GILVANI SANTOS DIZ QUE COVID-19 DIFICULTA CAMPANHA ELEITORAL
Candidata do PSTU vê campanha desigual
Publicado em 10 de outubro de 2020
Por Jornal Do Dia
Nesta segunda rodada de entrevistas com candida tos à Prefeitura de Aracaju, o JORNAL DO DIA con versou com Gilvani Alves Santos. Com 54 anos de idade, a candidata é graduada em história pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e servidora da Petrobras e dirigente sindical licenciada.Pela segunda vez disputando votos nas urnas, durante as eleições de 2018 foi candidata pelo PSTU ao governo de Sergipe. Nessa conversa Gilvani Santos, que tem Waltemir Augusto como candidato a vice-prefeito, destaca que a pandemia da covid-19 dificulta a campanha eleitoral.
Candidata do PSTU diz que pandemia dificulta campanha
JORNAL DO DIA – Nessa sexta-feira (09), foi publicada a primeira pesquisa de Ibope para candidatos a prefeito de Aracaju. A senhora acredita que o ‘0 %’ registrado nessa pesquisa não corresponde com a verdade?
GILVANI SANTOS – Esta eleição tem características completamente distintas de eleições anteriores porque será atravessada por uma pandemia, que está levando a diminuição de atividades presenciais. Os candidatos dos poderosos têm milhões para gastar com carreatas. Além disso, é desproporcional o espaço de exposição que é cedido entre todos os candidatos/as. Estes elementos têm dificultado que a população tenha acesso a todas as candidaturas de forma igualitária de condições.
Alem disso, muitas pesquisas em eleições anteriores mostraram inversão de resultado "no final do jogo". Seguiremos discutindo a necessidade de Aracaju mudar suas prioridades. E seguiremos buscando ampliar o alcance destas idéias, que expressam os anseios dos mais pobres da cidade.
JD – Dos projetos e programas hoje realizados pela Prefeitura de Aracaju, qual, ou quais, você manteria se caso seja eleita?
GS – Os projetos sociais apresentados por Edvaldo seguem uma lógica que não concordamos. Em primeiro lugar sobre seus financiamentos. Em geral os valores são abaixo da necessidade, exatamente porque não está disposto a resolver os problemas, mas no máximo amenizá-los. Além disso, não há participação popular para decidir sobre as medidas que interessam a população.
As principais medidas do governo socialista serão aprovadas e legitimadas pelos conselhos populares. Estes serão espaços de poder popular, onde as pessoas em cada bairro poderão participar e decidir o que a prefeitura deve fazer no bairro. O orçamento participativo decidia apenas sobre 10% do orçamento. Mas nossos conselhos populares decidirão sobre todo orçamento e sobre todos os assuntos referente ao bairro.
JD – No quesito social, como resolver o problema crescente da falta de moradia e alimentação para a população mais humilde?
GS – A crise econômica que se aprofunda no Brasil e a falta de política que garantam salário, emprego e direitos sociais da maioria da população, estão levando a um empobrecimento dos brasileiros e dos Aracajuano/as. Estas políticas são implementadas por Bolsonaro, Belivaldo e Edvaldo para beneficiar os poderosos e ricos.
Segundo pesquisa do IBGE sobre "Análise da Segurança Alimentar", referente a 2017-2018, verificou-se que 51,7% da população (1,1 milhão) em Sergipe tinha algum tipo de insegurança alimentar no período investigado. Veja, considerando que depois deste período, a situação piorou, então temos muito mais gente com insegurança alimentar na cidade e no estado.
Sobre habitacional estima-se déficit que em Aracaju existe um de 25 mil moradias, mas avaliamos que estes dados estão subestimados. E total falta de iniciativa para um plano popular de habitação. Para impedir que nosso povo passe fome e que haja um plano de moradia popular, é preciso ação decisiva da PMA no apoio aos mais pobres
Uma Aracaju Socialista passaria por constituição de uma empresa publica de construção de civil e obras, que seria responsável de construção de moradia e pelos restaurantes populares na periferia da cidade. O custo das obras para prefeitura cairão muito, e combinado teremos um combate implacável a corrupção. Para garantir a justiça social, teremos o IPTU progressivo, em que os ricos deverão pagar mais. Os mais pobres e a classe média pagam de acordo com suas condições ou receberão isenção Mas temos claro que estas medidas passam pelo enfrentamento aos interesses dos especuladores imobiliários e demais poderosos que sempre se beneficiaram dos cofres públicos.
