescendentes. Qual sua política para o sistema de cotas e para a assistência estudantil a este público?
Sim, a Universidade está mais com cara de povo brasileiro, como dizia Darcy Ribeiro. Já existe a Política de Ação Afirmativa que não significa apenas a garantia das cotas, mas ações que garantam a permanência na garantia de manutenção desses estudantes e, sobretudo, que elas/es cursam seus estudos com dignidade, sem preconceito e não sejam preteridos em razão de características que lhes singularizam. Nesse aspecto, temos um trabalho muito grande a realizar, pois precisamos fundar as bases da educação antirracistas, da educação inclusiva e da convivência da diversidade que constitui os seres humanos a partir de seu gênero, da sua orientação sexual, das capacidades cognitivas, sensoriais e físicas.
JD – As mulheres ainda são minoria em cargos de gestão dentro das universidades como um todo. O que a senhora pretende fazer para assegurar uma maior equidade de gênero dentro da Universidade?
Como eu venho do campo da educação, conheço de longe como uma mulher precisa se esforçar muito mais do que um homem para ocupar espaços de poder. Como ela precisa comprovar muito mais a sua competência para ser respeitada e, mesmo assim, há sempre a interdição da mulher por um homem, cuja voz mais grave, parece lhe dar o aval para interrompê-la e até subestimá-la. Por isso, eu tenho muito consciência e conhecimento de que há professoras e técnicas, recortada pela questão racial e de orientação sexual, absolutamente capazes para assumir os postos na alta gestão da Universidade e, certamente, traria contribuições históricas para aprofundar as relações democráticas e desenvolver os projetos que sonhamos realizar.
JD –  Caso eleita, a senhora poderia elencar as três principais questões a serem abordadas na gestão da chapa UFS da Gente, as suas três prioridades.
É muito difícil escolher só três no amplo campo de demandas existentes, mas vamos lá: Criar uma nova pró-reitoria de Ações Afirmativas; Criar canais de maior participação da comunidade acadêmica nos processos de tomada de decisão das questões; Instalar imediatamente o processo de estatuinte da UFS.
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