JD – Passageiros do transporte coletivo criticam o valor da tarifa de ônibus; por outro lado o setor empresarial diz que o preço da passagem é baixo para manter e qualificar o sistema integrado. Como resolver esse impasse?
GS – O serviço de transporte público de Aracaju, prestado pelas concessionárias privadas, é de péssima qualidade: ônibus velhos, desconfortáveis, além de um número limitado de linhas e do valor da passagem. R$ 4,00 é um roubo!
Esse preço absurdo torna Aracaju a terceira capital do Nordeste com tarifa mais cara, ficando atrás apenas de Salvador (R$ 4,20) e João Pessoa (R$ 4,15). Sem contar que o custo não corresponde à amplitude geográfica da cidade, sendo a menor de todas as capitais da região. Isso é causado pela lógica privada do serviço, que beneficia os lucros das grandes concessionárias e dos políticos e conta com a conivência dos prefeitos.
O pagamento da tarifa por esse serviço de má qualidade já compromete 17% da renda dos/as aracajuanos/as. Só um transporte e empresa publica e estatal, sob controle dos rodoviários e população usuária, pode garantir um preço de custo, serviço de qualidade e caminhar rumo à Tarifa Zero nos transportes públicos de Aracaju:
JD – A marca registrada de partidos da esquerda, a exemplo do PSTU, é a defesa dos direitos do trabalhador, promoção de concursos públicos, garantia de gestão participativa. Qual o plano de governo para o funcionalismo público?
GS – A pandemia revelou a necessidade de serviços públicos e gratuitos e de investimentos em saúde, educação, assistência social, habitação, transporte para que se tenha acesso a um serviço público de qualidade.
No entanto, a Reforma Administrativa, apresentada pelo governo de Bolsonaro, Mourão e Paulo Guedes, tem o objetivo inverso: reduzir as despesas com o funcionalismo e o papel do Estado. Isso significa o corte dos investimentos, fim da estabilidade e prejuízo aos serviços públicos de saúde, educação e assistência para quem precisa: os mais pobres.
Em situação de crise econômica, pandemia, desemprego e fome, os aracajuanos/as e brasileiros estão precisando ainda mais do serviço público, gratuito e de qualidade. A aprovação dessa reforma fragilizará os serviços públicos no Brasil e beneficiará, estritamente, os grandes empresários que lucrarão com a transformação desse serviço, hoje gratuito, em mercadoria.
Além disso, o Brasil está abaixo da média em número de servidores públicos, se comparado aos demais países. Entre os 37 países da (OCDE), , a média das porcentagens de servidores públicos em relação aos empregos totais é de 22%. No Brasil, incluindo os empregados das empresas estatais, essa média representa entre 11% e 12% do total de empregos no país.
Não há outra saída para quem quer garantir o bem estar da maioria da populacao se não for com fortalecimento todos os serviços públicos municipais. Acabando com a farra das parceiria publico privada na gestão, e destinado recurso para termos uma educação e saúde demais serviços públicos de qualidade
JD – Diante do impacto provocado pelo novo coronavírus, como promover o restabelecimento econômico e social da cidade pós-pandemia?
GS – Em primeiro lugar, o Estado brasileiro deveria garantir a vida. Porque há ameaça de uma segunda onda que não deve ser desprezada. E o município e estado poderiam ser motores da circulação de dinheiro e da movimentação da economia, se tivessem garantindo renda, e se somado para chegar ao um auxilio de 1 mil no auxilio emergencial, que devemos lutar contra a sua diminuição para 300, e contra seu fim, durante a pandemia.
Alem disso, a prioridade deve ser as pequenas e medias empresas que em Aracaju e em Sergipe, centenas vieram à falência por inatividade durante 4 meses e devido à total falta de apoio efetivo do poder público. Com isso, muitas pequenas empresas quebraram e demitiram milhares de trabalhadores. Bolsonaro, Belivaldo Chagas e Edvaldo Nogueira deram as costas para os pequenos negócios. Edvaldo não intermediou uma ampla linha de crédito e nem ao menos anistiou ou facilitou o pagamento dos impostos municipais durante este período.
Por isso, em relação aos pequenos proprietários, o governo socialista dos trabalhadores, buscará o Banese, e assegurará empréstimo a juro zero e parcelamento em longo prazo, para que possam manter seus negócios, garantir os empregos de trabalhadores e facilitar o parcelamento de dívida com o município. Serão proibidas as demissões enquanto durar a pandemia.